Entidade relembra importância da conscientização para a prevenção e o cuidado com o câncer infanto-juvenil

Dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) revelam que, para cada ano do triênio 2020/2022, estão sendo diagnosticados no Brasil 8.460 novos casos de câncer infanto-juvenil, sendo 4.310 no sexo masculino e 4.150 no sexo feminino. Entre os tipos mais comuns que afetam crianças e adolescentes, estão a leucemia, o tumor do Sistema Nervoso Central, linfoma, tumor de Wilms, neuroblastoma, osteossarcoma, câncer dos tecidos moles e retinoblastoma. Levantando a bandeira da solidariedade, a Casa Durval Paiva de Apoio à Criança com Câncer, auxilia crianças diagnosticadas com a doença e que estão em situação de vulnerabilidade, provendo bem-estar, qualidade de vida e inclusão social, através de dentistas, psicólogos e fisioterapeutas há 27 anos.
Segundo a gerente de desenvolvimento institucional da Casa, Julyana Luz, 554 pacientes são acompanhados atualmente e, a Casa proporciona vários tipos de ajuda, como distribuição de medicamentos, moradia e auxílio educacional. “A gente faz com que essas crianças continuem tendo uma rotina normal, na medida do possível. Fazemos um acolhimento durante todo o percurso do tratamento”. Quem vive a rotina da casa conhece bem sobre as dificuldades que os pacientes e suas famílias enfrentam: “Muitas vezes, essas crianças são do interior, e quando elas recebem o diagnóstico, não conseguem ir à Natal e voltar para casa no mesmo dia sempre. Então, o nosso papel é apoiar o paciente com o acompanhante. Sem a Casa, quase que seria impossível para os pacientes realizarem o tratamento” contou.
Maria das Vitórias da Silva Gomes, 30 anos, é uma das histórias de pessoas que encontraram o apoio da Casa Durval Paiva na batalha contra o câncer. Aos três anos, sua filha começou a sentir falta de apetite, palidez e fortes dores nas articulações, sendo diagnosticada com um neuroblastoma acima das glândulas suprarrenais após exames. Assim, ela e Maria Vitória precisaram sair de Ouro Branco, no Seridó potiguar, para vir à Policlínica realizar o tratamento da doença. Porém, quando Maria descobriu que Maria Vitória estava em estado de metástase, a situação se complicou e ela precisou correr contra o tempo para salvar a filha. Maria relata que foi necessário levar a menina para sessões de quimioterapia, e que precisou ir a São Paulo para conseguir um transplante de medula.
Contudo, a batalha pela vida da criança não terminou: há um ano, Maria descobriu que o tumor de Maria Vitória havia voltado e agora está em outro lugar: na cabeça. Por causa da piora, a menina, que agora tem oito anos, precisou voltar às sessões de quimioterapia. “Quando eu descobri que a minha filha estava doente, foi um choque muito grande. Já faz um ano que estamos na luta outra vez”.
A acolhida na Casa Durval Paiva tem sido fundamental nessa jornada de luta e desafios. Ali, a menina brinca com as outras crianças e conversa bastante, com energia para escrever e balançar nos balanços do jardim. Inseparáveis, mãe e filha cuidam uma da outra. É nesse ambiente que elas se fortalecem com carinho e amor. Maria relata que procura alegrar a filha durante o tratamento: “Eu sempre pergunto o que ela quer, o que ela gosta de fazer, qual é a brincadeira que ela quer brincar. O que ela gosta de fazer eu sempre estou fazendo para animar ela”.
Essa é uma em milhares de histórias sobre o câncer infanto-juvenil e, para combater a doença, informação é fundamental. Por isso, o mês de setembro foi escolhido para promover a conscientização sobre os cânceres que afetam pessoas de zero aos 19 anos. O Setembro Dourado tem o objetivo de elucidar quais são os tipos de câncer, seus sintomas e a importância do diagnóstico precoce.
A gerente de desenvolvimento institucional da Casa Durval Paiva reforça a importância de ações que contribuam para que mais vidas sejam salvas. Segundo Julyana, a campanha não é apenas para pais e crianças, mas também para os profissionais da educação: “Muitas crianças passam mais tempo com os professores do que com os pais. Então nós fazemos esse trabalho de sensibilização para professores”, disse.