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FERROADA FATAL. ESTADO REGISTRA QUARTA MORTE POR ABELHAS EM 2024

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Um pescador morreu ao sofrer um ataque de abelhas na tarde da quarta-feira (04) no Sítio Santo Antônio, zona rural entre os municípios de Caraúbas e Janduís, no Oeste potiguar. Outras três pessoas e uma cadela foram ferroadas, mas conseguiram escapar. Galinhas também foram mortas pelo enxame. Josivan Vieira de Arruda tinha 51 anos.

Ao contrário do que muita gente pensa, ataques de abelha são mais comuns que se imagina. Com as altas temperaturas desta época do ano, principalmente no interior do estado, as abelhas ficam mais ativas, agitadas, mais agressivas. Também costumam se proliferar com mais velocidade. A morte por abelha é o quadro de envenenamento causado pela injeção de toxinas por meio do ferrão do inseto. A intoxicação varia pela quantidade de veneno absorvido e pela sensibilidade a uma reação alérgica ao veneno.

Nos últimos 10 anos, segundo levantamento feito pela Coordenadoria de Informações Estatísticas e Análises Criminais (COINE) da Secretaria da Segurança Pública e da Defesa Social (SESED), pelo menos 22 pessoas morreram vítimas de picadas de abelhas no estado. Somente este ano, foram quatro. Até mesmo um cão farejador da Polícia Civil não resistiu e morreu após ser atacado por um enxame de abelhas. Foi dentro do canil da corporação, em Natal, no mês de maio. Dragon, da raça pastor-belga-malinois, tinha 2 anos e 3 meses de idade.

A morte do pescador; galinhas também não resistiram
Em grupos de redes sociais da região, a notícia da morte do pescador Josivan, o Joza, logo se espalhou. “As abelhas atacaram lá… cachorro… galinha… Até chegou a matar as galinhas. Joza veio deixar um peixe lá, aí quando ele ia chegando, titio gritou, avisando que as abelhas estavam atacando. Ele saiu correndo. Era muita abelha nele. A gente não tinha noção disso. Luiz, Raimundo e Titico, todo mundo foi atacado. Aí, Joza foi encontrado agora, morto, lá perto de um cacimbão”, disse uma das moradoras da região.

“Foi verdade, as abelhas mataram Joza. É lá da Permissão, ele. Houve o ataque lá em Solange, na esposa dele, até galinha matou lá. Aí acharam Joza morto. As abelhas mataram”, relatou outra vizinha.

O Corpo de Bombeiros Militar foi acionado e esteve na comunidade, mas quando a equipe de socorro chegou Josivan já estava morto. Não havia mais o que fazer por ele. O enxame já havia se dissipado, mas a colmeia foi localizada e retirada do local.

Ainda na quarta-feira, minutos antes da morte do pescador, bombeiros militares já haviam atendido uma ocorrência no município de Areia Branca, onde quatro pessoas sofreram ataques de um enxame. Uma delas precisou de atendimento de urgência devido à gravidade do quadro, e foi socorrida em estado estável. O enxame estava alojado em um prédio, em um terreno baldio, no centro da cidade. A remoção da colmeia foi realizada com sucesso pelos bombeiros.

Mais de 2.300 capturas de abelhas em 2024

Este ano, de janeiro a agosto, o Corpo de Bombeiros Militar já realizou 2.327 capturas de abelhas em todo o Rio Grande do Norte. Somente em agosto, foram 394 ocorrências registradas no estado, o equivalente a quase 30% de todas as ocorrências atendidas pela corporação.

Calor aumenta enxames e ataques
Durante todo o ano são comuns atendimentos de ocorrências envolvendo enxames de abelhas, porém é na primavera e no verão que os incidentes com estes insetos aumentam consideravelmente.

O Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Norte explica que esse aumento é decorrente das altas temperaturas registradas no estado. O forte calor e o desmatamento na zona rural faz com que os enxames de abelhas migrem para área urbana em busca de locais mais frescos para construírem suas colmeias, por isso é comum o aumento de incidentes com abelhas nesta época do ano. O calor também deixa as abelhas mais agitadas e agressivas.

Por que as abelhas atacam?
As abelhas são conhecidas pela produção de mel e outros diversos produtos de consumo humano, além do papel fundamental de polinização vegetal. Entretanto, elas também exercem função essencial na defesa das colônias e geralmente formam sociedades com apenas uma rainha, vários zangões e operárias, as responsáveis pelas picadas.

Elas perdem o ferrão ao picar e morrem em seguida. Como possuem músculos próprios, o ferrão continua a injetar o veneno mesmo após a separação do resto do corpo. Ao atacar nas proximidades de um enxame, as primeiras abelhas liberam um feromônio que faz com que outras invistam contra o mesmo alvo, podendo ocasionar acidente com centenas de picadas.

Situação epidemiológica
Abelhas estão presentes em todos os territórios brasileiros. As regiões de maiores taxas de incidência são Sul e Nordeste, mas as maiores taxas de letalidade ocorrem nas regiões Centro-Oeste e Norte. De modo geral, os acidentes costumam acontecer com maior predominância entre outubro e março, geralmente na zona urbana. No Brasil, nos últimos cinco anos, cerca de 100 mil casos de acidentes por abelhas foram registrados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). Desses, 303 foram fatais.

O perfil dos acidentados costuma ser de homens na faixa etária entre 20 e 64 anos. Óbitos são mais frequentes em pessoas acima dos 40 anos. Fatores de risco para gravidade envolvem a quantidade de ferroadas e a predisposição ao choque anafilático.

Cuidados necessários

  • Caso visualize um enxame de abelhas em seu quintal, jamais tente fazer a remoção por conta própria, se afaste e ligue imediatamente para o telefone de emergência 193;
  • Atenção redobrada com as crianças e os idosos, oriente seus filhos para que não brinque próximo ao enxame e não jogue nenhum objeto nas abelhas;
  • Afaste os animais domésticos do enxame, qualquer barulho que eles façam, poderá irritá-las e desencadear um ataque;
  • Abelhas não gostam de barulho, se for realizar algum trabalho que necessite utilizar máquinas barulhentas ou usar equipamentos motorizados faça uma inspeção cuidadosa do local e tenha certeza de que não exista nenhum enxame próximo;
  • Ao se deparar com um enxame de abelhas em deslocamento, abaixe-se e se perceber que será atacado, corra, preferencialmente em zigue-zague;
  • Caso seja atacado, proteja das picadas o pescoço e o rosto, com a ajuda de uma camiseta ou outra vestimenta;
  • Pessoas comprovadamente alérgicas devem evitar caminhadas em locais próximos a matas;
  • Mantenha a calma, não faça movimentos bruscos perto do enxame, evite bater nas abelhas, lembre-se: As abelhas têm o instinto natural de defender as colmeias, e certamente irão atacar caso identifiquem alguma ameaça;
    Em casos de emergência, o Corpo de Bombeiros Militar deve ser acionado. O número 193 atende 24 horas. A ligação é gratuita.

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