
A professora Mariana Almeida, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), será uma das representantes do estado na COP 30, a conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, que está acontecendo em Belém (PA). Ela leva na bagagem uma trajetória marcada pela inovação e pela crença na educação como caminho para enfrentar a crise climática.
“Sou movida pela inovação e seu poder de transformação, concomitante com a responsabilidade de transformar evidências científicas em ação educacional concreta”, conta Mariana. À frente de iniciativas como o Meninas no Espaço, presente em 19 estados brasileiros, a professora vê na COP 30 uma oportunidade de apresentar resultados, fortalecer redes e ampliar políticas de educação climática baseadas em dados.
Mariana explica que quer aproveitar a conferência para trocar experiências com outros países e aprender novas metodologias que possam ser aplicadas nas escolas e comunidades brasileiras. “Quero aprofundar cooperações internacionais, trocar metodologias de mitigação e adaptação ancoradas em ciência cidadã e tecnologias educacionais, e aprender com soluções de outros países para acelerar a transposição de conhecimento científico para práticas escolares e comunitárias”, diz.
Na COP 30, ela pretende abordar temas como educação climática baseada em evidências, comunicação e letramento científico, equidade de gênero e juventudes na agenda climática e uso pedagógico de dados ambientais. Segundo Mariana, discutir essas pautas é essencial para fortalecer a cultura científica nas escolas e formar uma geração mais preparada para os desafios do clima.
A professora acredita que a participação na conferência pode gerar resultados concretos para o Rio Grande do Norte. “As discussões podem catalisar políticas estaduais de adaptação costeira, combate à desertificação, gestão de eventos extremos e formação continuada de professores”, afirma. Ela pretende transformar os aprendizados em programas estruturantes de educação climática, conectando a UFRN, a Secretaria Estadual de Educação e as comunidades locais.
Mariana chega à COP 30 representando uma rede de colaborações que inclui a Agência Espacial Brasileira (AEB), a rede GLOBE da NASA, secretarias estaduais e grupos de pesquisa da UFRN.
Essas parcerias, segundo ela, garantem rigor científico e diversidade de experiências. “Essas colaborações trazem escala nacional e permitem que os resultados sejam replicados e comparados entre diferentes estados”, explica.
Ela também destaca os desafios que ainda precisam ser enfrentados no campo da educação climática. Entre eles, estão a desinformação, a baixa cultura de dados nas escolas e a pouca integração entre ciência e políticas públicas. “O desafio é tornar a educação climática um eixo curricular e de gestão, e não uma atividade periférica”, afirma.
Depois da conferência, Mariana pretende transformar o que aprender em ações práticas. “Vou traduzir os aprendizados em formações, guias, jogos e protocolos didáticos; ampliar a Rede Nacional de Educação Climática e fomentar projetos escolares de monitoramento ambiental com devolutivas para a comunidade”, diz.
A mensagem que quer levar à COP 30 é direta: “Não há ação climática eficaz sem educação climática robusta, dados abertos e participação social. Meninas, jovens, professoras e comunidades são agentes centrais da transição justa.”
Para ela, o legado que a COP 30 pode deixar é o fortalecimento de políticas de educação climática financiadas e avaliadas, o incentivo a soluções baseadas na natureza e a criação de redes duradouras que transformem dados em decisões. “Espero que o Brasil assuma uma década de compromisso com a justiça climática e a proteção dos biomas”, afirma.
Mariana conta que sua dedicação ao tema nasceu do contato com as escolas e comunidades que já sentem os impactos das mudanças climáticas. “Ver estudantes produzirem dados, interpretarem seu território e liderarem soluções locais consolidou minha vocação para a pesquisa aplicada e a cooperação em rede”, diz.
Com sua participação na COP 30, a professora leva o nome da UFRN e do Rio Grande do Norte ao palco global das discussões sobre o clima e reforça a ideia de que a educação é o elo essencial entre o conhecimento científico e a transformação social.