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dezembro 24, 2025


MARCELO QUEIROZ AVALIA SITUAÇÃO DO COMÉRCIO E DAS ELEIÇÕES DE 2026

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O presidente da Fecomércio RN, Marcelo Queiroz, avalia que o Rio Grande do Norte encerra o ano com sinais claros de avanço econômico, puxado sobretudo pelo comércio, serviços e turismo, mas alerta que o cenário poderia ser ainda mais favorável não fosse o peso da crise fiscal e dos juros elevados. Em entrevista ao Diário do RN, ele também comentou o ambiente político do Estado, a possibilidade de o vice-governador Walter Alves (MDB) desistir de assumir o Governo e as perspectivas para 2026, em um contexto de eleições e desaceleração econômica nacional.

Marcelo Queiroz avaliou que a situação fiscal do RN é um fator central para o atual impasse envolvendo o vice-governador Walter Alves. Nos bastidores, como já revelado em matérias anteriores do Diário do RN, cresce a possibilidade de Walter não assumir o Governo, diante do cenário de contas pressionadas e da necessidade de medidas impopulares.

“Quem assumir vai ter que tomar decisões antipáticas. Talvez seja isso que Walter não esteja querendo. Sem uma aliança forte com o Governo Federal, o risco é herdar problemas de caixa que não foram gerados por ele”, disse o presidente da Fecomércio. Para Queiroz, não se trata de classificar o RN como ingovernável, mas de reconhecer a complexidade do momento. “É uma situação difícil e que precisa ser muito bem avaliada por quem pretende governar”.

Sobre 2026, ano que será marcado por eleições estaduais e nacionais, o dirigente empresarial demonstrou cautela. A projeção é de desaceleração da economia: o PIB nacional deve crescer em torno de 1,1%, abaixo dos cerca de 2% estimados para este ano. No RN, o crescimento também tende a ser menor do que a média brasileira, embora o comércio local venha se mostrando resiliente, com desempenho acima de outros estados do Nordeste.

Há, contudo, fatores que alimentam expectativas positivas. A previsão de queda gradual da Selic, possivelmente encerrando o próximo ano entre 12% e 12,5%, pode estimular a compra de bens de maior valor. Medidas como a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda até R$ 5 mil também devem colocar mais dinheiro em circulação. “E em ano eleitoral há investimentos de campanha que movimentam fortemente o setor de serviços”, acrescentou.

Mesmo diante da forte polarização política, Queiroz defende que o setor produtivo mantenha distância de disputas ideológicas. Ao comentar polêmicas recentes envolvendo marcas e radicalização política, como a recente polêmica das sandálias Havaianas, foi direto: “O setor produtivo não deve se envolver nesse tipo de embate. Isso só gera ruído e prejuízo”.

Segundo Queiroz, os setores representados pela Fecomércio respondem hoje por mais de 70% dos empregos formais e do PIB privado potiguar, funcionando como o verdadeiro motor da economia estadual. Em 2025, o destaque foi o turismo. “Os hotéis chegam a dezembro com ocupação em torno de 75%, passando de 80% no período do Natal e podendo alcançar 90% em janeiro. É gente de fora, inclusive turistas internacionais, trazendo recursos que se espalham pelo comércio, pelos serviços e pela alimentação”, afirmou.

Esse movimento refletiu diretamente nas vendas. O comércio varejista restrito, que engloba supermercados, farmácias e confecções, cresceu 4,2% no Estado. Já o varejo ampliado, que envolve bens de maior valor, como veículos e materiais de construção, avançou em ritmo menor.

Para Queiroz, o motivo é claro: “A Selic a 15% afugenta o consumidor de bens duráveis. Mesmo assim, crescemos”.

Na geração de empregos, o ritmo desacelerou, mas segue positivo. Em 2024, foram criadas cerca de 34 mil vagas formais no RN. Em 2025, até outubro, o saldo já passava de 19 mil novos postos.

“Há uma pequena queda, mas em cima de uma base muito forte do ano anterior”, ponderou.

Além do turismo, o presidente da Fecomércio destacou a expansão da energia eólica e o potencial das exportações, especialmente de frutas, como vetores importantes para o crescimento do Estado nos próximos anos.

