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outubro 14, 2025


JOSÉ AGRIPINO NEGA QUE CARLA DICKSON TENHA PEDIDO PARA SAIR DO UNIÃO BRASIL

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O presidente do União Brasil no Rio Grande do Norte, José Agripino, negou, em conversa com o Diário do RN, que a deputada federal Carla Dickson (União Brasil) tenha solicitado carta de anuência para deixar o partido e se filiar ao PL, sigla do senador Rogério Marinho. A declaração ocorre após a parlamentar afirmar publicamente, durante evento do PL na última sexta-feira (10), em Mossoró, que teve o pedido de desfiliação negado.

“Eu só posso efetivamente fazer a minha festa de filiação na janela partidária. Infelizmente, a minha carta de anuência foi negada pelo atual partido. E eu não posso estar de fato e de direito no PL”, disse Carla durante o ato, no qual declarou apoio ao projeto do partido bolsonarista e à pré-candidatura de Rogério Marinho ao Governo do Estado.

José Agripino retrucou: “Não, nem foi pedida, nem foi atendida, nem nada”, respondeu ao Diário.

“Ela tem uma janela, ela não precisa da anuência. Se ela é candidata a deputada federal, ela terá uma janela assegurada pela lei na época oportuna. Ela terá a janela própria daqui a poucos meses, se decidir sair do União Brasil”, lembrou.

O dirigente classificou uma eventual saída da deputada como indesejada, mas reconheceu que a decisão caberá a ela: “Não é desejável, mas ela é dona dos caminhos dela”.

União e PSD
Agripino também comentou a recente declaração, em entrevista, de apoio do ex-prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves (PSD), à senadora Zenaide Maia (PSD), aliada política do prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra, que é do partido de Agripino. A aproximação reforça a expectativa de que as duas legendas atuem juntas na formação de uma terceira via nas eleições de 2026. Questionado sobre o gesto de Carlos Eduardo, Agripino desconversou.

“Tem alguma novidade em Carlos Eduardo declarar apoio à correligionária dele, que, por um acaso, tem uma relação administrativa antiga com Allyson Bezerra?”, questionou ele, reforçando ideia já exposta por ele em entrevistas anteriores de que a relação entre Allyson e Zenaide não é política, mas administrativa.

Perguntado se a perspectiva de Carlos Eduardo dispor seu nome pelo provável partido aliado pode significar formação de chapa Allyson-Zenaide-Carlos Eduardo, Agripino prefetiu não se adiantar: “Isso está reservado ao futuro”.

O ex-senador sequer confirma a pré-candidatura de Allyson Bezerra aa governador do RN. Apesar do protagonismo crescente do prefeito mossoroense e da agenda intensa pelo interior, o presidente do União Brasil evita confirmar oficialmente a pretensão de Allyson ao Governo do Estado.

“Ele tem o direito de andar por onde quiser”, resumiu Agripino, ao ser questionado se as movimentações do gestor configuram uma pré-campanha.

Evento em João Câmara
Durante a conversa, o ex-senador também comentou o evento realizado pelo União Brasil em João Câmara, no fim de semana, promovido pela Fundação Índigo, braço de formação política da legenda. Segundo ele, o encontro reuniu lideranças políticas, empresariais e comunitárias da região para debater o futuro econômico do Rio Grande do Norte, com foco especial no potencial do Mato Grande como polo de energia renovável.

“O que interessa mais é a discussão do Estado e das perspectivas. A Fiern fez um primoroso diagnóstico, e depois se manifestaram as lideranças. Eu falei, deixando claríssimo que aquele era um movimento em favor do Rio Grande do Norte, patrocinado pela Fundação Índigo do União Brasil”, disse.

Agripino destacou o papel histórico de João Câmara como “capital do Mato Grande” e centro da produção de energia eólica no estado, mas lamentou a falta de investimentos recentes.

“João Câmara hoje é a capital da energia alternativa, no caso, a eólica. Agora parou no tempo, porque nada mais foi feito. O Mato Grande é a grande esperança com o polo do hidrogênio verde”, afirmou.

