Ele nasceu em Brasília, em agosto de 1978. Mas, foi na capital potiguar, ainda na juventude, onde começou a construir boa parte de sua vencedora carreira. Estamos falando do publicitário George Wilde, especialista em marketing político. “Alguns, me chamam de marqueteiro. Outros, estrategista. Assim como alguns me chamam de George. E outros, Wilde. Para mim, mais do que a forma como chama, é o resultado da entrega”, diz ele. Wilde deixou Natal há cinco anos para morar em São Paulo, mas garante que ainda há muito trabalho a fazer em terras potiguares.
“Tenho clientes no Sudeste e no Nordeste, e ainda este ano vou trabalhar algumas campanhas no Rio Grande do Norte”, revelou.
Antes de falar sobre o futuro, George Wilde contou um pouco sobre sua trajetória no universo publicitário, mais precisamente sobre os trabalhos realizados em campanhas políticas de destaque no cenário nacional. Algumas, inclusive, fora do país. O fato é que todas elas lhe renderam vivência, experiência, bagagem e, consequentemente, grandes vitórias profissionais.
Em entrevista ao Diário do RN, Wilde disse que tudo começou quando tinha 18 anos, logo que ingressou no curso de Publicidade e Propaganda na UnP, em Natal. Filho de jornalistas, José Wilde e Aldenira Oliveira, ele lembra que, na época, também fez vestibular para Jornalismo na UFRN, mas pela liberdade em poder criar, preferiu desbravar o mundo publicitário. “Foi uma decisão acertada. Adorava poder ter clientes e desafios diferentes todos os dias”, recorda.
“Meu pai sempre foi a minha referência. Ele trabalhou muitos anos para Garibaldi Alves Filho. Foi assessor de comunicação dele no Governo do RN, no Senado Federal e no Ministério. Então, eu sempre vivi muito próximo à política. E essa influência me levou a me especializar cada vez mais em marketing político”, acrescentou.
Ainda estudante, Wilde começou a trabalhar em algumas agências de publicidade de Natal.
“Trabalhei na RAF, de Agnelo Filho e Rogério Nurmberger, onde dei meus primeiros passos e conquistei alguns prêmios com clientes privados e públicos, até ser convidado para ingressar no time da agência Duda Mendonça de Marketing Político, que atendia na época clientes em mais de 20 estados. Foi lá que tive meu primeiro contato com o marketing político legítimo, raiz”, pontuou.
Wilde contou que também se apaixonou pela área a partir do momento em que começou a desenvolver campanhas em que percebia o quanto o marketing político estava associado aos alicerces e à anatomia da comunicação. “Percebi que podia desenvolver ideias e projetos a partir do entendimento da essência da comunicação. Para mim, a estratégia é o alicerce para o desenvolvimento de conteúdos voltados às narrativas políticas”, afirmou.
Primeira campanha
E para quem George Wilde trabalhou em sua primeira campanha política? Não podia ser para outro. “Sim, foi para Garibaldi. Na época, eu era o redator de rádio. Ser redator de rádio era subir o primeiro degrau na hierarquia de uma agência voltada para comunicação política. Em 1998, fizemos as campanhas de Garibaldi para governador e de Fernando Bezerra para o Senado”.
Quem não lembra do jingle “É Fernando costurando e Garibaldi dando o nó”? Ao final da campanha, ambos foram eleitos.
“Foi uma campanha muito especial. Ganhei muito mais pela experiência, pelo aprendizado, do que qualquer outra coisa. Foi uma satisfação muito grande estar em um time de Série A, sair do banco e poder entrar em campo. Se eu puder fazer uma analogia com o futebol, é essa que eu faço”, disse Wilde.
Vitória em São Paulo
A empolgação do marqueteiro não parou por aí. Em 2000, ao lado do jornalista Osair Vasconcelos, Wilde venceu mais uma campanha. Desta vez, em São José dos Campos, no interior de São Paulo.
O candidato foi Emanuel Fernandes, reeleito prefeito. Na ocasião, Wilde também já produzia comerciais de televisão. “Mais um degrau na hierarquia da comunicação política”, comemorou.
Angola, o divisor de águas
“O ano de 2005 foi um divisor de águas para mim. Tanto do ponto de vista pessoal como profissional. Aceitei um desafio em Angola, e fui morar na África. Foi numa agência da Bahia, chamada Link Propaganda. Lá, em Angola, fiquei um ano e meio. Não fizemos campanhas eleitorais, mas trabalhei bastante e ganhei muita experiência como diretor de criação. Conduzi o desenvolvimento de campanhas publicitárias para o governo do país e para empresas dos ramos de exploração de diamantes, petróleo e telefonia móvel, esta última em ampla expansão naquele período. Foi muito desafiador porque o país havia passado por uma guerra dois anos antes, e nós encontramos uma nação ainda bastante traumatizada por conta dos conflitos internos e muito desorganizada socialmente. Tivemos, praticamente, que reaprender a fazer comunicação, pois tivemos que trabalhar com os princípios mais básicos da publicidade para podermos nos fazer entender, porque envolvia toda uma questão de costumes e de cultura”, explicou Wilde.
