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MAIS DO QUE A INTENÇÃO DE VOTO, É PRECISO ESTAR ATENTO ÀS VARIÁVEIS QUE AFETAM E EXPLICAM OS NÚMEROS DA CORRIDA PRESIDENCIAL DE 2022, AFIRMA LAVAREDA

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É certo que as pesquisas de intenção de voto causam efervescências, sobretudo no meio político. Agora, é fato que os holofotes são para as intenções de voto em candidato A ou candidato B, e pouco se atenta para análise de outros índices avaliados. De certo, que se verifica as porcentagens tipo “55% consideram a gestão como ruim ou péssima”. Mas conforme afirmou o sociólogo, cientista político e presidente do conselho científico do Ipespe (Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas), Antonio Lavareda, em seu Twitter, mais do que números, é importante avaliar às variáveis capazes de afetar e explicar estes números. E que, portanto, merecem ser acompanhadas de perto.

Depois da publicação da pesquisa Ipespe, divulgada nesta quinta-feira (30), Lavareda elencou oito pontos para explicar a sua tese. Ele começa com a indagação: “O que é mais importante agora, a um ano do pleito?” E cirurgicamente vai tecendo comentários sobre as variáveis atestadas na pesquisa.

Sob a ótica do sociólogo e cientista político, os modelos preditivos de eleições presidenciais sempre incorporaram a dimensão econômica, e ai Lavareda lembra do episódio da campanha que elegeu, em 1922, Bill Clinton para presidência dos EUA, na época o marqueteiro James Carville fez história com a expressão: “It’s the economy,stupid! Ou seja tudo que Clinton tinha que fazer era explorar o índice baixo do PIB do governo George Bush. Porém, Antonio Lavareda mostra que “nem tudo se resume a economia, outros fatores precisam de atenção. “Os mais parcimoniosos prognósticos acrescentam a “aprovação geral do governo”. E, nesses tempos extraordinários, é indispensável adicionarmos uma outra, a avaliação do combate à pandemia – o equivalente à apreciação pela sociedade do desempenho dos governos nas guerras e conflitos travados antes ou durante os pleitos. O Vietnã inviabilizou Lyndon Johnson. O Irã foi bola de chumbo para Carter. O Iraque ajudou a reeleger George W. Bush”.

Ao avaliar que para a grande maioria (64%) a economia segue na contramão, os que discordam somaram 27% dos entrevistados, Lavareda é enfático a afirmar: “O saldo negativo ficando em -37 pontos. É um intervalo muito grande. O governo sabe disso e aposta nos efeitos do programa Auxílio Brasil, prometido para novembro. Mas tem pela frente o desafio das projeções declinantes do PIB, o descontrole da inflação e a elevada taxa de desemprego”. Isto significa que os olhos do Planalto Central precisam estar abertos para combater o desemprego e a miséria. Há a necessidade de proteger a renda dos trabalhadores. 

Aprova ou desaprova

Quando fala da desaprovação ao governo Bolsonaro, os números apresentam que 64% desaprovam contra 30% aprovam a maneira como o presidente governa o país. Esta variável, segundo o cientista político, é uma das mais utilizadas internacionalmente, começou a ser formulada, nos EUA, nos anos 30 do século passado, por George Gallup. “Com o atual formato (“O (a) Sr. (a) aprova ou desaprova o modo como o presidente XXX vem governando o país?”) tem se mostrado uma excelente medida síntese, captando de forma dicotômica as opiniões e sentimentos públicos sobre os governantes, ajudando a discernir com mais clareza os dois campos – o favorável e o desfavorável. O reflexo disso nas urnas é conhecido. A insuficiente aprovação média de Trump ao longo do mandato (41%) foi decisiva para obstacular a reeleição”.

Governadores e prefeitos bem na fita

No sexto ponto, o que é analisado é a reprovação na guerra à Covid-19. Os que classificam como ótima ou boa a atuação específica da União no enfrentamento à pandemia somam 22%, contra 58% dos que rejeitam a forma como o Brasil enfrenta a crise sanitária.  “Esse julgamento severo é parametrizado pela avaliação positiva dos entes sub nacionais, que continuam se saindo melhor que o Governo Federal aos olhos da opinião pública nesse quesito. 43% avaliam como “ótima” ou “boa” e apenas 22% como “ruim” ou “péssima” a atuação dos governadores, enquanto que os prefeitos obtêm 52% e 14%, respectivamente. Uma outra componente importante dessa equação é a CPI do Senado. Tema que não foi abordado dessa vez”.  Este ponto merece atenção, sobretudo dos governos estaduais. Mesmo com as várias investidas do governo central que se posicionou contra ao isolamento, ao fechamento do comércio e ataque aos governadores, maior parte da população, pela pesquisa do Ipespe, reconhece que o executivo estadual agiu corretamente. Melhor ainda os prefeitos.

Intenção de voto

Assim trata os resultados: “O ex-presidente Lula segue liderando as intenções de voto na questão espontânea (30%) e nos dois cenários de primeiro turno (42% e 43%), vindo na segunda colocação Jair Bolsonaro – na espontânea (23%); na Lista 1 (25%); na Lista 2 (28%). Na hipótese de segundo turno, Lula venceria Bolsonaro por 50% a 31%, placar semelhante ao de agosto. Os resultados dos demais candidatos também não apresentaram alterações significativas. Ao que parece, somada a repercussão dos três fatos que marcaram setembro (manifestações pró Bolsonaro do dia 7, Carta à Nação do dia 9, e manifestações anti Bolsonaro do dia 12), o saldo líquido resultante parece ter sido próximo a zero no terreno eleitoral. Os ponteiros pouco ou nada se mexeram. Ficando as eventuais sequelas aparentemente reservadas à esfera político institucional”, comenta Lavareda.

E acrescenta: “Nos últimos levantamentos, foram incluídos novos nomes, na condição de representantes do autodenominado “centro democrático”. Há outros que ficaram de fora. Esse aumento do número de postulantes é sintoma de uma avaliação pelos políticos de que teria crescido o espaço para uma “terceira via” competitiva. Pode ser verdade. Mas, paradoxalmente, com a aglomeração, também se torna menos provável um deles sobressair nas pesquisas. E, sem isso, será mais difícil o trabalho posterior de articulação de uma coalizão em torno desse (a) candidato (a)”.


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