O prefeito do segundo colégio eleitoral do Rio Grande do Norte, Allyson Bezerra (UB), tem convicção de que há uma estrutura articulada trabalhando para o excluir do processo eleitoral.
“Querem ganhar a eleição por WO”, disse. Em conversa com grupo de jornalistas do Diário do RN, Allyson Bezerra não citou nomes das “tentativas de tentar desestabilizar um processo eleitoral que deve ser exercido pelo voto”. Ele se refere à série de denúncias que vêm sendo feitas relacionadas à servidores da administração municipal e nomes de confiança do Prefeito.
Durante entrevista, ele também falou do fato de ser taxado de arrogante, o rompimento com aliados, perda de partidos em sua base eleitoral e dos projetos para 2026.
Diário do RN – Sobre o vídeo divulgado no final de semana. Por que o senhor precisou se explicar para os seus eleitores sobre as denúncias?
Allyson Bezerra – Olha, há uma articulação que a gente vê claramente de um conglomerado de oposições. Que primeiro, querem ganhar a eleição por WO. A prova disso é que eles estão querendo pegar o prefeito. Fui eleito democraticamente, estou em primeiro lugar nas pesquisas, estou totalmente bem avaliado segundo todas as pesquisas divulgadas, e entraram com uma ação para me tirar do mandato, me afastar do mandato. E a justiça, com o Ministério Público não deu prosseguimento a ação. Acho até que vão vir outras coisas, tudo articulado. É gente poderosa que tem mandato em Brasília e que tem estrutura de poder que trabalha contra, está contra, e que deixaram questões ideológicas de lado e se uniram nos bastidores contra mim.
Diário do RN – Por exemplo, Rogério Marinho?
Allyson Bezerra – Eu não estou na ideia de estar citando nome. Por quê? O que eu vejo? A população em si, sabe disso. Acredito que a população já viu isso. A partir do momento que você vê político que vai na imprensa e diz que vai trabalhar para eu não disputar as eleições, eu tenho visto disso. É político que entra com ação para afastar o prefeito que está em primeiro lugar nas pesquisas e com a gestão bem avaliada. É político que fala de querer que, ainda eu disputando e vencendo as eleições, em trabalhar para eu não conseguir assumir o mandato. Então eu acho que há uma articulação sim, numa tentativa clara de tentar desestabilizar um processo eleitoral que deve ser exercido pelo voto.
Diário do RN – Isso é fruto dos aliados que perdeu?
Allyson Bezerra – Olha, fazem parte também. Eu acredito que fazem parte dessa tentativa de ganhar as eleições por WO ou ganhar as eleições no tapetão, como é mais conhecido. Então, tentam ganhar por WO me tirando do processo. Tentam ganhar no tapetão caso a gente consiga ter sucesso nas eleições.
Diário do RN – Mas o que eles alegam dessas tentativas procedem?
Allyson Bezerra – Tudo que acontecer na Prefeitura que seja contra a minha determinação, eu tenho que fazer o certo, com transparência, com zelo, qualquer coisa independente de quem faz, das mais de seis mil pessoas que trabalham na Prefeitura, nós vamos fazer o que tem que ser feito. Bom, eu não tenho compromisso com o erro. Tenho compromisso com o que é certo.
Diário do RN – Allyson Bezerra é arrogante?
Allyson Bezerra – Deixa eu dizer, se eu fosse arrogante, as pessoas não me recebiam na rua, nas suas casas. Se eu fosse arrogante eu não teria uma aprovação de mais de 84% da população.
Diário do RN – Não em relação ao povo, mas à classe política, que agora está lhe considerando arrogante, ou pelo menos uma parte dela? A que se deve esse rótulo?
