A gestão do prefeito Allyson Bezerra vai deixar de fornecer insulinas para pacientes diabéticos de Mossoró. A decisão está sendo comunicada no momento do recolhimento dos medicamentos.
Maria Vandilene da Penha Lopes é funcionária pública e está afastada do trabalho por problemas de saúde causados pela diabetes tipo 1. Ela recebe dois tipos de insulina, 7 unidades de NovoRapid e 6 de Basaglar, por mês e foi surpreendida, na última sexta-feira (12), com a informação de que não será mais atendida pela Prefeitura de Mossoró.
O marido de Vandilene, o policial militar reformado, Daízio Júnior, conta que uma atendente da Secretaria Municipal de Saúde a orientou a fazer um cadastro na UNICAT (Unidade Central de Agentes Terapêuticos) para receber as insulinas “por lá” a partir do mês de outubro. “Minha mulher é diabética desde 2002 e recebe insulina na prefeitura (de Mossoró) desde o primeiro governo de Fafá (Rosado). Agora ela foi informada que não vai receber mais. ”, relata.
Os diabéticos já sofrem com o fornecimento descontinuado das insulinas. A retirada de Vandilene, por exemplo, foi incompleta, com quatro unidades da NovoRapid a menos.
O farmacêutico responsável pela unidade de Mossoró da UNICAT, Francélio Silva, informou que já tem recebido relatos de pacientes sobre a descontinuidade do fornecimento de insulinas pela Prefeitura de Mossoró. Uma reunião entre a UNICAT e a Secretaria Municipal de Saúde de Mossoró será realizada na próxima quinta-feira (18) para debater o tema.
Questionado se a UNICAT teria como assumir demanda de atendimentos, Francélio disse que não teria como responder antes da reunião. “O medicamento até o momento está disponível para cadastro e recebimento mediamente os critérios de inclusão. ”, acrescentou.
O Diário do RN entrou em contato com a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Saúde de Mossoró, mas não teve retorno até o fechamento desta edição.
Licitação publicada em 02 de julho de 2025 autoriza aquisição de mais de R$ 3 milhões em insulina – Foto: ReproduçãoPlano de Governo apresentado em 2020 prometia ampliação do fornecimento dos medicamentos – Foto: Reprodução
A disputa pelo Senado no Rio Grande do Norte começa a se desenhar e traz a possibilidade inédita de a região Vale do Açu, Costa Branca e região Central ter um representante de origem popular em Brasília.
O ex-prefeito de Carnaubais, Luizinho Cavalcante (PSB), aparece com 2,7% das intenções de voto na pesquisa mais recente do Instituto Paraná, realizada em Natal.
O dado ganha relevância não apenas pelo desempenho em si, mas pelo contexto político em que Luizinho está inserido. Respeitado em toda a região Central, Costa Branca e Vale do Açu, ele construiu sua trajetória política com forte ligação às bases populares, o que lhe garantiu visibilidade já nas primeiras sondagens.
Outro ponto estratégico é o índice de rejeição: apenas 8,6% dos eleitores afirmaram que não votariam nele de jeito nenhum. Numa corrida competitiva como a do Senado, esse fator pode ser decisivo para abrir espaço de crescimento.
Além dos números, há o cenário de articulação política. O PSB, partido de Luizinho, é aliado histórico do PT e integra o mesmo campo político da atual governadora Fátima Bezerra, que também deve disputar uma vaga ao Senado em 2026. Essa conjuntura abre margem para que Luizinho seja considerado parceiro de chapa, reforçando a unidade da base governista que tem como referência o presidente Lula e o vice-presidente Geraldo Alckmin.
Caso sua pré-candidatura avance e se consolide, o Rio Grande do Norte poderá assistir a um movimento inédito: a chegada ao Senado de um representante varzeano, de origem popular, alinhado ao projeto nacional da atual gestão federal.
O Ministério Público do Rio Grande do Norte decidiu arquivar a Notícia de Fato nº 02.23.2027.0000102/2025-17, que apurava supostas irregularidades em três pregões eletrônicos realizados pela Prefeitura de Mossoró em 2025: nº 01/2025 (Secretaria Municipal de Educação – SME), nº 05/2025 (Secretaria Municipal de Saúde – SMS) e nº 08/2025 (Secretaria Municipal de Administração – SEMAD). A decisão foi publicada pelo 7º Promotor de Justiça da Comarca, Fábio de Weimar Thé, que considerou não haver indícios de ilegalidade ou prejuízo ao erário. Segundo ele, “a suposta irregularidade que ensejou a ação inexiste”.
