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MONITORAMENTO APONTA QUASE 4 MIL CASOS DE ESPOROTRICOSE NO RN

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De acordo com monitoramento realizado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), desde 2016, o Estado já acumula quase 4 mil casos de esporotricose, infecção causada por fungos do gênero Sporothrix, que pode afetar humanos e animais, especialmente gatos. A transmissão ocorre principalmente pelo contato com o fungo presente no solo e na vegetação ou por meio de animais infectados, através de arranhões, mordidas ou contato direto com as lesões.

O levantamento aponta que, dos casos notificados, mais de 3 mil foram registrados em animais e quase 900 em humanos, sendo a maior parte em mulheres com idade entre 35 e 65 anos, possivelmente cuidadoras de animais infectados e residentes na capital potiguar, sobretudo nas zonas norte e oeste.

Diante dos números, a Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap/RN) faz um alerta e reforça que os dados se referem ao acumulado desde o início da série histórica, há quase anos. Segundo a Sucoordenadora de Vigilância Epidemiológica da Sesap, Cíntia Higashi, apesar dos registros, a situação está sob controle, mas é necessário que potiguares mantenham a atenção diante do surgimento de novos casos.

“É importante que a população entenda que esses números não são apenas relativos a 2025, mas ao acumulado desde 2016, quando os estudos começaram a ser realizados. Porém, é importante que a população redobre os cuidados diante do surgimento de novos casos no Estado, principalmente aqui na capital”, alerta.

SINAIS E SINTOMAS
De acordo com a médica veterinária Fabiana Fernandes, os sinais mais comuns da esporotricose são lesões na pele que se espalham pelo sistema linfático, formando nódulos e feridas tanto em animais quanto em humanos. Após o contágio, os sintomas podem incluir febre, dor nas articulações, inchaço, vermelhidão no local da lesão e aumento dos gânglios linfáticos. Em casos mais graves, a infecção pode atingir os pulmões, causando tosse, falta de ar e dor ao respirar, ou ainda afetar ossos e articulações, provocando inchaço e dor.

“Como é uma doença que dá sinais visíveis, é importante que, ao perceber qualquer um desses sinais e sintomas, o animal seja imediatamente isolado do convívio doméstico e encaminhado para atendimento veterinário. No caso dos humanos que tiveram contato com animais infectados, o ideal é procurar atendimento médico para as devidas orientações e tratamentos, se necessário”, orienta a veterinária.

A Subcoordenadora da Sesap/RN, Cíntia Higashi, também destacou a ausência de políticas públicas voltadas ao controle de doenças em animais, especialmente os de rua, e a necessidade de ações integradas para o enfrentamento da esporotricose.

“Ainda não temos, nem no Rio Grande do Norte nem no Brasil, políticas públicas de fato relacionadas à assistência a esses animais. Está em fase de construção no país, junto ao Ministério do Meio Ambiente, algumas políticas que começam a ser implementadas. Aqui no Estado, há alguns meses, temos trabalhado com representantes da sociedade civil, organizações não governamentais e outros órgãos do governo na construção de uma proposta de política pública voltada aos animais. Acreditamos que, a médio e longo prazo, poderemos ter um controle mais efetivo da doença a partir dessas iniciativas”, explicou.

PIONEIRISMO EM PARNAMIRIM
Embora ainda não haja uma política estadual voltada aos animais de rua, o município de Parnamirim se tornou pioneiro no Estado ao oferecer tratamento médico-veterinário gratuito para gatos com esporotricose. A iniciativa integra o Programa Protege Pet, viabilizado por emenda impositiva do vereador Michael Borges (PP), que destinou recursos do orçamento municipal para fortalecer as políticas de proteção e bem-estar animal. Neste primeiro momento, os atendimentos contemplam o tratamento da esporotricose, mas a emenda também prevê o atendimento de cães.

Segundo o vereador, o momento representa um avanço histórico para a causa animal em Parnamirim. “Fizemos um levantamento de quantas pessoas nos procuraram pedindo ajuda para o tratamento dessas doenças, porque muitas vezes não conseguem dar continuidade por falta de recursos. Então, esse projeto será um grande marco na causa animal, onde destinamos recursos à Prefeitura para esse fim. Só neste ano já foram aplicados R$ 100 mil no tratamento da esporotricose e da leishmaniose ”, disse.

Os recursos fazem parte da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2025, da Prefeitura de Parnamirim.

“Quando assumi a Prefeitura, o vereador Michael me disse que estaria ao lado da gestão para que eu nunca esquecesse da causa animal. Agradecemos pelas emendas destinadas, pois sabemos o quanto esses recursos fortalecem a concretização de um sonho que hoje se torna realidade”, afirmou a prefeita de Parnamirim, Nilda Cruz.

Com o novo programa, uma média de 120 gatos será atendida por mês, de terça a quinta-feira, mediante agendamento prévio via WhatsApp pelo número (84) 3644-8185. Serão disponibilizadas dez fichas por dia, garantindo atendimento contínuo e gratuito para tutores e protetores que enfrentam dificuldades em custear o tratamento.


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