A esquerda natalense apresenta sua terceira pré-candidatura à prefeitura municipal. Com 28 anos, a ex-diretora da União Nacional dos estudantes e ex-presidente do PSOL, Camila Barbosa é o nome escolhido pelo partido para a disputa. Em 2020, a candidatura coletiva de mulheres – “Juntas por Natal” – pela qual Camila disputou à Câmara Municipal ficou na primeira suplência do partido e ela chegou a assumir a vereança em dezembro de 2023, com a licença do vereador Robério Paulino (PSOL). Pedagoga formada pela UFRN, foi candidata a deputada estadual em 2018 e a deputada federal em 2022.
Agora, ao Executivo, quer levantar discussões sobre o atual modo de gestão em Natal em relação ao transporte público, a infraestrutura da cidade e a saúde pública. “A minha decisão de me lançar na disputa a Prefeitura de Natal não é uma decisão individual, é fruto do acúmulo de discussões que foram feitas internamente no meu partido, observando a necessidade que existe hoje de apresentar uma política frente à atual gestão que hoje figura em Álvaro Dias e que representou muitos ataques ao povo de Natal contra o funcionalismo público, na mobilidade urbana, em que é ofertado um serviço de péssima qualidade, na revisão do plano diretor, que impôs uma série de retrocessos nas leis ambientais na nossa cidade, que atacam o nosso patrimônio natural”, explica.
Segundo Camila, a proposta do PSOL é manter a tradição partidária de construir uma candidatura própria, na “luta do povo trabalhador” e focada em apresentar soluções “sobretudo pela negligência do poder público no caso da educação contra o sorteio de vagas ilegal e imoral, que há anos se estende e retira mais de 70% das nossas crianças em idade escolar da escola retiram direito a educação, que não deveria ser extraviado”.
Moradora da Zona Oeste, na Cidade da Esperança, Camila Barbosa se define feminista. Em 2020 e em 2022 integrou candidaturas coletivas de mulheres com objetivo de defender a causa.
“Participo dos atos de rua no 8 de março, ajudei a organizar o #EleNão, um movimento de combate ao machismo que Bolsonaro e a extrema-direita expressaram e, quando estive na Câmara, através do mandato do Juntas, apresentamos muitas medidas de agenda feminista; aprovamos, por exemplo, uma emenda de R$ 100 mil na Lei de Orçamento Anual para capacitação de profissionais que trabalham com mulheres em situação de violência”, ressalta.
Ela apresenta o pensamento e os projetos do PSOL como “a novidade” que Natal precisa frente às demais pré-candidaturas “contaminadas pela maneira tradicional e envelhecida de fazer política”: “Nós queremos superar porque esse projeto já se demonstrou falido nas gestões anteriores”.
Para superar a estrutura “oligárquica”, o Partido Socialismo e Liberdade tomou a decisão de não integrar frente ampla da esquerda em Natal, apesar de, há alguns meses, o PSOL ter aprovado resolução eleitoral que determinava a prioridade do partido em “unir esforços” com as demais siglas ideologicamente semelhantes.
De acordo com Camila, não foi possível executar a Resolução porque as alianças eleitorais apresentadas ultrapassavam seus “limites de princípios”: “Existe também uma resolução Nacional do nosso partido que não estimula e proíbe coligação com o MDB, com o PRD, que são partidos que fizeram parte em algum momento também da base do ex-presidente Bolsonaro”.
O PSOL tem 13 deputados na Câmara Federal. Na Assembleia Legislativa do RN, nenhum parlamentar. Na Câmara de Natal, um vereador. No entanto, Camila acredita que pode ir à disputa contra as demais pré-candidaturas com o apoio da militância.
“Apesar de serem disputas bastante desiguais, muitas vezes conseguimos romper esses obstáculos do tempo de TV, do financiamento de campanha, do fundo partidário e eleitoral e fizemos porta-vozes do povo chegar ao parlamento. O PSOL hoje acumula mandatos importantes ao longo do país aqui. Tivemos alguns e atualmente temos o professor Robério na Câmara Municipal, que vem dessa campanha militante. É assim que nós queremos que também aconteça em 2024, com a força das pessoas que compartilham o mesmo projeto político que nós”, esclarece.