
Apesar da taxação de 50% imposta pelos Estados Unidos a alguns produtos brasileiros, o setor garante que a expectativa é de crescimento das exportações de frutas potiguares, ao final de 2025; ainda maior que o recorde alcançado em 2024. Jorge de Souza, diretor técnico da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), fez uma análise sobre o setor, em entrevista ao Diário do RN, durante participação na Feira Internacional da Fruticultura Tropical Irrigada – Expofruit 2025, nesta quinta-feira (21), em Mossoró. Segundo Jorge, “não tem nenhum container cancelado” dos pedidos dos Estados Unidos, porque o empresário brasileiro e o empresário americano estão sabendo usar a inteligência estratégica para não prejudicar os interesses da sociedade.
“Estamos mandando fruta lá com 50% de tarifa, porque os setores privados colocaram os interesses da sociedade em consumir um produto que ela não tem numa época do ano, e no caso da nossa, de gerar recursos, de gerar riqueza para o nosso país, e nos acertamos. Eu acho que esse tem que ser o espírito. Gostar do Brasil é gostar do Brasil como um todo. A urna de 2026 fica para depois. A urna, você trabalha no palanque, não trabalhe a urna na economia que não vai dar certo. Essa é a visão da Abrafrutas”, afirmou.
É nesse sentido que ele aborda a expectativa com os investimentos no Porto de Natal, anunciados pelo poder público na ordem de R$ 130 milhões, com as ações que visam modernizar o terminal, aumentar a segurança e expandir a capacidade operacional do porto.
“Seria fundamental o Porto do Natal ter uma estrutura melhorada e isso vale para o Brasil, não é só o Rio Grande do Norte. Os portos brasileiros estão muito defasados. Não é possível o celeiro do mundo, que é o Brasil, que tem um agrocompetitivo ao extremo, a gente exporta alimentos para o mundo inteiro e não tem uma infraestrutura logística que a gente merece. E isso não é só ação governamental. É ação do setor privado também, de buscar alternativas, buscar parcerias, trazer parceiros que queiram investir nos nossos portos. A gente perde competitividade. E os nossos concorrentes fazem isso muito bem”, alerta Jorge.
O diretor da Associação ressalta que é necessário, neste momento do país, manter a parceria entre setor privado e setor público sem interferência das preferências políticas.
“Tem que estar afinado, independentemente de ideologia política, independentemente se você está mais ou menos satisfeito com os governantes atuais, tem que sempre buscar esse foco no resultado. Qual é o resultado que o Estado quer? A exportação é boa para o Estado? É. Ela promove o desenvolvimento regional? Promove. Se o Rio Grande do Norte for eficiente na exportação, ele vai ser um Estado mais rico? Vai. Então, gente, vamos botar a mão na massa, todo mundo trabalhar junto, e lá na urna, lá cada um expressa a sua vontade política”, ressaltou.
Jorge de Souza utilizou um exemplo prático para descrever o raciocínio de convocação das classes produtivas: “A China é um país assumidamente comunista. Você olha os negócios da China, não tem nada de comunismo. É um capitalismo ferrenho, todo mundo trabalhando, todo mundo ganhando dinheiro, gerando emprego, é uma coisa… A China encontrou o seu modelo de governo. Nós temos que encontrar o nosso, independentemente de qual seja”.
O representante da Abrafrutas aponta os resultados positivos das exportações potiguares nos últimos anos para ressaltar a necessidade do empresariado utilizar inovação, tecnologia e inteligência estratégica para ampliar os negócios.
“Em 2024 o RN exportou U$ 1,3 bilhão, com volume de 1,7 milhão de toneladas de frutas. Nós batemos o nosso recorde, foi o número mais expressivo em todos os anos da exportação de frutas brasileiras. Esse ano, só no primeiro semestre, em comparação com o ano passado, nós crescemos 12% em valor e 27% em volume. Ou seja, estamos exportando muito mais. E apesar da questão da taxação, nós não temos dúvidas que chegaremos ao final do ano com um novo recorde nas exportações. Então o setor está indo bem”, comemorou.