Segundo José Agripino, o encontro contou com prefeitos, vereadores e lideranças locais, sem citar nomes. Segundo Agripino, antes do evento, Allyson Bezerra participou de atividades em comunidades da região — o que o ex-senador tratou como parte da rotina do gestor. “Ele tem o direito de andar na rua”, reforçou.


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DÍVIDA DO ESTADO ULTRAPASSA R$ 6,3 BILHÕES E DESAFIA PRÓXIMOS GESTORES

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O novo Relatório de Gestão Fiscal (RGF) do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RN) expõe um retrato preocupante das finanças potiguares: a dívida consolidada líquida do Rio Grande do Norte chegou a R$ 6,29 bilhões – R$ 6.342.196.943,49 – em agosto de 2025, penúltimo ano da gestão da governadora Fátima Bezerra (PT). No início do seu primeiro mandato, em 2019, o montante era de R$ 4,46 bilhões. O aumento é de cerca de R$ 1,8 bilhão no período.

Segundo o TCE, o total é composto por R$ 3,2 bilhões – R$ 3.208.653.936,49 – em dívidas contratuais e R$ 2,49 bilhões – 2.491.175.376,83 – em empréstimos, além de outros compromissos de longo prazo. O indicador revela o acúmulo de obrigações que o Estado tem com credores, bancos e instituições financeiras, incluindo operações de crédito.

Se comparado a 2018, quando o Rio Grande do Norte registrava R$ 1,75 bilhão em dívidas, o crescimento é superior a 260% em sete anos, refletindo tanto o histórico de desequilíbrio das contas públicas quanto o aumento das operações de crédito nos dois mandatos de Fátima.

O cenário financeiro do Estado se torna um componente decisivo na corrida eleitoral de 2026. A governadora Fátima Bezerra deve renunciar em abril do próximo ano para disputar o Senado, deixando o comando do Executivo nas mãos do vice-governador Walter Alves (MDB), que concluirá o mandato.

A transição de gestão ocorre em meio a um quadro de aperto fiscal, com alto comprometimento da receita com pessoal, dívidas renegociadas e dependência de transferências federais, sem contar o déficit na previdência. A situação coloca em evidência o desafio dos pré-candidatos que já se movimentam para suceder o atual grupo político.

O fato é que, a menos de um ano da sucessão, o Rio Grande do Norte entra no ciclo eleitoral com um dado incontornável: o próximo governador ou governadora começará o mandato sob o peso de uma dívida bilionária, que já se tornou o maior desafio estrutural das finanças públicas potiguares desde 2018.

Entre os nomes citados até agora estão Cadu Xavier (PT), o senador Rogério Marinho (PL), líder da oposição bolsonarista no Estado; Álvaro Dias (Republicanos), ex-prefeito de Natal, e Allyson Bezerra (UB), prefeito de Mossoró.

Nos bastidores, aliados do governo defendem que o aumento da dívida reflete investimentos estruturantes e recomposição de passivos herdados de gestões anteriores, especialmente da crise fiscal deixada em 2018, quando o Estado acumulava salários atrasados e precatórios sem cobertura orçamentária. Já os opositores argumentam que o endividamento acelerado demonstra falta de planejamento e gestão e compromete a capacidade de investimento nos próximos anos.

Com a dívida ultrapassando R$ 6,3 bilhões e um cenário de arrecadação pressionado, quem assumir o governo em 2026 herdará um Estado financeiramente limitado, com espaço fiscal reduzido para novos investimentos. O quadro exigirá renegociação de débitos, revisão de contratos e, possivelmente, cortes em despesas de custeio.

O discurso da responsabilidade fiscal tende a se misturar à narrativa política de legado. Para o grupo governista, a gestão Fátima deixará uma máquina administrativa reorganizada e salários em dia; para a oposição, o Estado será entregue em estado de caos, com mais dívidas e menos capacidade de investimento.


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