No Rio Grande do Norte, o PT elegeu em 2024 sete prefeitos, 13 vice-prefeitos e 62 vereadores e vereadoras. Apesar destes números estarem aquém de outros partidos – como o MDB – a sigla considera que os resultados foram muito positivos. Os dirigentes do partido avaliaram, logo após o pleito, que a participação do PT foi ativa em mais de 120 municípios, através das alianças com partidos da base de sustentação do governo de Fátima Bezerra. São estas alianças que devem justificar a formação da chapa governista ao Executivo Estadual em 2026, ao colocar o nome do atual vice-governador, Walter Alves (MDB), como provável candidato à sucessão de Fátima. Em 2024, o PT firmou aliança com os partidos MDB, PSB e PDT, além dos integrantes da Federação Brasil da Esperança, que inclui PV e PCdoB.
A chapa majoritária deverá ser formada por Walter Alves (MDB) ao Governo do RN, e Fátima Bezerra (PT) e Zenaide Maia (PSD) ao Senado. Para que o cenário seja viabilizado, a gestora estadual precisa renunciar até o prazo eleitoral de abril de 2026, se tornando apta a disputar o Senado. Ela abre, assim, espaço para que o vice-governador assuma o posto de governador e seja candidato natural à reeleição. Apesar de não falar do assunto, Walter vem recebendo sistemáticos elogios de lideranças políticas do PT.
Quando esteve em Natal para a campanha de Natália Bonavides (PT) à Prefeitura da capital, o presidente Lula falou sobre o vice-governador. “O Garibaldi sabe que ele já plantou um fruto e uma boa árvore produz bom fruto. E o filho dele é vice-governador e eu tenho certeza que vai seguir a mesma carreira vitoriosa do pai”, disse o presidente da República. No mesmo evento, ministros de Estado comentaram sobre as participações de Walter em reuniões e tratativas do Rio Grande do Norte junto ao Governo Federal.
A deputada estadual Divaneide Basílio, presidente municipal do PT de Natal, em entrevista no Programa 12 em Ponto, na 98 FM, disse que Walter “é um importante aliado” e tem feito “uma importante parceria” com a governadora.
Já a parceria eleitoral passa pelo campo nacional, assim como aconteceu em 2022. A indicação de Walter à vice veio de articulações do PT e do MDB nacional, partido com capilaridade para a disputa contra o bolsonarismo, e excluiu o aliado Antenor Roberto (PCdoB) dos planos do PT local. Mesmo que alguns petistas tradicionais defendam que a governadora siga com o mandato até o final e não abra caminho para “um Alves”, a parceria já existe, e engloba, também, a postulação de Fátima ao Senado como parte do projeto do PT nacional, mesmo que não seja a vontade de Fátima.
O planejamento inclui o apoio do PT à candidatura de Walter ao Governo e do MDB de Walter à candidatura de Fátima ao Senado, com seus 45 prefeitos e 30 vice-prefeitos eleitos nas últimas eleições. Nas contas da legenda da governadora, entram, ainda, a indicação de um nome do PT à vice-governador. Passados os quatro anos na gestão, caso eleito, Walter não poderá ser candidato à reeleição em 2030, já que disputará nesta condição em 2026. Se quiser, lá na frente, ser candidato a algum outro cargo, terá que renunciar e abrir espaço para o vice indicado pelo PT.
Para completar a chapa majoritária, figura a senadora Zenaide Maia (PSD) como a candidata à reeleição ao lado de Fátima e Walter. Apesar de ter concorrido contra o PT na capital, com a candidatura de Carlos Eduardo (PSD), e em São Gonçalo do Amarante, reduto eleitoral do casal Zenaide e Jaime Calado, tanto o PT, quanto Zenaide trabalham com esta possibilidade. As arestas geradas na eleição municipal na Grande Natal entre PT e o grupo de Zenaide, não interferem na relação nacional do partido do presidente da República com o PSD. Zenaide continua vice-líder do Governo na Casa Legislativa Federal.
Natália Bonavides
Apesar do contexto atual apontar para este caminho, há interlocutores do PT que alertam para o fato de Walter Alves não ter ainda falado sobre o assunto. Não disse nem que sim, nem que não.
Em caso de Walter não aceitar seguir os passos do pai, como apontou o presidente Lula, o PT teria que considerar buscar um nome para apoiar à sucessão de Fátima Bezerra (PT). Natália Bonavides (PT), no entanto, não teria colocado seu nome à discussão. De acordo com as informações até aqui, ela é candidata à reeleição à Câmara Federal.
O nome de Natália é lembrado pelos petistas após o resultado da eleição em Natal. No primeiro turno Natália obteve 110.483 (28,45%) dos votos, o levou o PT ao 2º turno na capital potiguar após 28 anos. No 2º turno, Natália obteve 179.714 (44,66%) votos. Ficou atrás do candidato Paulinho Freire (UB), também deputado federal, que alcançou 222.661 (55,34%) dos votos.
Entretanto, a presidente do PT, Divaneide Basílio, lembra que “ela mesma sinalizou que não está disponibilizando o nome dela para governadora, está disponibilizando para a reeleição à deputada. Se houver qualquer mudança nesse sentido nós estaremos conversando”, declarou.