Allyson Bezerra – Também não concordo, porque a maioria da bancada, a maioria dos vereadores da Câmara Municipal de Mossoró faz parte do nosso partido. Aceitaram nosso convite para se filiar, tiveram confiança para concorrer ao mandato comigo. Não é a maioria da bancada não, é a maioria da Câmara Municipal de Mossoró, 14 vereadores. Outra, eu tenho relacionamento positivo com a maioria dos deputados estaduais. Se tem três ou quatro que não concordam, que por questões políticas, partidárias trabalham contra, a maioria dos deputados estaduais eu tenho um bom relacionamento. A maioria da bancada federal eu tenho um bom relacionamento. A prova disso é que agora mesmo eu visitei a Assembleia Legislativa e fui no gabinete dos deputados. Independente se é deputado que não concorda comigo, que é contra, que trabalha contra, que apoia os outros políticos em Mossoró, mas eu fui lá entregar o convite (do Mossoró Cidade Junina). Cumprindo o meu papel. Se eu tivesse essa arrogância toda como dizem, nenhum vereador teria aceitado ser filiado no nosso partido. Devo ser o prefeito no Estado que mais tem vereadores dentro do nosso partido, dentro do partido do Prefeito. Não tenho conhecimento de outro.
Allyson Bezerra: “Eu desafio alguém a desmentir algum vídeo que eu posto”
Diário do RN – O projeto ao Governo do RN em 2026 é real?
Allyson Bezerra – Tem muita gente que está antecipando eleições, sem ter a humildade de passar por essa; tem pessoas que estão fechando acordos que não vão cumprir para as eleições próximas, de 2026. Que estão fechando portas, por 2026. A partir do momento que o prefeito Allyson vai para a rua, apoia o candidato, veste a camisa do candidato, coloca adesivo do candidato no peito, pega o candidato nas últimas colocações, coloca ele em primeira em Mossoró, dá uma maioria de votos, vai para cima de qualquer um, dando a confiança a outra pessoa e chega lá na frente, no momento que o prefeito está precisando do apoio partidário e político, e essa pessoa age totalmente contrário, acho que a política cobra. Eu não quero acreditar que nenhum político confie em outro político que deixa seus aliados na hora que eles mais precisam. Eu não acredito nisso.
Diário do RN – Genivan Vale, que esteve no últimos três anos com o senhor; Lawrence Amorim fizeram as contas que mais de 20 nomes se afastaram o senhor da última eleição para cá. É pela dificuldade de relacionamento?
Allyson Bezerra – Na verdade não, o contrário. Foram 35 candidatos do Solidariedade a vereador. Foi a maior quantidade de candidatos, e três saíram . Temos aí pelo menos 32 que continuam o nosso lado. Então não existe isso aí.
Diário do RN – Sobre o caso de Kadson Eduardo. Foram 13 meses nomeado, exercendo a função pública, tendo a condenação transitada em julgado, o que é irregular, de acordo com a Lei da Ficha Limpa. Como é que o senhor explica isso? Allyson Bezerra – A partir momento que nós tomamos conhecimento eu fiz o que tinha que ser feito.
Diário do RN – Então se o senhor não sabia, ele não era de confiança?
Allyson Bezerra – Olha, a partir do momento que eu tomei conhecimento eu fiz o que tinha que ser feito. Não deixei o problema prosseguir. Agora, é importante separar. A gente está falando de um de um fato que não aconteceu durante a nossa gestão. Porque isso foi colocado por um bocado que aconteceu em 2021 para cá. De um fato que aconteceu em 2016 e a Justiça cumpriu com seu papel e eu cumpri com o meu papel a partir do momento que, do ato de tomar conhecimento, agi com exoneração e fiz o que tinha que ser feito.
Diário do RN – Como é que o senhor está vendo essa possibilidade de união da oposição para derrotar Allyson?
Allyson Bezerra – Olha, não me admira, lembre-se que em 2020 nós tínhamos seis candidatos a prefeito, eu era um de seis, porém nos três debates e nas movimentações de rua ficou muito claro que todos estavam unidos para que eu não vencesse as eleições. Em Mossoró, não estão olhando para as questões ideológicas, políticas e partidárias. Estão olhando apenas no poder pelo poder. Somente isso.
