
O ator Zé de Abreu é conhecido por suas posições políticas explícitas vinculadas ao PT e ao ex-presidente Lula. Mesmo quando a Rede Globo era acusada de perseguir os governos do PT e a esquerda, Zé fazia questão de explicitar suas posições políticas contrárias ao que pensava a emissora em que trabalhava. Altivez e coragem definem sua postura de outrora.
Mais recentemente, Zé de Abreu anunciou sua candidatura a deputado federal pelo PT e passou a usar as redes sociais com mais frequência e foi alvo de algumas polêmicas que fogem da seara política e revelam uma face nada agradável do grande ator e ativista: Misógino, intolerante, destilador de ódio.
A democracia é alimentada justamente do contraditório respeitoso, em que as ideias são maiores que as pessoas, o debate não se restringe ao submundo rasteiro e a réplica e a tréplica são as molas infinitas da engrenagem do sistema.
Recentemente, o ator Zé de Abreu afirmou nas redes sociais: “Se eu encontro (Tábata) na rua, soco até ser preso”.
Era uma referência a deputada federal pelo PSB de São Paulo, Tábata Amaral, por discordar de sua postura na Câmara.
Agressão, misoginia e crime de ameaça. Após a repercussão negativa do ódio gratuito, Zé de Abreu pediu desculpas à deputada, gesto nobre diante de um ataque mesquinho e odioso.
Essa semana, o Zé de Abreu que esquece o debate político para destilar ódio, voltou ao ataque.
E não foi na ficção, como o vilão irreverente, perigoso, engraçado e paradoxal Nilo, seu personagem multifacetado de cabelo desgrenhado e barba gigante da novela Avenida Brasil. Na trama, Zé conseguiu fazer com que um vilão que impunha medo, agradasse até as crianças e foi sucesso geral.
O Zé de Abreu que voltou às polêmicas foi o Zé multiplicador do ódio. Não o gozador, o cara que ironiza a classe dominante e os donos do poder, o cara que faz raiva pela ironia e não pelo ódio.
Ao falar sobre a situação de saúde do presidente Jair Bolsonaro, Zé de Abreu soltou as pérolas de todas as ostras do oceano: “Que prazer que sinto ao saber que o filho da puta passa mal. Mata seu povo por omissão e leva castigo de volta: que exploda em merda”….
Falta de empatia é o mínimo. Respeito zero. Crítica política passou longe
Quem assim age, termina transformando o vilão em vítima. O ódio cega e entorpece a ponto de fazer o sujeito se divorciar da razão e se abraçar com o perigoso lamaçal ilimitado da estéril discussão personalista.
As pessoas crescem quando não se igualam pelas profundezas inúteis.
É preciso respeito. É possível fazer política, discordar, debater e denunciar com respeito. Mesmo que aquele com quem você debate, não mereça sequer um cumprimento.
Não é por ele. É por você.
Zé, respeite o presidente! Sem deixar de combatê-lo com todas as forças que seja capaz de unificar para fazê-lo.
O debate agressivo e odiento produz tanto quanto uma plantação de pedras e seu pagamento é feito com notas de três reais.
“Hay que endurecerse sin perder jamás la ternura” ou “É preciso endurecer, mas sem jamais perder a ternura.” A frase atribuída ao revolucionário argentino Ernesto Che Guevara, símbolo da esquerda combativa, deveria servir de ‘frase de cabeceira’ sempre que você, Zé de Abreu, usar sua metralhadora virtual em direção aos seus opositores.
Arrocha, Zé! Com respeito! Sem perder a ternura, se ela ainda perdurar.