Nem todas as parlamentares natalenses quiseram se pronunciar sobre a polêmica em que se inseriu a vereadora Camila Araújo (UB) a respeito de boatos em relação à sua vida conjugal. Nesta terça-feira (21), a vereadora também reclamou da falta de apoio das colegas e das feministas sobre o assunto.
Boatos que circularam em blogs e redes sociais, sem citar o nome de Camila diretamente, apontaram o marido de uma parlamentar da região metropolitana como homossexual e que teria um relacionamento extraconjugal. A vereadora usou suas redes sociais e o espaço na Câmara Municipal de Natal para se colocar como vítima de notícia falsa e ataques para paralisá-la. Em sua defesa, a vereadora criticou, ainda, a bancada feminina e o movimento feminista que, segundo ela, só atende a uma parte das mulheres.
“O movimento feminista, que diz que defende mulheres, né? Estamos todas unidas, uma não larga mão da outra, tá. Mas se essa é da corrente de direita e conservadora a gente deixa realmente ser achincalhada e vilipendiada, não tem problema. Então aí eu faço essa reflexão até porque não é a primeira vez que eu sofro qualquer tipo de ataque pela minha fé”, disse ela em conversa com o Diário do RN, em reportagem publicada nesta quarta-feira (22).
A reportagem do Diário do RN procurou parlamentares municipais e estaduais para falar sobre o assunto.
A colega de casa legislativa de Camila, vereadora Brisa Bracchi (PT), que integra o movimento feminista não comentou o assunto. Através de sua assessoria de imprensa, afirmou que estava em produção de material de pré-campanha e “não teve tempo de entender o que aconteceu para poder se posicionar”.
Já a vereadora Nina Souza (UB), colega de partido, explicou que não viu a vereadora ser atacada, porque não viu o nome dela ser exposto em nenhum lugar, já que ela não havia sido citada diretamente. “No dia que de fato tiver algo contra a imagem dela, eu serei a primeira a defender, porque ela é uma parlamentar competente, inteligente, uma pessoa de honra. Eu respeito a atitude dela, se ela fez, deve ter ocorrido”, afirmou.
Ana Paula Araújo (Solidariedade) concorda. A parlamentar segue o mesmo raciocínio da vereadora Nina: “Enfatizo que o blog que expôs a polêmica não citou o nome da vereadora e nem a cidade de Natal especificamente, fez uma generalização sobre a região metropolitana. A vereadora diz em declaração não ter se sentido atingida pela notícia, então não faz sentido, para mim, a prestação de solidariedade”, informou.
Outra colega de Camila, Margarete Régia (Republicanos) pontuou que fez um depoimento, nesta terça-feira (21), no plenário do Legislativo Municipal. Ela disse que nos primeiros quatro meses após assumir a cadeira na Câmara sofreu “ataques perversos” e não teve defesa alguma.
“Eu fiz essas colocações, da questão de ser mulher e de ter essa perseguição. Eu fui solidária ontem, eu fiz uma defesa na hora e disse do jeito que eu fui também perseguida por alguns meios de comunicação e por pessoas, hoje Camila está passando pelo mesmo processo. Então eu pelo menos posso falar que eu fiz uma defesa ontem favorável a ela”, destacou.
Margarete ressalta à reportagem que está à disposição para ajudar a vereadora a “saber melhor quem está por trás disso”. “Porque é terrível, principalmente para uma mulher estar nessa situação”, finaliza.
Já a deputada estadual Isolda Dantas (PT), ligada ao movimento feminista em Mossoró e no Rio Grande do Norte, relaciona a violência de gênero aos governos de direita, mas, segundo ela, as mulheres de todos os espectros se tornam vítimas.
“A violência política de gênero cresceu significativamente nos governos de direita. Em partidos que, na sua prática cotidiana, colocam as mulheres apenas para preencher a cota de gênero. No momento de atingir a nós mulheres, não há distinção. Todas nós somos vítimas. Mas vamos seguir na luta para construir uma sociedade com igualdade”, avalia.
A vereadora Julia Arruda (PCdoB) foi procurada pela reportagem para falar sobre o assunto, mas não retornou até o fechamento desta edição.