Um medicamento para diabetes, Mounjaro, está sendo apontado como passível de oferecer resultado comparável ao da cirurgia bariátrica. A informação é da médica endocrinologista Clara Bandeira, que apesar de destacar a potência da medicação para a perda de peso, também ressalta a necessidade de acompanhamento médico para o tratamento. A droga, que ainda não tem venda permitida no Brasil, pode ser importada por pacientes que tenham prescrição para uso.
De acordo com a Dra. Clara, o Mounjaro é utilizado em casos de diabetes tipo 2, auxiliando no controle dos níveis de açúcar no sangue, mas também tem sido indicado para emagrecimento por aumentar a sensação de saciedade, reduzindo o apetite. “Recentemente, ele também tem sido indicado para auxiliar na perda de peso em pessoas que precisam reduzir o percentual de gordura corporal e melhorar a saúde metabólica, em conjunto com dieta e exercícios”, afirmou.
“O Mounjaro tem demonstrado ajudar significativamente na perda de peso, pois age no controle da insulina, nos mecanismos de saciedade e no controle do apetite. Estudos mostraram que, dependendo da dose, o Mounjaro pode levar a uma redução de peso médio entre 15% e 22,5%.
Esse percentual é comparável aos resultados obtidos com a cirurgia bariátrica. Assim, para muitas pessoas, o Mounjaro pode ser uma alternativa potente para a redução de peso, especialmente para aqueles que não desejam ou não podem fazer uma intervenção cirúrgica”, explicou a especialista.
Mais antigo, o Ozempic também foi uma medicação muito citada pelos resultados quanto à perda de peso. No entanto, os resultados do Mounjaro têm sido apontados como ainda melhores. Segundo a Dra. Clara, isso se deve à maneira como o medicamento mais recente age. “A principal diferença entre o Mounjaro e o Ozempic está na forma como agem no corpo. O Mounjaro possui uma ação dupla, agindo em dois hormônios – GLP-1 e GIP – que ajudam a controlar o açúcar no sangue e aumentar a sensação de saciedade. Já o Ozempic, age em apenas um desses hormônios.
Essa diferença na ação faz com que o Mounjaro tenha um efeito mais potente e leve a uma perda de peso mais significativa do que o Ozempic”, disse.
Apesar dos possíveis resultados, que podem parecer tentadores para quem busca perda de peso e vê nas mídias diversos supostos casos de usos do medicamento, é preciso levar em consideração os riscos da utilização, sobretudo indiscriminada, do medicamento. Entre os efeitos colaterais mais comuns do Mounjaro estão: náuseas, vômitos e diarreia ou constipação intestinal. De acordo com a endocrinologista, o acompanhamento médico é fundamental, até mesmo para que não haja um posterior novo ganho de peso.
“O médico precisa avaliar se o paciente tem indicação ou contraindicação para o uso do Mounjaro, além de verificar possíveis interferências com outras medicações que o paciente já esteja utilizando. O profissional também define a dose adequada e monitora a resposta do organismo ao medicamento. Além disso, o acompanhamento deve incluir a orientação para modificações no estilo de vida, como reeducação alimentar e prática de exercício físico, já que o uso da medicação deve ser sempre acompanhado por essas mudanças de hábitos para resultados sustentáveis. O acompanhamento contínuo também é importante para reduzir os possíveis riscos associados ao uso do medicamento e, especialmente, para garantir que o paciente não reganhe o peso perdido quando o medicamento for retirado”, pontuou a Dra. Clara.
A médica frisa, ainda, que as contraindicações ao uso do Mounjaro são diversas, como: histórico de pancreatite, alergia aos componentes da fórmula, pessoas com histórico pessoal ou familiar de carcinoma medular de tireoide (um tipo raro de tumor maligno na tireoide), ou em pacientes com neoplasia endócrina tipo 2 (uma síndrome genética), e também em pessoas que utilizam alguns tipos de medicação que possam aumentar o risco de hipoglicemia.