A investigação teve início a partir de denúncia anônima, que apontava quatro irregularidades principais: aumento excessivo do número de postos de trabalho nos pregões, supostamente inflando valores e favorecendo grandes empresas; exigências econômico-financeiras elevadas, incluindo índice de endividamento geral (IEG 0,6), consideradas restritivas à competitividade; possível lesão ao erário, ao substituir contratos vigentes por ajustes mais onerosos; risco de direcionamento, com restrição à participação de micro e pequenas empresas.
Em resposta à denúncia, a Secretaria de Administração da Prefeitura apresentou ao órgão ministerial documentação detalhada, justificando cada ponto. Entre eles, a Secretaria explicou que os aumentos não foram arbitrários. Para o Pregão nº 01/2025 – SME, a readequação funcional de servidores e a expansão da rede pública demandaram mais profissionais de apoio.
No Pregão nº 08/2025 – SEMAD, o incremento de 38 postos (de 578 para 616) foi justificado por processos de ampliação e revitalização de serviços. A unificação de demandas de 14 secretarias no certame SEMAD, segundo a Prefeitura, buscou economia de escala e maior poder de negociação. “Com efeito, as justificativas da Administração para o aumento dos postos de trabalho e a unificação dos certames demonstram o respaldo técnico e a intenção de economicidade”, citou o promotor sobre este ponto.
Quanto às exigências de saúde financeira das empresas, a promotoria também acatou a justificativa. A Prefeitura afirmou que os índices elevados visavam prevenir riscos de inadimplência, principalmente em relação a obrigações trabalhistas, evitando responsabilidade subsidiária da administração pública. O órgão destacou que todos os pregões tiveram ampla participação: 20 empresas no PE 01/2025-SME, 17 no PE 05/2025-SMS e 18 no PE 08/2025-SEMAD, demonstrando que os critérios não restringiram a competitividade.
Em relação à possível lesão ao erário, o Executivo Municipal de Mossoró também apresentou dados mostrando que os valores adjudicados ficaram significativamente abaixo das estimativas.
Além disso, a não renovação de contratos anteriores considerou problemas de desempenho de empresas, incluindo processos administrativos por irregularidades, reforçando busca por eficiência e economicidade. “Uma das empresas prestadoras anteriores possuía 11 processos administrativos por irregularidades contratuais, o que justificou a não renovação”, relatou Fábio Thé.
O promotor também teceu considerações sobre a restrição à micro e pequenas empresas no certame. “A ampla participação de licitantes e a ausência de impugnações ou pedidos de esclarecimento por parte das empresas interessadas durante os certames enfraquecem substancialmente a tese de restrição indevida à competitividade”, escreveu.
Diante de todas as justificativas apresentadas, o Promotor Fábio de Weimar Thé concluiu que não há elementos que indiquem dolo, má-fé ou prejuízo ao erário, inviabilizando a instauração de procedimento investigativo. O arquivamento segue as normas da Resolução nº 012/2018 do Conselho Superior do Ministério Público e dispensa remessa ao órgão colegiado, sendo definitivo.
O denunciante, por ser anônimo, não pôde ser intimado, e o caso será encerrado na Promotoria de Justiça de Mossoró.
O presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (FIERN), Roberto Serquiz, voltou de Brasília, onde esteve na semana passada, com a expectativa de que o Governo Federal consiga articular soluções para reduzir os impactos do tarifaço imposto pelos Estados Unidos sobre o sal e a pesca, setores estratégicos para a economia potiguar. O encontro com o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, foi viabilizado pela deputada federal Natália Bonavides (PT). O presidente da FIERN classificou o Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior como “pragmático”.
“A articulação foi da deputada Natália Bonavides, ela nos ligou abrindo esse espaço, nós agradecemos, porque é mais uma ação, uma oportunidade de a gente externar, não a preocupação, mas sempre agora buscando o que nós podemos fazer, tanto o lado da mitigação, de como compensar o problema de imediato, e como a gente tenha uma solução mais definitiva.
Essa foi a pauta que foi discutida com o vice-presidente Geraldo Alckmin. Ele foi muito pragmático”, avaliou.
Na reunião, um dos pontos centrais foi a PLP 168/2025, que trata de mecanismos fiscais para setores afetados pelo tarifaço, mas que originalmente não incluía sal e pesca.