Diário do RN – Depois desses rompimentos, a campanha fica mais difícil?
Allyson Bezerra – Não existe campanha fácil e eu desconheço uma campanha que é que é fácil. E de onde eu venho, passar pelo que eu já passei na vida, nada para mim foi fácil. Eu desconfio de tudo que vem com facilidade. Eu não acredito. Para mim as pessoas só vencem com dificuldade.
Eu fui candidato a deputado estadual a primeira vez, diziam ‘ele não tem futuro político, nem financeiro’. Então não foi fácil deixar a campanha de deputado federal com mais de 20 mil votos.
Fui candidato a prefeito, só com apoio de um partido. Só tinha apoio de um vereador dos 21 vereadores da época. Não foi fácil. Eu enfrentei um sistema político que ninguém na história conseguiu vencer. E olha o que eu estou falando de 72 anos de poder. Então, não foi fácil. Então eu não encaro campanha com facilidade. Encaro campanha com trabalho. Nós vamos continuar trabalhando fortemente para isso, para que a gente consiga ter êxito.
Diário do RN – A Rede Sustentabilidade, que forma federação com o PSOL, que é um partido de esquerda e que tem inclusive orientação de proibição dos filiados de integrarem um palanque com partidos que apoiaram Jair Bolsonaro na última eleição. Essa nominata da rede, ligada à Allyson Bezerra vai permanecer até as eleições?
Allyson Bezerra – Os candidatos chegaram até o partido por nós. Então eu particularmente acredito que todos irão honrar com a palavra, que serão candidatos pelo partido e continuar nos apoiando e acredito sim que o partido vai compor.
Diário do RN – O debate nacional Lula-Bolsonaro terá algum efeito na eleição? Alguma influência?
Allyson Bezerra – Eu já fui para duas campanhas, aliás, eu fui para duas campanhas que eu disputei e uma terceira que eu fui para rua como se eu fosse candidato. Todos os dias. O que que eu digo em todo canto? Que o eleitor tenha a sua liberdade de apoiar qualquer candidato que ele julgue que é o melhor a nível nacional. Eu, independente de presidente, vou continuar indo à Brasília, vou continuar batendo as portas dos ministérios, no Governo Federal em busca de conseguir recurso. Então eu consegui com o governo passado, como estou conseguindo também agora em Brasília com esse governo.
Diário do RN – Qual é o impacto da saída do PSDB, PSB e do Podemos da sua base?
Allyson Bezerra – Olha, vamos lá, o Podemos tinha uma nominata já feita, porque o senador (Styvenson) tinha garantido a legenda. Essa nominata foi para a Rede. Então, não houve perda de nenhum nome. A nominata do PSB teve junção com a da Rede e com os partidos que estão com a gente. E pelo que me consta, nenhum desses partidos vai ter nominatas, pelo que eu sei a preço de hoje, nenhum desses partidos terá nominata. Se tivessem comigo, iriam eleger vereadores.
Agora, volto a dizer, nós fomos para eleição de 2020com um partido apenas, com um vereador de mandato. E é claro que hoje, com 14 vereadores de mandato dentro do nosso partido, eu acredito que esse projeto está fortalecido. Então, nós vamos dar atenção, total atenção e estar ali ao lado dos políticos ou da classe política que esteja ali ao nosso lado. Sabendo que na campanha eu sempre digo que a coisa mais importante da gente conquistar além de político, de partido, de bandeiras, é o eleitor, é o cidadão, é a pessoa que está lá na ponta e aí eu tenho uma conexão direta com o povo também no dia a dia.
Diário Político – Não tem intermediário?
