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PRESIDENTE DO SINDICATO DOS MÉDICOS DENUNCIA CRISE NA SAÚDE E COBRA PROVIDÊNCIAS DO GOVERNO

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O Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Norte (Sinmed) convocou a imprensa para uma coletiva nesta quarta-feira (27) com o objetivo principal de denunciar o caos na saúde do Rio Grande do Norte. “É até um pedido de desculpa à população”, disse Geraldo Ferreira, presidente do Sindicato. Um pouco mais tarde, no Jornal das Seis, na 98 FM, o médico abordou a precarização a partir da proporção de terceirização nos Estados e Municípios, com mais de 3.000 trabalhadores terceirizados no Rio Grande do Norte e municípios, de um universo de 6.500 a 8.000 profissionais. Ele denuncia um “caminho suspeito” pelo qual as terceirizações são firmadas. Segundo ele, o intuito é “fugir da relação trabalhista”.

“O problema é que as terceirizações hoje estão sendo feitas num caminho altamente suspeito. São empresas que se chamam de participação societária. O profissional não é empregado, ele é sócio da empresa, então ele recebe participação nos lucros. Isso aí do nosso ponto de vista, jurídico, é fraude tributária, fiscal e trabalhista. Nós já denunciamos à Receita, já denunciamos ao Ministério Público, agora não é fácil, porque todos esses setores entendem que o médico é hiper suficiente e se ele está lá é porque quer. Na verdade, não é porque quer, porque hoje tem uma multidão de médicos que saem das faculdades e precisam sobreviver”, afirma Geraldo.

Na semana em que estouraram duas paralisações de médicos em dois hospitais de Mossoró e se acentuou debate entre Estado e Municípios da Grande Natal sobre dificuldade do Hospital Regional Walfredo Gurgel, o presidente da entidade ressalta que a crise é uma realidade com a qual os profissionais vêm convivendo há alguns anos.

“Raparam o tacho todo, já não tem recurso. Então, ou aparecem recursos extras, ou então realmente a situação descamba. Eu, por coincidência, estou escrevendo um livro sobre as lutas trabalhistas, desde 88. E esse retrato é recorrente. A gente vê a administração de Rosalba, por exemplo, era gente desfilando na rua com um caixão de defunto fazendo enterro de governadora.

E era uma médica que nós ajudamos a eleger, a classe médica ajudou a eleger. Isso, então, é costumeiro, é crônico, agora, que se agudizou agora, sem dúvida”, esclarece.

O médico avalia que a crise aumentou por uma série de razões, que incluem o crescimento da população e a falta de renovação da rede. Sobre a gravidade do colapso no Hospital Walfredo Gurgel, Geraldo Ferreira alerta para a possibilidade de piora na situação, principalmente nas escalas de anestesistas e cirurgia geral.

“Se não tiver um freio ou se a governadora não puxar a responsabilidade e chamar outras vozes para ser resolvida, vai piorar, porque eles estão querendo mudar as escalas de anestesia e da cirurgia geral”, alerta.

“Existe uma escala de anestesista que põe um determinado número de plantões e os outros são para acompanhamento de pós-operatório ou avaliação de doentes no pós-operatório, querem acabar com essa escala e transformar todo mundo só no plantão. Ou seja, não haverá mais compromisso com o paciente. Será alguém que está ali, passa lá no leito, faz uma medicação, mas não há um acompanhante, um médico responsável pelo paciente. Isso é péssimo, vai piorar a qualidade e provavelmente vai aumentar o índice de complicações”, destaca o presidente do Sinmed.

A solução, de acordo com ele, é utilizar a rede privada para desafogar a fila de cirurgias do maior hospital do RN. “Desafogaria de imediato o Walfredo Gurgel. Bastava tirar essas 150 cirurgias por mês que hoje são feitas dentro do Walfredo. Desocupava as duas salas de cirurgia e desafogava esses pacientes para rede privada auxiliar. O governo não faz, não sei se é pelos atrasos, falta de recursos, tudo”, levanta.

O médico cobra, ainda, que o Governo do Estado busque do Governo Federal recursos para viabilizar a saúde: “Eu tenho a impressão, posso estar equivocado, de que o Governo Estadual tem poupado muito o Governo Federal. Porque quem tem dinheiro é o Governo Federal. Então, cabe à secretária de saúde buscar os caminhos dentro do Ministério da Saúde para arrancar a verba”, finaliza Geraldo Ferreira.


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