“Naquela época, eu comecei a escrever crônicas, que eram publicadas nos principais jornais de Natal. Nos textos, eu falava sobre o que eu via e vivia em Angola. As crônicas, inclusive, escrevo até hoje. Quem sabe não vira um livro, em breve”, acrescentou.
Prêmios no RN
Já em 2006, e de volta ao Brasil, George Wilde desembarca novamente na capital potiguar. Com mais experiência e bagagem no ramo, o publicitário assume a campanha de Rosalba Ciarlini para o Senado Federal. Vitória!
Após ganhar a campanha. Wilde entra para equipe da Art&C, onde conquista vários prêmios de destaque. Um deles, com a campanha “Natal em Natal”, publicada na revista Veja, lhe rendeu a “Árvore de Ouro”, da editora Abril, considerada o Oscar da publicidade gráfica brasileira. “Foi um marco para a publicidade e para a propaganda potiguar”, lembrou.
Wilde ainda venceria três vezes o Prêmio Bárbaro de Publicidade, maior premiação do mercado potiguar, na categoria “Publicitário do Ano”. “Foi um período muito importante na minha vida. Eu, Cassiano e Arturo Arruda tivemos uma relação muito exitosa. Acima de tudo, conseguimos colocar o Rio Grande do Norte na vitrine da publicidade nacional”, disse.
“Aqui, eu preciso voltar um pouco no tempo para lembrar que, ainda em 2002, eu comecei a trabalhar com o jornalista João Santana, que havia sido sócio do também marqueteiro político Duda Mendonça. E ali fiz minhas primeiras campanhas nacionais, na agência Polis Comunicação”.
“Em 2008, João me chamou para trabalhar novamente com ele. Criamos programas e comerciais para várias campanhas. Uma delas foi a de Dr. Hélio, que ajudamos a eleger como prefeito de Campinas, em São Paulo. Naquele mesmo ano, fui para Curitiba, na campanha de Gleisi Hoffmann (derrotada para Beto Richa), e depois para a capital paulista, onde trabalhamos na campanha de Marta Suplicy, que perdeu para Gilberto Kassab”, listou. “Apesar dos resultados, conseguimos construir, eu e o João Santana, uma relação muito forte de confiança, amizade, respeito e profissionalismo”, destacou Wilde.
Campanhas nacionais
Não demoraria muito e o publicitário George Wilde logo alçaria voos mais altos. Isso significava encarar as grandes campanhas eleitorais, os embates presidenciais. Ao todo, até agora, foram nove.
A primeira campanha presidencial aconteceu em 2009, em El Salvador, com a eleição do jornalista presidente Mauricio Funes, pondo fim a 20 anos de hegemonia da direita salvadorenha.
O segundo grande desafio foi no Brasil, com a primeira eleição de Dilma Roussef, na época sucessora do então presidente Lula. “Foi uma campanha muito inovadora. Dilma era uma pessoa praticamente desconhecida naquele momento, uma novidade para o grande público. Mas, ao final, vencemos mais uma!”.
Em 2012, mais uma campanha de peso. Não foi presidencial, mas o resultado foi tão gratificante quanto. O candidato foi Fernando Haddad, eleito prefeito de São Paulo, a maior capital brasileira.
“Começamos com 3% nas pesquisas, em março daquele ano. Celso Russomano liderava, com cerca de 28%, e Serra vinha com 20% das intenções de voto. Lembro que, junto com Haddad, descobrimos uma contradição no plano de governo do Russomano, em uma questão envolvendo o transporte público. Dava a entender que a população mais pobre pagaria uma tarifa mais alta para pegar um ônibus, um trem, um metrô. Exploramos bem a situação, e em pouco tempo ele despencou na avaliação popular. Fomos para o segundo turno contra o Serra, e vencemos após uma virada sensacional”.
Ainda em 2012, George Wilde foi para a Venezuela, onde trabalhou na campanha presidencial de Hugo Chávez. “Na Venezuela, não existe o horário eleitoral gratuito, como ocorre no Brasil. Lá, a campanha é feita com comerciais pagos, assim como ocorre em quase toda a América Central e parte da América do Sul. Foi mais uma vitória importante para o nosso grupo”, ressaltou.
