O Rio Grande do Norte está na lista de 13 estados contemplados pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) com ações do Projeto Aquicultura Brasil, uma parceria com o Ministério da Aquicultura e Pesca. O objetivo é promover assistência técnica e gerencial a trabalhadores inseridos nas cadeias produtivas de pescado, ostras e camarão. No RN, o projeto deverá ser iniciado em 2025, atendendo produtores de camarão e algas marinhas. Para as algas, especificamente, o estado ainda aguarda liberação do IBAMA para dar início ao cultivo.
Guilherme Saldanha, que é secretário da Agricultura, da Pecuária e da Pesca do RN, destaca a importância do projeto para o estado. “O Rio Grande do Norte está com um projeto importante de interiorização da carcinicultura, que vai envolver uma série de ações, parcerias com prefeituras e crédito rural para pequenos produtores. E nesse processo que vai incentivar muito a produção do camarão, principalmente com os pequenos, aproveitando as águas que nós temos no interior do estado, as grandes barragens, os grandes rios, tem um fator importante que é a assistência técnica. E esse projeto do Ministério da Aquicultura e Pesca vai nos ajudar muito para proporcionar assistência técnica a esses produtores”, disse.
Quanto ao cultivo de algas na costa potiguar, o secretário foi questionado sobre o processo junto ao IBAMA, órgão ambiental responsável pela liberação da atividade no litoral brasileiro. “Estamos na expectativa de que isso ocorra até o final do ano”, respondeu Saldanha.
Além do RN, os outros estados contemplados com o projeto do SENAR são: Alagoas, Amazonas, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rondônia, Sergipe e Tocantins.
Segundo maior produtor de camarão do Brasil
A produção de camarão em cativeiro no Brasil bateu recorde em 2023: 127,5 mil toneladas. O volume representa um crescimento de 13% em relação ao ano anterior. O Rio Grande do Norte é o segundo maior produtor, com 19,4%, perdendo apenas para o Ceará, que concentra 57% da produção nacional.
O valor de produção também aumentou significativamente, totalizando R$ 2,63 bilhões, um salto de 18,3%, conforme dados da Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM), divulgada pelo IBGE.
O município de Pendências, no Oeste potiguar, destacou-se como o maior produtor do RN, com mais de 6 mil toneladas de camarão em 2023.
Negócio gigante
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis no Rio Grande do Norte está desengavetando um processo antigo, de mais de três anos, que requer licenciamento para que o estado possa explorar o cultivo de macroalgas no litoral potiguar. Se tudo correr como o planejado, o Brasil deve se tornar autossuficiente na produção de potássio, matéria-prima para a fabricação de fertilizantes utilizados na agricultura. A projeção é do superintendente do IBAMA no estado, professor Rivaldo Fernandes.
“Sobre o projeto das macroalgas, o Rio Grande do Norte pode ser beneficiado no desenvolvimento de um segmento econômico importante e que vai contribuir para criar um ambiente capaz de tornar o Brasil autossuficiente em potássio, matéria-prima para a fabricação de fertilizantes”, declarou o superintendente. “A alga tem a ver com a produção de potássio que o Brasil importa do Canadá, Bielorrússia e Rússia, que fabricam fertilizantes que o agronegócio depende para o seu desenvolvimento”, acrescentou.
O professor revelou que o IBAMA recebeu um estudo que trata sobre as macroalgas Kappaphycus alvarezii, espécie que deve ser cultivada na costa potiguar. “O processo de licenciamento começou no órgão. Dentro de alguns dias definiremos os rumos do projeto no RN”, confirmou.
A macroalga a que o superintendente do IBAMA no RN está se referindo é a Kappaphycus alvarezii, uma espécie de alga vermelha, um musgo marinho chifre-de-alce. Varia em tamanho, peso e idade, e possui um tom marrom-esverdeado escuro e às vezes pode ser roxo profundo, com formato cilíndrico.
A Kappaphycus alvarezii é uma macroalga exótica, originária das Filipinas, que é usada comercialmente por ter grande importância para diversos setores da economia. Na agricultura, pode ser usada como bioinsumo, dando mais qualidade ao solo e resistência vegetal a doenças.
Na pecuária, serve como alimentação animal, melhorando o desempenho e a saúde dos bichos.
Na indústria, a alga é fonte rica em compostos com propriedades espessantes, gelificantes e emulsificantes. E pode ser utilizada em diversos produtos, inclusive farmacêuticos e cosméticos.
Por fim, é altamente sustentável, pois contribui para a fixação de carbono, auxiliando na mitigação das mudanças climáticas e também na reconstrução de ambientes marinhos.
“Hoje, mundialmente cultivada, a alga Kappaphycus alvarezii tem vários benefícios ambientais, porque tem uma capacidade de crescimento gigante. E com essa capacidade de crescimento, ela consegue captar o CO2 (dióxido de carbono) que está na água, nas águas oceânicas, e transformar em uma alga que tem um altíssimo teor de potássio. A ideia é essa, é aproveitar esse crescimento e iniciar essa exploração aqui no estado do Rio Grande do Norte. Assim, atrairíamos empresas que atuam nesse segmento de adubos biológicos, empresas que aproveitassem essas algas para produzir adubo à base de potássio, para ser utilizado na agricultura”, acrescentou o secretário da Agricultura, da Pecuária e da Pesca, Guilherme Saldanha.