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O AGUARDADO GESTO DE ANTENOR E DE JEAN PAUL PARA FÁTIMA BEZERRA

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Thaisa Galvão

A política é feita de gestos, atitudes. Grandes ou pequenas. Há casos em que políticos praticam o gesto da renúncia, do sacrifício. E são nobres por isso.

Em 1986 Geraldo Melo venceu o que parecia uma eleição impossível de reversão, com João Faustino candidato ao Governo e José Agripino e Lavô candidatos ao Senado, a chapa João, Lavô e Jajá. O ‘tamborete’ ganhou com o vento forte, com uma maioria de apenas 14.071 votos, o que correspondeu 1,51% de diferença.

Em 1990, em sua sucessão, Geraldo Melo poderia deixar o Governo para concorrer ao Senado. Porém, se assim o fizesse, quem assumiria o Governo era Garibaldi Alves, pai do ex-senador Garibaldi Filho, tio de Henrique e irmão de Aluízio Alves.

O GESTO DE GERALDO MELO

MDB aposta em Geraldo Melo para compor Senado com Garibaldi

Caso assumisse o mandato com a desincompatibilização de Geraldo, Garibaldi Alves deixaria o filho inelegível. O pai de Waltinho não poderia disputar eleição naquele ano.

Diante desse quadro, Geraldo sacrificou seu futuro político e permaneceu no Governo, para possibilitar a eleição de Garibaldi Filho como senador em 1990, de onde sairia para ser governador do RN no pleito seguinte. Foi um gesto. Uma atitude. Um sacrifício.

ATUALIDADE

No quadro atual, a governadora Fátima Bezerra conta com um vice leal, sério e parceiro. Antenor Roberto foi indicado pelo PC do B para compor chapa com Fátima em 2018, quando a filha de Dona Luzia ganhou contra Carlos Eduardo e Robinson Faria, entre outros.

Durante os dois anos e meio de mandato, Fátima tem encontrado em Antenor, um vice discreto, porém presente e produtivo no que a titular da cadeira precisa. Não há gestos do vice conspirando, o que é corriqueiro por aí. Há gestos de parceria e apoio.

O SACRIFÍCIO DO VICE

Fátima precisou e vai continuar precisando de Antenor e de seu partido para tentar ser reeleita. É aí que entra o gesto da renúncia, do sacrifício, do desprendimento.

O Governo precisa atrair outros grupos, mais partidos, fortes lideranças para poder garantir a vitória. Para isso, é necessário que Fátima tenha espaço para negociar e ampliar seu palanque. O lugar do vice é uma das vagas da chapa majoritária.

Bomba: Garibaldi Filho poderá ser o vice de Fátima Bezerra - Jornal Folha  Regional

Antenor Roberto pode ter essa atitude nobre de ‘entregar’ sua vaga para que Fátima possa ampliar o leque de alianças partidárias. Há partidos fortes que podem compor com o Governo indicando o vice, como o MDB do ex-governador Garibaldi Filho, o PSDB do deputado Ezequiel Ferreira, entre outros.

Portanto, mesmo sem pedir ou insinuar, Fátima espera esse gesto de Antenor. Em contrapartida, o vice-governador poderia ser candidato à deputado Estadual com apoio da governadora e ser eleito para a Assembleia, onde pode ter atuação destacada.

O SACRIFÍCIO DO SENADOR

Jean Paul Prates e o objetivo de repetir em 2022 o que Fernando Bezerra fez  em 1998 - Blog do Barreto

Jean Paul Prates era um empresário e especialista em energias renováveis. Chegou ao Estado pelas mãos visionárias de Wilma de Faria. Não havia nem sinal ou cheiro de identificação com o PT. Pelo contrário. Ideologicamente, o carioca não comungava muito com a esquerda.

Filiou-se ao PT e, em tempo recorde, sem nenhuma atividade partidária de relevo, foi alçado à condição de suplente de Fátima Bezerra, então candidata favorita ao Senado. Com a vitória de Fátima, Jean Paul virou suplente. Com a vitória de Fátima ao Governo, Jean Paul virou Senador da República.

No exercício do mandato, Jean Paul não envergonhou o PT. Assumiu posições definidas sintonizadas com o partido e se projetou na Câmara Alta. É parceiro da governadora, mas não pode fazer muito por ser Senador de oposição. Ele ganhou quatro anos de mandato sem ter um único voto. É a hora da reciprocidade.

Novamente sem pedir, Fátima espera um gesto de renúncia e uma atitude de sacrifício de Jean Paul. A vaga de Senador é extremamente importante para atrair aliados fortes, ampliar o palanque e garantir a reeleição da irmã de Tetê.

A vaga de Senador pode ser ocupada pelo ex-prefeito de Natal, Carlos Eduardo, que figura como favorito, mas não tem sintonia com a oposição. Pode ser também ocupada pelo ex-governador Garibaldi Filho, que pode levar seu MDB para o palanque petista. Há possibilidade também de ser ocupada por Ezequiel e seu PSDB. Todos somam mais que o atual ocupante da cadeira. Jean Paul pode disputar uma cadeira de deputado Estadual ou Federal. Ou, numa eventual eleição de Lula para presidente, ser indicado pelo PT para comandar um ministério. Currículo e capacidade ele tem de sobra.

O GESTO

Portanto, Antenor Roberto e Jean Paul Prates podem fazer história com gestos de renúncia pessoal e desprendimento em nome de um projeto maior. Ou, insistir no projeto egoísta e perder estatura.

É uma questão de escolha. Uma questão de atitude. Uma questão de grandeza. De desprendimento. 


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