ZENAIDE PODE TER QUE DECIDIR ENTRE GOVERNO LULA E SE ALIAR COM FEDERAÇÃO OPOSITORA

A oficialização da ruptura da federação União Progressista do Governo finalmente aconteceu nesta terça-feira (02). O anúncio foi conduzido em coletiva pelos presidentes do PP, senador Ciro Nogueira, e do União Brasil, Antônio Rueda. A medida inclui o desembarque de cargos do Governo Federal, incluindo os quatro ministérios. O anúncio direcionou aos detentores de mandatos que deixem seus cargos no Governo Federal e, caso descumprimento ocorra por dirigentes da Federação em seus Estados, serão afastados e, em caso de permanência de descumprimento, serão aplicadas punições disciplinares previstas no Estatuto da Federação.
No Rio Grande do Norte, membros da federação não ocupam espaço no governismo, mas um dos seus filiados, o prefeito de Mossoró Allyson Bezerra (UB), é um dos maiores aliados da senadora governista Zenaide Maia (PSD), vice-líder do governo Lula no Senado. A oficialização da federação como oposição poderá afetar esta parceria local, uma vez que as pretensões eleitorais dos dois lados devem se chocar.
Abrem-se, desta forma, possibilidades sobre as consequências de novos passos que poderão ser dados pelos atores que compõem essa integração e formação de novos cenários. A senadora Zenaide pode tomar a decisão de romper com o Governo e permanecer com Allyson Bezerra, se consolidando como candidata à reeleição de centro ao Senado, encerrando parceria de anos com a esquerda.
Esta possibilidade, no entanto, pode ter resistência do próprio Governo, que deverá trabalhar para não perder uma senadora, cargo de peso diante dos desafios que o governismo enfrenta em Brasília.
Caso a senadora resista em romper com o Governo, com quem tem afinidades ideológicas, e caso a parceria de Allyson seja questionada pelo partido, há a possibilidade de que o prefeito siga para o PSD – partido para o qual, aliás, foi convidado a se filiar em 2024. Ele já deixou claro que não deve romper com Zenaide. Rompendo com o União Brasil, o pretenso candidato a governador que rejeita a esquerda poderia seguir parceria com a senadora por via própria.
Dentro desta conjuntura, a parlamentar deve considerar os impactos eleitorais de não subir no palanque do PT e seguir em via própria. Como seu eleitorado não abrange o universo bolsonarista, caso siga por via própria, o meio termo pode prejudicá-la dos dois lados. Romper com Lula e o Governo do PT a deixa entre dois pré-candidatos competitivos: Styvenson Valentim (PSDB) e Fátima Bezerra (PT).
Em entrevista anteriores, Zenaide Maia sempre deixou a entender que pode manter a relação com a esquerda no âmbito federal e seguir por outro caminho no Estado, assim como conciliou na eleição municipal de 2024, em Natal e Mossoró, dois maiores municípios do RN.
Na ocasião da oficialização da federação União Progressista, no último dia 20 de agosto, o presidente do União Brasil no RN, ex-senador José Agripino, já reconhecia a federação como oposição ao governo federal em entrevista concedida ao Diário do RN: “A reunião da federação foi o maior movimento da oposição desse país até hoje. É um marco na política do Brasil como instrumento de oposição”.
Entretanto, para ele, a relação de um dos maiores filiados no Estado com a senadora Zenaide Maia (PSD) nada tem a ver com o União Brasil. “Eu não tenho relação com a Zenaide. A relação é dele, que é prefeito e recebeu benefícios para o município através dela. Allyson que tem que dar as razões da relação dele com Zenaide. Não é da federação com Zenaide”, garantiu, num momento em que as novas definições ainda não poderiam interferir nos cenários futuros.