PRESIDENTE DA FIERN ELOGIA NATÁLIA E APONTA OTIMISMO NA SOLUÇÃO DO TARIFAÇO

O presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (FIERN), Roberto Serquiz, voltou de Brasília, onde esteve na semana passada, com a expectativa de que o Governo Federal consiga articular soluções para reduzir os impactos do tarifaço imposto pelos Estados Unidos sobre o sal e a pesca, setores estratégicos para a economia potiguar. O encontro com o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, foi viabilizado pela deputada federal Natália Bonavides (PT). O presidente da FIERN classificou o Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior como “pragmático”.
“A articulação foi da deputada Natália Bonavides, ela nos ligou abrindo esse espaço, nós agradecemos, porque é mais uma ação, uma oportunidade de a gente externar, não a preocupação, mas sempre agora buscando o que nós podemos fazer, tanto o lado da mitigação, de como compensar o problema de imediato, e como a gente tenha uma solução mais definitiva.
Essa foi a pauta que foi discutida com o vice-presidente Geraldo Alckmin. Ele foi muito pragmático”, avaliou.
Na reunião, um dos pontos centrais foi a PLP 168/2025, que trata de mecanismos fiscais para setores afetados pelo tarifaço, mas que originalmente não incluía sal e pesca.
“Temos uma PLP tramitando no Senado. Essa PLP trata do uso parcial dos créditos da cadeia produtiva, mas a pesca e o sal não estavam inclusos nessa lista. Na mesma hora, o vice-presidente deu o direcionamento para que esses dois setores fossem inseridos. Isso é um ponto importante e que vai permitir que Câmara e Senado aprovem uma saída fiscal para a nossa indústria”, explicou.
Outro tema abordado foi a abertura de mercados alternativos diante da sobretaxa americana.
“Quando você fala do atum, a gente tem a perspectiva real da abertura da Europa e do Reino Unido. Já havia tratativas avançadas, e o vice-presidente nos adiantou que existe essa possibilidade concreta. Isso é estruturante, porque compensa a ameaça de perder o mercado americano”, afirmou.
Sobre o sal, Serquiz destacou que as opções são mais restritas, mas ainda viáveis: “O sal tem limitações porque não tem valor agregado e o frete pesa muito. Nosso foco segue sendo os Estados Unidos, mas surgiu uma alternativa de compensação com importações próximas ao Brasil. O Ministério da Pesca vai avançar nessa opção”.
O acesso ao crédito também esteve na pauta. “Havia dificuldade de compreensão porque não estava definida a norma de como seria o regulamento. Agora isso foi esclarecido e os setores já podem utilizar esse recurso. É mais uma medida de mitigação importantíssima”, acrescentou.
Férias programadas
Para o presidente da FIERN, a reunião com Alckmin deixou o setor mais confiante: “Foi uma conversa muito produtiva, com reais condições de emplacar soluções que possam resolver o problema do sal e do pescado”.
Ele lembrou que os impactos já são sentidos, mas que os empresários buscam resistir até que as medidas de compensação entrem em vigor. “Os números mostram a perda, e nós já tínhamos levantado isso desde o anúncio do tarifaço. Agora a realidade se confirma. Muitos empresários estão dando férias programadas ou sacrificando margem para manter os empregos e o mercado.
Os próximos seis meses serão decisivos para evitar desligamentos e perda real da produção”, afirmou.
Missão nos EUA
O presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (FIERN) também relatou os bastidores da missão empresarial que cumpriu em Washington, no início do mês, ao lado de representantes da Confederação Nacional da Indústria (CNI). O objetivo foi levar diretamente às autoridades e entidades americanas os efeitos do tarifaço imposto pelos Estados Unidos sobre o sal e a pesca do RN.
“A nossa ida teve uma diferença: em vez da expectativa, nós levamos a esperança. A dificuldade de diplomacia, com a política interferindo diretamente nesse relacionamento, trouxe a necessidade da indústria ir aos Estados Unidos para discutir o tarifaço em forma técnica, comercial e econômica. É a nossa missão, está dentro da nossa competência”, explicou Serquiz.
Segundo ele, a agenda foi intensa e envolveu reuniões com a maior federação empresarial americana, a US Chamber, com a Câmara Internacional de Comércio (US-ITC) e também no Capitólio, sede do Congresso norte-americano. “Nesses três ambientes, eu consegui levar a mensagem do sal e da pesca, dois setores mais impactados do nosso estado”, disse.
Serquiz destacou que a argumentação foi construída a partir de dados concretos sobre o impacto do sal potiguar e do atum no mercado consumidor americano. “Estamos para iniciar a temporada de neve nos Estados Unidos, e algumas cidades vão precisar do nosso sal, pela pureza e pela qualidade. O mesmo acontece com o atum: não é que não possa ser substituído, mas haverá reflexos no hábito do consumidor. Essa mensagem nós deixamos bem clara.”
O retorno, no entanto, veio carregado de condicionantes políticos. “Sempre a resposta foi: resolvam o problema político, e o problema econômico nós vamos tratar no momento oportuno. E isso estava muito relacionado ao pré-julgamento do ex-presidente, que ainda se desenrolava naquele momento”, afirmou.
Ainda assim, o presidente da FIERN avaliou a missão como estratégica para manter viva a pauta brasileira junto aos tomadores de decisão em Washington. “Foram três dias intensos, uma jornada desafiadora, mas com resultados promissores. Saímos com novas esperanças e reanimados no sentido de dar continuidade a um trabalho de diálogo permanente para se chegar a uma equação”.
Ele ressaltou ainda que o trabalho agora segue com o suporte dos escritórios de lobby contratados pela CNI e pelo setor salineiro. “Essas informações que levamos serão importantes para que eles estejam abastecidos e possam dar sequência a essa defesa. É uma perenidade de acompanhamento que não pode parar”, concluiu.