REVELIA: OBRA RETRATA PARADOXOS ENTRE O INDIVÍDUO E O COLETIVO
Revelia é escrito por uma jovem mulher, negra, socialmente à margem, como ela mesma descreve na sua apresentação da obra, que grita ao mundo o seu inconformismo, a sua rebeldia, a sua liberdade de querer e amar, o processo de não se sujeitar e se ajustar, ou da busca por aprovação de outros, sentimentos que fazem parte dela mesma e de todos nós.
Essa é a síntese do livro de poemas de Idyane França, com lançamento nesta quinta-feira (25), às 18h, dentro da programação do Julho das Pretas, evento organizado pelo coletivo Mulherio das Letras Zila Mamede, que inclui muita literatura, poesia e música, no Mahalila Café e Livros.
Escrita em 2020, em plena pandemia do COVID-19, a obra conta com o prefácio da doutora em Literatura Brasileira pela Universidade de São Paulo, mestre em Literatura Portuguesa pela PUC-RJ e pesquisadora do CNPq, Constância Lima Duarte.
A autora explica que o livro foi a forma que ela encontrou para manter sua sanidade mental naquele período e que o mesmo traz um paradoxo entre o indivíduo e o coletivo, sendo neste limiar entre o indivíduo e o coletivo que Revelia se mostra.
“Ao me descrever, talvez esteja também lhe descrevendo em algo. Então, Revelia não seria mais somente sobre mim. Seria sobre nós. Seria sobre coisas que sentimos, mas que não ousamos falar. Seria sobre o quanto, por vezes, nos sentimos deslocados no mundo. Ou sobre as nossas escolhas que estão sempre sob a supervisão de alguém. Que sempre precisamos provar algo.
Seria sobre o cansaço. Sobre a ideia do fracasso que tanto nos atormenta. Sobre o desejo. Sim, o desejo! Todos os desejos que reprimimos. O desejo de sermos quem somos”, afirma a poeta na apresentação do livro.
Editado pela JV Publicações, o livro possui ilustrações, feitas pela própria escritora, que trazem desde traços minimalistas a aquareladas explosões de sentimentos.
Além do lançamento de Revelia, que será seguido por um bate-papo com a escritora mediado pela poeta Iatamyra Rocha Freire, a programação do evento também contará com uma abertura sobre o dia 25 de julho, que é o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha, o Sarau das Pretas com um recital poético com integrantes do Mulherio das Letras Zila Mamede e o show da cantora Analuh Soares.
Sobre a autora
Jornalista potiguar, poeta, feminista e ativista do movimento negro, Idyane França iniciou sua carreira artística como atriz na Cia. Estalo de Teatro, participando do FEST EM CENA em 2007, com o espetáculo A Separação dos Dois Esposos de Qorpo Santo.
Jornalista pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, foi ganhadora do XXII Prêmio Estadual de Direitos Humanos Emmanuel Bezerra dos Santos (2016), pela Câmara Municipal de Natal/RN, juntamente com a rede de comunicação Mídia Ninja. Ao lado da também poeta potiguar, Olga Hawes, idealizou o projeto “No Olho da Onça”, que busca dar voz a poetas e artistas, ampliar a diversidade de literaturas que ocupam os espaços culturais e divulgar trabalhos feitos por mulheres que divergem da norma. Participou de 5 antologias.
Sobre o Mulherio das Letras Zila Mamede
O Mulherio das Letras é um movimento nacional de mulheres envolvidas com literatura, que existe desde 2017. São escritoras, quadrinistas, designers, ilustradoras, editoras, profissionais das letras e demais interessadas na expressão pela palavra escrita e oral. Seu objetivo é dar visibilidade ao trabalho das mulheres no mercado editorial, em colaboração umas com as outras.
Sua principal articuladora e uma das idealizadoras desse movimento é a reconhecida e premiada escritora Maria Valéria Rezende, natural do estado de São Paulo, mas que reside na Paraíba desde 1976.
Presente em diversos estados brasileiros e em alguns países, tais como: Estados Unidos, Portugal e Espanha; no Rio Grande do Norte, o Mulherio das Letras tem o regional Zila Mamede, um braço desse coletivo que atua, desde dezembro de 2019, desenvolvendo diversas atividades em prol da literatura escrita por mulheres. Seu foco principal é dar visibilidade à escrita das autoras potiguares.
Dentre as atividades do Mulherio das Letras Zila Mamede, está o Julho das Pretas, cuja organização fica a cargo do NEAS – Núcleo de Estudos Auta de Souza; grupo, dentro do coletivo, que pesquisa, acolhe e incentiva a escrita das mulheres negras.