“Temos uma PLP tramitando no Senado. Essa PLP trata do uso parcial dos créditos da cadeia produtiva, mas a pesca e o sal não estavam inclusos nessa lista. Na mesma hora, o vice-presidente deu o direcionamento para que esses dois setores fossem inseridos. Isso é um ponto importante e que vai permitir que Câmara e Senado aprovem uma saída fiscal para a nossa indústria”, explicou.
Outro tema abordado foi a abertura de mercados alternativos diante da sobretaxa americana.
“Quando você fala do atum, a gente tem a perspectiva real da abertura da Europa e do Reino Unido. Já havia tratativas avançadas, e o vice-presidente nos adiantou que existe essa possibilidade concreta. Isso é estruturante, porque compensa a ameaça de perder o mercado americano”, afirmou.
Sobre o sal, Serquiz destacou que as opções são mais restritas, mas ainda viáveis: “O sal tem limitações porque não tem valor agregado e o frete pesa muito. Nosso foco segue sendo os Estados Unidos, mas surgiu uma alternativa de compensação com importações próximas ao Brasil. O Ministério da Pesca vai avançar nessa opção”.
O acesso ao crédito também esteve na pauta. “Havia dificuldade de compreensão porque não estava definida a norma de como seria o regulamento. Agora isso foi esclarecido e os setores já podem utilizar esse recurso. É mais uma medida de mitigação importantíssima”, acrescentou.
Férias programadas Para o presidente da FIERN, a reunião com Alckmin deixou o setor mais confiante: “Foi uma conversa muito produtiva, com reais condições de emplacar soluções que possam resolver o problema do sal e do pescado”.
Ele lembrou que os impactos já são sentidos, mas que os empresários buscam resistir até que as medidas de compensação entrem em vigor. “Os números mostram a perda, e nós já tínhamos levantado isso desde o anúncio do tarifaço. Agora a realidade se confirma. Muitos empresários estão dando férias programadas ou sacrificando margem para manter os empregos e o mercado.
Os próximos seis meses serão decisivos para evitar desligamentos e perda real da produção”, afirmou.
Missão nos EUA O presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (FIERN) também relatou os bastidores da missão empresarial que cumpriu em Washington, no início do mês, ao lado de representantes da Confederação Nacional da Indústria (CNI). O objetivo foi levar diretamente às autoridades e entidades americanas os efeitos do tarifaço imposto pelos Estados Unidos sobre o sal e a pesca do RN.
“A nossa ida teve uma diferença: em vez da expectativa, nós levamos a esperança. A dificuldade de diplomacia, com a política interferindo diretamente nesse relacionamento, trouxe a necessidade da indústria ir aos Estados Unidos para discutir o tarifaço em forma técnica, comercial e econômica. É a nossa missão, está dentro da nossa competência”, explicou Serquiz.
Segundo ele, a agenda foi intensa e envolveu reuniões com a maior federação empresarial americana, a US Chamber, com a Câmara Internacional de Comércio (US-ITC) e também no Capitólio, sede do Congresso norte-americano. “Nesses três ambientes, eu consegui levar a mensagem do sal e da pesca, dois setores mais impactados do nosso estado”, disse.
Serquiz destacou que a argumentação foi construída a partir de dados concretos sobre o impacto do sal potiguar e do atum no mercado consumidor americano. “Estamos para iniciar a temporada de neve nos Estados Unidos, e algumas cidades vão precisar do nosso sal, pela pureza e pela qualidade. O mesmo acontece com o atum: não é que não possa ser substituído, mas haverá reflexos no hábito do consumidor. Essa mensagem nós deixamos bem clara.”
O retorno, no entanto, veio carregado de condicionantes políticos. “Sempre a resposta foi: resolvam o problema político, e o problema econômico nós vamos tratar no momento oportuno. E isso estava muito relacionado ao pré-julgamento do ex-presidente, que ainda se desenrolava naquele momento”, afirmou.
Ainda assim, o presidente da FIERN avaliou a missão como estratégica para manter viva a pauta brasileira junto aos tomadores de decisão em Washington. “Foram três dias intensos, uma jornada desafiadora, mas com resultados promissores. Saímos com novas esperanças e reanimados no sentido de dar continuidade a um trabalho de diálogo permanente para se chegar a uma equação”.
Ele ressaltou ainda que o trabalho agora segue com o suporte dos escritórios de lobby contratados pela CNI e pelo setor salineiro. “Essas informações que levamos serão importantes para que eles estejam abastecidos e possam dar sequência a essa defesa. É uma perenidade de acompanhamento que não pode parar”, concluiu.