Allyson Bezerra – Eu gosto de fazer política desse jeito, tanto que eu recebo todos vereadores, eu particularmente gosto de conversar com cada liderança de bairro, liderança de comunidade rural, suplente de vereador e candidato que teve 50 votos, 100 votos. Eu recebo pessoalmente. E recebo como que eu estivesse recebendo numa grande autoridade. Talvez, voltando aí em alguma pergunta sobre questão de arrogância, talvez não seja entendido por alguns, que só recebe quem tem mandato. Então, eu recebo em meu gabinete quem não tem mandato, e recebo com o mesmo tapete como eu estou recebendo alguém que está com algum mandato. Eu vou na casa de um cidadão na zona rural com a mesma vontade, com o mesmo gosto que eu vou a alguém que me chame em um condomínio ou um gabinete de luxo. Bom, talvez alguns não queiram aceitar isso.
O que eu acho na verdade que acontece é que há uma parte da classe política, que não é grande por sinal, mas alguns que não aceitaram nunca e nem aceitam a minha chegada para ocupar uma vaga na Assembleia Legislativa, não aceitaram a minha chegada à Prefeitura de Mossoró sem dinheiro, sem estrutura, sem apoios políticos, sem apoios partidários e sem apoio de grandes números da política do Estado. Não aceitam e nem vão continuar aceitando. E ficam revoltados, né? Quando eu digo em todo canto que eu sou alguém que confia muito no povo, por que eu confio no povo? Porque quando eu enfrentei uma campanha contra o maior sistema político que ainda estava em vigor no Estado desde os anos 40 de forma ininterrupta, eu fui para uma campanha sem nada disso, fui pé no chão e consegui mostrar que o povo tinha confiança de mudança. O povo mudou e não conseguiram ver essa mudança. Eu que não tenho um jornal para chamar de meu, eu que não tenho uma rádio para chamar de minha. Eu que não tenho uma TV para chamar de minha. O que que eu tenho? Um celular próprio que quem paga a internet sou eu mesmo e que por lá eu me comunico o cidadão de forma direta e livre.
Diário do RN – E como é que o senhor responde à crítica de que Alisson é o grande marqueteiro, mas a Mossoró que ele mostra no Instagram não é a Mossoró de verdade?
Allyson Bezerra – Eu desafio alguém a desmentir algum vídeo que eu posto na minha rede social.
Porque quem fala isso, por exemplo, nunca pegou um vídeo meu e foi confrontar. E olha que eu tenho aí mais de 3 mil publicações. Tenho mais de 230 mil seguidores. Não teve uma postagem minha que foi confrontada e que foi colocada como não sendo verdade. Tudo que eu posto é verdade. Todo serviço, todas as entregas. E digo mais, eu estou e aqui eu confesso a você, teve alguns pontos da gestão que eu errei na comunicação. A saúde, por exemplo. Quando cheguei na Prefeitura, metade das UBS não tinha um médico. Hoje tem médico em tudo que é canto. Não falta médico em Mossoró nas unidades de saúde, não falta médico nas UPAs. Só que eu não tive competência de comunicação para mostrar isso talvez. Cirurgias: quando cheguei na Prefeitura de Mossoró, as cirurgias estavam paradas. Todas. Sem exceção. Tudo paralisado. Hoje não tem uma cirurgia que seja de competência do município que esteja com fila, não tem uma. Todas estão andando. Da cirurgia oftalmológica, cirurgia geral, ginecológica, pequena cirurgia. Então, eu tenho que ter humildade para reconhecer isso e melhorar quando se trata de comunicação.
Mas olha eu não tenho rádio, não tenho jornal, não tenho TV, que são os veículos de grande massa de comunicação. O que eu uso é o celular, um celular, são vídeos extremamente simples, eu não gasto um real de impulsionamento. O que é normal é alguém que usa de um rádio, uma TV, um jornal pago pelo poder público para se comunicar. Quer dizer que quem usa internet do celular é anormal e quem usa toda estrutura da máquina pública, com o dinheiro público, é normal? É isso que a gente tem que diferenciar.