
Atualmente, o Rio Grande do Norte enfrenta uma forte seca, que atinge cerca de 83% do território, variando de intensidade fraca a grave, de acordo com o Monitor de Secas de agosto de 2025, o que tem deixado a população em alerta em todas as regiões do Estado. Um exemplo de escassez é o Rio Pataxó, que é afluente do Rio Açu, está em condições críticas e chegou a registrar vazão zero em alguns pontos no início de setembro.
Na cidade de Jandaíra, região do Mato Grande Potiguar, a população tem enfrentado dificuldades para manter as atividades diárias, principalmente relacionadas aos trabalhos no campo. Na zona rural da cidade, a agricultora Ranicléia Bezerra relata as dificuldades para enfrentar a seca, que tem cada vez mais castigado a região.
“Aqui nós temos cisterna, só que como não está chovendo também não temos como abastecer. O que está nos salvando é o caminhão-pipa que compramos uma vez por semana. Essa água é suficiente para as atividades de casa, como lavar roupas, louça, banho, mas não temos como usar essa água para irrigar as plantações, porque se usar vai faltar para o que é essencial dentro de casa”, relatou a agricultora.
Tendo em vista a escassez e já prevendo a necessidade de medidas emergenciais, o Instituto de Gestão das Águas do Rio Grande do Norte (IGARN) publicou a Portaria nº 46/2025, no dia 24 de setembro deste ano, declarando situação de escassez hídrica no Canal do Pataxó e no trecho perenizado do Rio Pataxó, no Vale do Açu, o que tem gerado uma preocupação quanto à segurança hídrica do Estado, segundo a Portaria.
Para garantir o uso mais justo da água, a Portaria estabeleceu regras temporárias. Os agricultores que utilizam bombas na margem direita do rio só poderão funcionar às segundas, quartas e sextas-feiras. Já os da margem esquerda terão autorização para bombear às terças, quintas e sábados. Aos domingos, a irrigação está proibida, temporariamente.
Outra determinação é que os sifões ao longo do Canal do Pataxó só poderão ser usados até 11 horas por dia, entre 6h e 17h. Além disso, o uso será permitido apenas para irrigação, consumo animal e atividades domésticas. A Portaria também estabelece que fica proibido utilizar bombas ou sifões para encher açudes, lagoas ou barreiros.
De acordo com o gestor do IGARN, José Procópio de Lucena, foi aberto diálogo para que houvesse um entendimento entre governos e população quanto ao uso compartilhado da água.
“Fizemos duas reuniões com as prefeituras de Assú, Itajá e Ipanguaçu, junto com agricultores e irrigantes, para construir um acordo solidário no uso da água. Não é justo que apenas parte do canal receba água enquanto outros ficam sem. Definimos, então, um rodízio: a margem direita irriga às segundas, quartas e sextas; a margem esquerda às terças, quintas e sábados; e aos domingos não há irrigação, para que o rio se recupere”, explicou o gestor.
Como forma de monitorar a situação, o IGARN marcou uma nova reunião para o próximo 16 de outubro, quando será avaliada a efetividade dessas medidas. Caso as regras não sejam cumpridas, os infratores poderão ter suspenso o direito de usar a água até o fim do período de escassez.
NÍVEIS DOS PRINCIPAIS RESERVATÓRIOS DO RN

O mais recente levantamento do Instituto de Gestão das Águas do Rio Grande do Norte (IGARN), divulgado em 29 de setembro, mostra que os principais reservatórios do estado seguem em diferentes situações de armazenamento, alguns em condições críticas e outros com volume mais confortável.
A barragem Armando Ribeiro Gonçalves, localizada entre os municípios de Assú e Itajá, na região do Vale do Açu, considerado maior reservatório do RN, acumula atualmente 1,25 bilhão de m³, o que representa 52,82% da sua capacidade total, de 2,37 bilhões de m³, status que requer atenção.
No município de Jucurutu, a barragem de Oiticica preocupa, pois está com apenas 107,4 milhões de m³, correspondente a 14,63% da capacidade total.
Situação ainda mais crítica é registrada no açude Itans, em Caicó, que praticamente secou, visto que dos mais de 75 milhões de m³ de capacidade, restam somente 88 mil m³, ou 0,12%.
Ainda de acordo com o relatório, o açude Pataxó apresenta 27,67% de armazenamento, com 4.1 milhões de m³ acumulados, enquanto o Marechal Dutra, mais conhecida como Açude Gargalheiras, em Acari, apresenta a situação mais confortável, com 57,04% da capacidade, o equivalente a 25.3 milhões de m³.
PANORAMA GERAL DOS RESERVATÓRIOS DO RN
Em resumo, o relatório do IGARN mostra que os 68 reservatórios do Estado apresentam cenários distintos em relação ao volume de água armazenada.
Atualmente, 5 reservatórios estão com volumes acima de 80% da capacidade, enquanto 7 apresentam armazenamento entre 60% e 80%.
Outros 10 reservatórios estão em situação intermediária, com volumes entre 40% e 60%.
A maior concentração está na faixa de 20% a 40% da capacidade, que reúne 23 reservatórios. Já em estado mais crítico, com menos de 20% do volume acumulado, estão 23 reservatórios em todo o estado.