
A Câmara Municipal de Natal aprovou o projeto de lei do vereador João Batista Torres (DC) que cria a Semana Municipal de Combate ao Uso de Deepfakes para Criação e Disseminação de Pornografia Infantil. A data será realizada anualmente na semana que compreender o dia 13 de julho e passa a integrar o calendário oficial da cidade, com ações educativas em escolas, cursos de capacitação, campanhas de conscientização e incentivo à denúncia desses crimes.
De acordo com o parlamentar, a proposta busca fortalecer a rede de proteção contra o uso indevido das tecnologias e garantir que Natal esteja preparada para enfrentar os desafios do mundo digital, sempre em defesa da infância. Segundo ele, a partir da aprovação da lei, seu mandato estará em atuação para levantar como funciona a disseminação destes conteúdos em Natal e trabalhar formas de combate.
“Nessa era digital a criançada na internet está propícia a ter os direitos violados. E o projeto surge com o objetivo justamente de reduzir os números da exploração destas crianças. A partir da lei, vamos fazer o levantamento, parte da minha assessoria vai trabalhar referente à isso, para que a gente possa fazer a conscientização da população. Não quero que a ideia fique obsoleta, vamos acompanhar e dar continuidade às ações”, explicou ao Diário do RN.
O texto aprovado determina que, durante a semana, o município promova atividades voltadas à prevenção e ao esclarecimento sobre os riscos relacionados ao uso de deepfakes. O termo designa uma tecnologia baseada em inteligência artificial que permite manipular imagens, áudios e vídeos de forma realista, criando conteúdos falsos que, muitas vezes, são utilizados de maneira criminosa.
Embora a ferramenta tenha aplicações em áreas como entretenimento e publicidade, o seu uso na produção de pornografia não consensual e, de forma ainda mais grave, em conteúdos envolvendo crianças e adolescentes, representa um risco crescente e preocupante.
Na justificativa apresentada, o vereador cita dados da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos que registrou mais de 78 mil denúncias de crimes sexuais contra menores em ambientes virtuais apenas no primeiro semestre de 2022, número que representa um aumento de 97,6% em comparação a 2020. Pesquisa divulgada pelo jornal G1 revelou ainda que 16% das crianças e adolescentes brasileiros já receberam conteúdo sexual não solicitado pela internet.
Para Torres, a criação da Semana Municipal é uma medida preventiva e pedagógica, capaz de articular escolas, famílias, autoridades e sociedade civil no enfrentamento dessa ameaça. Ele lembra que o Estatuto da Criança e do Adolescente assegura a proteção integral de meninos e meninas e proíbe qualquer forma de exploração ou violência, reforçando que iniciativas locais podem desempenhar papel essencial no combate aos crimes digitais.