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“ISSO FOI A CODEVASF, ELES JÁ CHEGARAM E FIZERAM O ASFALTO”, GARANTE PREFEITO

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“O município não recebeu dinheiro, não licitou e nem sabe qual é a empresa que fez o serviço”. A fala do prefeito de Brejinho, Jeferson Gomes (MDB), ao Diário do RN, marca o ponto mais inconclusivo entre os gestores dos municípios potiguares que aparecem na investigação da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU) sobre o suposto desvio de emendas parlamentares de 2022 e 2023. A operação apura obras de pavimentação que teriam sido fraudadas ou sequer executadas com os recursos enviados via DNOCS e executados pela Codevasf.

Em Brejinho, a camada de asfalto é tão fina que foi comparada, em laudo da PF, à espessura de uma caneta Bic e já apresenta desgaste completo. Em Alexandria, trechos continuam sem qualquer obra. Em Serrinha dos Pintos, a documentação aponta que ruas seguem apenas com piçarra ou areia. Das verbas liberadas, R$ 11 milhões teriam sido superfaturados, resultando em prejuízo estimado de R$ 22 milhões.

O prefeito de Brejinho, Jeferson Gomes, afirmou que a pavimentação de 2022 e 2023 não passou pela prefeitura em nenhuma etapa, nem financeira, nem administrativa. Ele insiste que tudo foi conduzido exclusivamente pela Codevasf.

“A empresa chegou, perguntou qual era a rua. O antigo gestor disse qual era a rua, eles já chegaram e fizeram o asfalto. A gente não sabe nem qual é a empresa, que fez Serrinha, Santo Antônio, Brejinho e Passagem de Pedras”, disse, em conversa com a reportagem.

Segundo o gestor, a prefeitura não tem contratos, notas, ordens de serviço ou qualquer documentação: “Não tem documento nenhum. A prefeitura não recebeu nada, tirando o asfalto que chegou no dia que chegou”.

Sobre a origem das emendas, o prefeito afirma que sequer foi informado. “A gente não sabe qual é a emenda. Só chegou o pessoal da Codevasf e disseram onde era a rua para fazer o serviço”. As obras, segundo ele, foram realizadas na Rua do Cemitério, sem nome, e na Rua José Batista, apontadas no relatório pericial como tendo recebido uma camada de asfalto consideravelmente inferior ao padrão mínimo exigido.

Já em Alexandria, o prefeito Raimundo Ferreira, Raimundinho (PSD), também afirmou desconhecer qualquer obra de pavimentação ligada às emendas investigadas. Raimundinho declarou que não houve pavimentação no período citado e que não localizou obra correspondente.

“Eu não sei explicar, porque esse de 2020 eu não era prefeito. Eu sei que asfalto em Alexandria não tem. Só tem agora porque fui eu que fiz, já em 2025, com uma emenda de Rogério Marinho e outra de Robinson Faria, de mais ou menos 900 mil reais”, afirmou.

A investigação da PF aponta que as ruas previstas para receber asfalto nos anos anteriores seguem em terra, sem vestígio de execução.

A prefeita Rosânia (União Brasil) foi a única que não respondeu às perguntas específicas enviadas pelo Diário do RN sobre as obras investigadas. Em vez disso, enviou fotos de ruas asfaltadas e sustentou que as informações divulgadas por outros veículos seriam equivocadas.

Ela afirma que a prefeitura recebeu a emenda, realizou licitação e executou a obra com fiscalização da Caixa Econômica Federal: “O município recebeu sim emenda, licitou e realizou a obra, que foi fiscalizada e acompanhada pelos engenheiros da Caixa. Todas as informações estão no Portal da Transparência. Existe um grande equívoco nessa matéria e logo logo tudo ficará esclarecido”, garantiu sem explicar, porém, qual o equívoco, quais os valores das emendas e os autores do envio dos recursos.

A PF, porém, indica que as ruas apontadas para pavimentação apresentam apenas piçarra ou areia, sem asfalto compatível com os recursos destinados.

A operação Fake Road apura a aplicação de recursos federais destinados à pavimentação em municípios do Nordeste. No Rio Grande do Norte, Brejinho, Alexandria e Serrinha dos Pintos são os três casos em destaque, apresentando desde obras inexistentes até pavimentação entregue com espessura muito abaixo da especificada.


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