O espetáculo “O menino que desaprendeu a dançar” tem como mote central a masculinidade na infância e adolescência, gira em torno do que é imposto aos meninos, que comportamentos eles são condicionados a ter e até onde a sua natureza é afetada a partir disso. A obra também busca muitas referências do mundo pop nas décadas de 90/2000 período vivenciado por Álvaro Dantas – diretor, coreógrafo e intérprete – quando faziam sucesso É o Tchan, Claudinho Buchecha, Rouge, Broz, Sandy e Júnior: “Sandy e Júnior eu sou super fã até hoje”, contou Álvaro em entrevista ao Diário do RN.
O desejo de abordar o tema era antigo. A coragem e inspiração vieram após ler “O menino que desaprendeu a chorar”, de Aureliano Medeiros. O texto foi inspiração uma vez que, conta Álvaro, “assim como no livro o menino guardou suas lágrimas, outros meninos guardam suas danças, cantos e outras expressões em torno de sua liberdade”.
A dança entrou na vida do artista potiguar ainda na infância. “Sempre fui muito apaixonado pela música e geralmente ligado à música e dança. Quando eu fui crescendo, essa dança que eu fazia começou a ser podada também. Chegou um período que começaram a dizer que não era coisa de menino. E aí, eu comecei a me questionar mesmo sobre todas essas coisas, por isso o espetáculo”.
Álvaro lembra que, ainda naquela época, começou a participar do Ministério de Dança da igreja e de lá encontrou escolas de dança, começou a fazer balé e iniciou uma trajetória mais profissional: “Entrei no grupo da UFRN, depois entrei no Gira Dança. No Gira Dança eu atuo há 18 anos”.
Desde 2007, Álvaro Dantas acumula vivências artísticas em diversas linguagens das artes cênicas como espetáculos, workshops e oficinas, iniciando assim sua formação profissional. Integrou a Cia. de Dança da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte) e atualmente é bailarino criador e diretor artístico da Companhia Giradança, onde atua há 18 anos.
“O menino que desaprendeu a dançar” teve pré-estreia online em 2020 através de recursos da Lei Aldir Blanc. Nesta temporada, a produção já foi exibida em Caicó e Martins, agora chega a Natal com apresentação marcada para esta sexta-feira (29), às 20h, no Espaço Gira Dança. A entrada é gratuita mediante lotação.
A circulação do espetáculo integra o projeto “Roda Menino – Ações para o menino dançar” e tem como foco alunos da rede pública de ensino. Para esse público, a exibição do espetáculo, inclui bate-papos e ações formativas, com a distribuição de publicações impressas para os participantes. O acesso às atividades é totalmente gratuito, proporcionando uma oportunidade de reflexão e aprendizado sobre a infância e adolescência, a expressividade e as questões relacionadas à formação dos meninos na sociedade.
Álvaro conta que a circulação do espetáculo representa um marco em sua trajetória artística. “Estou muito feliz por essa circulação estar chegando aos interiores do nosso estado, em cidades com as quais já tenho uma relação afetiva, construídas a partir de outros trabalhos que realizei nessas localidades. Tem sido um reencontro muito especial com as pessoas desses lugares”, comenta.