Em 2014, mais três grandes campanhas entraram para o currículo de George Wilde. A primeira, em janeiro, novamente em El Salvador. E, mais uma vez, acabou com vitória. Foi com a eleição do ex-líder guerrilheiro Salvador Sánchez Cerén.
A segunda campanha presidencial daquele ano, a quinta da carreira de Wilde, foi no Panamá, durante os meses de março e maio. O candidato foi o oficialista José Domingo Arias, que acabou derrotado nas urnas para o opositor Juan Carlos Varela.
A terceira empreitada do ano, a sexta campanha presidencial de George, foi, segundo ele próprio, a mais desafiadora e também a mais prazerosa de se trabalhar. Foi na reeleição da presidente Dilma, no Brasil. “Foi a campanha mais difícil, sem dúvida. Dilma enfrentava questionamentos legítimos sobre a economia do país. Nas pesquisas, ela aparecia com aproximadamente 27% das intenções de voto, contra 19% de Aécio Neves e 9% de Eduardo Campos. Foi quando recebemos a notícia da queda de um avião, onde estava o Eduardo. A morte dele gerou uma consternação nacional. Marina Silva, vice dele, soube navegar nos mares abertos por Eduardo. Ela assumiu um discurso de que, apesar da morte do Eduardo Campos, ela não desistiria do Brasil, e logo começou a disparar nas pesquisas. Em poucos dias, a Marina já estava empatada tecnicamente com a Dilma. Dali em diante, o nosso trabalho foi de desconstruir aquele cenário e o discurso criado pela Marina. Foi uma disputa muito acirrada, mas conseguimos ir para o segundo turno com o Aécio e vencemos bem a campanha na reta final”, revelou.
“Quando a estratégia é bem aplicada, somos capazes de mudar os rumos de uma campanha. Essa é a lição que fica”, acrescentou o marqueteiro.
A sétima disputa presidencial que Wilde participou aconteceu no ano seguinte, em 2015. Foi na Argentina, na campanha chamada “Las Paso”, uma espécie de prévia, uma campanha primária para a escolha dos candidatos que disputariam o comando do país. José de La Sota, pela província de Cordoba, não obteve sucesso nas primárias e ficou fora do pleito principal.
Em 2016, veio a oitava campanha presidencial de George Wilde. Aconteceu na República Dominicana, com a reeleição de Danilo Medina. Ainda em 2016, em Natal, Wilde trabalhou em parceria com Alexandre Macedo. E mais uma vitória. Desta vez, com Carlos Eduardo.
No ano seguinte, mais uma campanha pesada entrou para o portifólio do marqueteiro. Desta vez, no Amazonas, com a disputa a governador de Eduardo Braga. “Foi uma eleição suplementar, para um mandato de um ano, chamado mandato tampão. Perdemos”, disse Wilde.
A nona campanha presidencial de Wilde, foi em 2018, com Henrique Meirelles. “Meirelles foi uma pessoa importante nos governos de Lula e FHC. Portanto, fizemos uma campanha marcada pela criatividade. Ao contrário do que se imaginava dele, por ter uma idade mais avançada e estilo mais conservador, conseguimos fazer um trabalho com uma comunicação mais leve, de linguajar mais solto. Foi uma campanha bem ousada e até hoje é lembrada por quem acompanha a comunicação política”, explicou. O eleito naquele ano foi Jair Bolsonaro, que no segundo turno venceu Fernando Haddad.
Outros trabalhos
Em 2022, Wilde foi convidado para assumir o marketing geral da campanha de Wilson Lima, no Amazonas. “Também foi uma ação difícil. Wilson estava diante do escândalo dos respiradores em meio à pandemia de Covid. Por causa disso, a perspectiva de vitória era muito baixa, de aproximadamente 10%. Os favoritos eram Eduardo Braga e Amazonino Mendes, cada um com mais de 20% de probabilidade de eleição. No final, ganhamos a campanha com mais de 56% dos votos e elegemos o Wilson Lima governador do Amazonas após segundo turno contra o Eduardo.
Só quem estava lá, definitivamente, sabe o quanto foi difícil vencer aquela eleição”, destacou.
Por fim, chegou o ano de 2024, Wilde promete seguir fazendo consultoria nas regiões Nordeste e Sudeste do Brasil. “É tudo que posso dizer. Vou trabalhar em campanhas no Rio Grande do Norte, isso é certeza, mas prefiro manter sigilo sobre os candidatos, por enquanto”. E em 2026, nas eleições para o Governo do Estado e Senado Federal, volta ao RN? “Vamos trabalhar, vamos trabalhar”, concluiu.