Uma Comissão Parlamentar de Inquérito composta somente por homens. A CPI da Covid, mesmo com 11 titulares e 7 suplentes, não tem nenhuma senadora. Um fato previsível é que a bancada feminina não gostou e, logo, pediu espaço na comissão.
O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD), terminou abrindo uma “concessão”, nas palavras dele, dando espaço para que senadoras participassem das sessões.
“Uma concessão feita por nós. Não está no regimento. Não é uma questão porque são mulheres, é porque tem representatividade”, disse há pouco Aziz, na sessão em andamento para ouvir Nelson Teich.
Eliziane Gama (Cidadania) ressaltou: “Só não entendo por que tanto medo das vozes femininas”.
O senador Ciro Nogueira (PP) rebateu:
“As pessoas ficam querendo dar uma outra versão, como se a gente estivesse perseguindo as mulheres. Quem perseguiu as mulheres foi o seu partido que não lhe indicou, senadora.”
Também presente na sala de reunião, a líder da bancada feminina, Simone Tebet (MDB), declarou que “privilégios é algo diferente de prerrogativa”. Leila Barros (PSB) indagou “por que homens podem falar e mulheres não?”.
Rapidamente, se tornou um bate-boca generalizado, com o líder do governo Bolsonaro no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB), gritando que o regimento da Casa “está sendo rasgado” para dar espaço às mulheres na CPI. O governista Marcos Rogério (DEM) disse que as mulheres querem “dar peia” em Jair Bolsonaro, causando mais confusão.
Pronto: a CPI da Covid, com um ex-ministro da Saúde depondo, virou palco para embate de gênero. A sessão foi suspensa.
“Podem brigar aí à vontade, fazer o que quiserem aí”, disse Omar Aziz (PSD).