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ABRAÃO LINCOLN E GABRIEL NEGREIROS: NOVA QUEBRA DE SIGILOS PODE ABALAR O RN

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A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura o chamado “Rombo dos Aposentados” vota nesta quinta-feira (13) dois requerimentos de quebra de sigilo que podem desencadear novas revelações sobre o esquema de desvio de recursos do INSS e abalar o cenário político do Rio Grande do Norte.

Os pedidos têm como alvo Paulo Gabriel Negreiros de Almeida, tesoureiro da Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura (CBPA), apontado como homem de confiança do presidente da entidade, Abraão Lincoln, e suspeito de operar financeiramente o esquema de descontos indevidos sobre benefícios de aposentados e pensionistas.

O Requerimento nº 2.537/2025, apresentado pelo senador Styvenson Valentim (PSDB-RN), solicita a quebra dos sigilos telefônico e telemático de Paulo Gabriel Negreiros, com acesso a dados de comunicações, registros e conteúdos em plataformas como WhatsApp, Facebook, Instagram, Google e Apple iCloud. O objetivo é rastrear contatos, interações e eventuais comunicações relacionadas à movimentação de valores e à atuação da CBPA no período de 1º de janeiro de 2020 a 10 de novembro de 2025.

Já o Requerimento nº 2.493/2025, de autoria do deputado Alfredo Gaspar (União Brasil-AL), complementa as investigações ao pedir a quebra dos sigilos fiscal e bancário do mesmo investigado. A medida busca detalhar as movimentações financeiras, contas, declarações de imposto de renda e registros de operações ligadas aos repasses da CBPA e convênios firmados com o INSS.

De acordo com informações da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU), a confederação foi criada em 2020, mas permaneceu praticamente inativa por dois anos. Em 2023, entretanto, registrou um crescimento súbito de filiados e receitas, sem estrutura física ou administrativa compatível com o volume de recursos movimentados.

Nesse período, Paulo Gabriel Negreiros teria atuado diretamente na gestão das contas bancárias da CBPA, sendo apontado como responsável por intermediar operações financeiras suspeitas.

Investigadores afirmam que parte dos recursos desviados pode ter sido destinada a políticos e aliados ligados à cúpula da confederação, o que aumenta o potencial impacto das quebras de sigilo sobre o Rio Grande do Norte.

“Trata-se de um passo decisivo para desvendar a trilha do dinheiro e identificar quem se beneficiou com o rombo nos recursos dos aposentados”, afirmou Styvenson Valentim na justificativa do requerimento.

A votação dos dois pedidos foi incluída na pauta da sessão desta quinta-feira (13) da CPMI, que será realizada em Brasília, com transmissão pelos canais institucionais do Congresso Nacional.

A expectativa é de que, se aprovadas, as medidas possam abrir um novo capítulo nas investigações e expor o caminho do dinheiro desviado, trazendo à tona ligações políticas e empresariais até então desconhecidas.

Prisão de Abraão Lincoln
O presidente da Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura (CBPA), Abraão Lincoln Ferreira da Cruz, foi detido em flagrante na madrugada do último 4 de novembro, por ordem da CPMI do INSS, mas foi liberado horas depois após pagar fiança.

A ordem de prisão foi determinada pelo presidente da comissão, senador Carlos Viana (Podemos-MG), sob a acusação de falso testemunho durante a sessão que discutia supostas fraudes cometidas por entidades que descontam mensalidades diretamente de benefícios previdenciários.

Abraão Lincoln, que obteve habeas corpus preventivo do ministro Alexandre de Moraes (STF) para permanecer em silêncio sobre fatos que pudessem incriminá-lo, foi confrontado com uma série de questionamentos sobre sua trajetória política e jurídica. Gaspar fez um apanhado da vida do presidente da CBPA.

Entre as contradições apontadas, o relator destacou que Abraão Lincoln omitiu sua relação pessoal com o tesoureiro da CBPA, Gabriel Negreiros, afirmando inicialmente que o vínculo era apenas “institucional”.

No mês de maio, reportagem do Diário do RN, trouxe informações sobre a ligação entre Lincoln e Negreiros, apontado como braço direito do presidente da Confederação. Os dois são investigados pela Polícia Federal sobre as fraudes no INSS.

As perguntas diretas e incisivas deixaram o potiguar visivelmente acuado. Alfredo Gaspar também destacou o principal ponto da investigação atual: o número alarmante de mortos incluídos nas listas de descontos associativos vinculados à CBPA. “Há cerca de 40 mil mortos incluídos como filiados ativos”, frisou o relator, observando que esse número é recordista entre as entidades investigadas.


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