
A aguardada reunião entre a governadora Fátima Bezerra (PT) e o vice-governador Walter Alves (MDB), prevista inicialmente para o último sábado, segue sem data definida. A expectativa nos bastidores era de que o encontro ocorresse nesta terça-feira (2), mas uma fonte do Diário do RN próxima ao PT afirmou que não há reunião marcada e que cabe ao próprio vice solicitar o agendamento.
Nesta segunda-feira (01), Fátima cumpre agenda em Teresina, onde participa de reunião do Consórcio Nordeste, e só retorna ao Rio Grande do Norte nesta terça-feira (02). A governadora tem compromissos já confirmados para os próximos dias: viagem a Macau na quarta-feira e recepção ao ministro Ricardo Lewandowski na próxima quinta-feira (04).
Ainda assim, segundo a informação, a conversa com Walter é considerada prioridade, dependendo apenas da iniciativa dele em marcar. Há o interesse da governadora em priorizar a conversa.
Para o Governo, a pauta da reunião é administrativa, o que pode incluir a indicação do MDB na pasta da Administração, cujo vácuo da saída de Pedro Lopes ainda não foi fechado, mas um dos principais pontos será a preocupação do vice-governador em assumir o comando do Estado em abril. Fátima Bezerra deve deixar o cargo para disputar uma vaga no Senado Federal, e Walter seria o sucessor natural.
Nos bastidores, porém, a possibilidade de ele assumir o governo está em reavaliação. Em conversas recentes com interlocutores próximos e com uma fonte que conversou com o Diário do RN, Walter não descartou a posse, mas indicou que segue analisando a delicada situação fiscal do Estado, considerada o fator decisivo.
A avaliação de Walter leva em conta a responsabilidade de cumprir acordos financeiros, especialmente o pagamento da folha salarial. Segundo aliados, o vice teme um fracasso administrativo e, assim, comprometer sua reputação política e a trajetória familiar no Estado.
Ele e o presidente da Assembleia Legislativa, Ezequiel Ferreira (PSDB), reafirmaram no fim de semana sua parceria em uma publicação nas redes sociais. A mensagem destacou que ambos “continuam unidos” e comprometidos com o projeto para 2026, reforçando o alinhamento que pretendem levar para a mesma legenda no próximo ciclo eleitoral.
O pré-candidato do PT ao governo, Cadu Xavier, também demonstrou preocupação com a indefinição do vice. Os dois tiveram um encontro rápido, segundo o comentarista Saulo Spinelli, no qual Cadu ouviu que a avaliação continua em curso. No partido, a leitura é de que a decisão de Walter é central para o tabuleiro eleitoral que o PT precisa organizar já nos próximos meses.
Caso Walter opte por não assumir, abre-se um cenário complexo. Pela linha sucessória, sem ele e sem Ezequiel, o presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Ibanez Monteiro, assumiria o governo e teria 30 dias para convocar eleição indireta na Assembleia Legislativa.
Esse cenário, no entanto, é visto como politicamente indesejado pelo PT. Diante dessa possibilidade, fontes da governadoria afirmam que Fátima Bezerra poderia recuar da renúncia, permanecer no cargo até dezembro e, nesse caso, não disputaria o Senado.
Com Fátima fora da disputa, o PT já discute internamente um novo nome. A favorita seria a deputada federal Natália Bonavides (PT), que poderia assumir a candidatura ao Senado em 2026.
Apesar da movimentação intensa nos bastidores, nem o governo nem o vice se manifestaram oficialmente sobre a indefinição.
O Diário do RN buscou contato com o vice-governador, com o secretário da Fazenda do RN, Cadu Xavier (PT) e com fontes do Governo, mas não obteve retorno sobre o assunto.