
Nesta quinta-feira (13), às 16h30, a Livraria Manimbu Arte e Cultura, em Petrópolis, zona leste de Natal, será palco do lançamento da segunda edição do livro “Cultura de Massa em Processo”, do jornalista e escritor Alexis Gurgel. O evento também inaugura as atividades do projeto “Gaveta Aberta”, iniciativa contemplada no Edital de Apoio à Economia Criativa do Sebrae/RN (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Rio Grande do Norte), que tem como propósito resgatar, valorizar e republicar obras literárias potiguares fora do mercado editorial tradicional, fortalecendo a memória e a produção cultural do Estado.
Em Cultura de Massa em Processo, ensaio escrito, reunindo textos já publicados pouco antes de sua morte, Alexis revela um pensamento à frente de seu tempo. Observa com lucidez o avanço da comunicação, a força dos meios de massa e o que chamava de “a industrialização do espírito”.
Visionário, antecipou questões que hoje moldam a sociedade da informação e o próprio fazer jornalístico. Publicada pela primeira vez em 1986, a obra retorna agora como testemunho da sensibilidade e da inteligência crítica de um autor que deixou uma marca profunda na cultura potiguar.
De acordo com Helena Gurgel, idealizadora do Gaveta Aberta, mais do que um relançamento, o encontro será uma celebração da cultura e da vanguarda potiguar, reunindo nomes fundamentais da cena artística e intelectual. Com entrada gratuita, o evento é aberto à comunidade e voltado especialmente para estudantes, pesquisadores, bibliotecas comunitárias, feiras literárias e o público interessado em literatura, arte e memória cultural.
Helena Gurgel também explica que a proposta do Gaveta Aberta surgiu do desejo de resgatar obras potiguares esquecidas, principalmente aquelas que não possuem mais exemplares disponíveis para venda, e recolocá-las em circulação. Para ela, o relançamento de Cultura de Massa em Processo simboliza o início de uma jornada de valorização da memória literária do Estado.
“Este é apenas o primeiro lançamento do projeto, uma homenagem ao saudoso jornalista Alexis Gurgel, que nos anos 1970 foi um dos nomes mais inquietos do jornalismo e da experimentação estética em Natal”, destaca.
A programação também inclui a exposição do artista visual Falves Silva, cofundador do movimento Poema/Processo, e a roda de conversa Memória em Processo, com a participação de Rejane Cardoso, Rita Machado, Falves Silva e Vicente Serejo. O debate propõe revisitar temas como o Poema/Processo, a comunicação, a literatura e a experimentação estética, ressaltando o legado de Alexis Gurgel e o contexto cultural efervescente dos anos 1970 em Natal.
VIDA E OBRA
Alexis Gurgel nasceu em Caraúbas, em 1945, e viveu intensamente cada linha que escreveu, fosse na editoria policial ou nos debates culturais que movimentavam Natal. Da redação do Diário de Natal às rodas de poesia concreta e poema/processo, Alexis fez da palavra um território de experimentação e de liberdade. O jornalista morreu no ano de 1979, na capital potiguar.
Além de Cultura de Massa em Processo, Alexis também é autor de “Alcateia de Letras – Proseando com a Literatura Potiguar”, lançado em 2021, com prefácio da poeta Maria Maria Gomes, obra que valoriza o material humano e cultural do Rio Grande do Norte.
Entre homenagens à sua trajetória, destaca-se a Rua Jornalista Alexis Gurgel, no bairro de Capim Macio, em Natal. Também cabe mencionar o projeto “Entre matrizes, cordéis, xilos e gravuras”, do pesquisador Alexandre Gurgel, que reúne expressões artísticas nordestinas em diálogo com o universo cultural explorado pelo autor homenageado.