Ele também fez duras críticas a ações que, segundo ele, ameaçam o funcionamento das empresas, como invasões a estabelecimentos comerciais. “Impedir uma loja de funcionar, ainda mais recém-inaugurada, é um ato criminoso. O empresário gera emprego, paga impostos e precisa faturar para honrar seus compromissos”, afirmou, defendendo atuação mais firme do poder público.

Para Marcelo Queiroz, o balanço do ano é positivo, mas deixa lições claras. “Fechamos bem, mas poderíamos estar muito melhor. Com juros mais baixos, equilíbrio fiscal e menos radicalismo, o Rio Grande do Norte tem todas as condições de avançar ainda mais”.


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MINEIRO AFIRMA QUE JOÃO MAIA QUER DESESTABILIZAR CANDIDATURAS DO PT

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Para o deputado federal Fernando Mineiro (PT), o barulho em torno do vice-governador Walter Alves (MDB) diz menos sobre decisões concretas e mais sobre interesses em jogo na disputa de 2026. Ao comentar as declarações do deputado federal João Maia, que apontou combinado entre Walter e o prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra (UB), Mineiro atribuiu a movimentação a um cálculo político pessoal e a uma tentativa de tensionar o campo governista.

“O que eu estou dizendo é que João Maia, por ele ter lado, está buscando também desestabilizar a campanha de Cadu e de Fátima. E até pelo que eu sei, ele não fala em nome do Walter”, afirmou o parlamentar, ao rebater a leitura de que a fala de João Maia representaria uma posição oficial do vice-governador. Maia garantiu que Walter deverá apoiar a candidatura de Allyson ao Governo do RN e indicar o candidato a vice-governador.

A declaração de Mineiro em meio a semanas de especulação política no Rio Grande do Norte, marcada por dúvidas sobre se Walter Alves assumirá o Governo do Estado e por narrativas de que haveria uma “bomba fiscal” deixada pela atual gestão, aponta que esse enredo não se sustenta.

O deputado federal reforçou que o PT mantém intacto o plano traçado para 2026, com a pré-candidatura de Cadu Xavier ao Governo do Estado e da governadora Fátima Bezerra ao Senado.

Segundo ele, não há razão objetiva para rever essa estratégia.

“Eu falei, e repito isso, eu acho que Cadu é a demonstração clara e cabal de que não tem uma bomba fiscal, não tem um presente de grego. Muito pelo contrário: tem um Estado que tem as dificuldades naturais, históricas, mas muito governável”, destacou.

Mineiro argumenta que a própria existência de disputa política pelo Executivo estadual desmonta a tese de ingovernabilidade. “Se fosse um Estado inviável, ninguém estaria brigando para governar”, resumiu.

Na avaliação do parlamentar, o silêncio de Walter Alves após as declarações de João Maia não pode ser interpretado automaticamente como concordância. Mineiro lembrou que o vice-governador ainda não apresentou uma posição oficial e que a única manifestação concreta recente foi a de que irá consultar o MDB antes de decidir se assume o Governo ou se disputará um mandato de deputado estadual.

Para ele, a cultura política do Estado sempre foi marcada por diálogos múltiplos e negociações amplas, especialmente dentro do MDB. “Isso faz parte do jogo político. Não dá para transformar cada frase em ruptura”, disse.

Mineiro foi incisivo ao criticar o uso de falas isoladas para alimentar narrativas de crise. Segundo ele, há uma tentativa clara de deslocar o debate do projeto político para o terreno da intriga.

“Tem muita gente querendo enfraquecer o governo e enfraquecer a candidatura de Cadu e de Fátima. E esse tipo de especulação ajuda exatamente a isso”, avaliou.

Ao comentar especificamente o papel de João Maia, Mineiro voltou a frisar que o deputado fala a partir de seus próprios interesses no tabuleiro eleitoral. “Ele tem lado, tem projeto e está se movimentando a partir disso”, disse, sem entrar em conjecturas sobre acordos de bastidores.

Para o deputado do PT, o risco maior do atual debate é desviar a atenção da discussão central: o futuro do Rio Grande do Norte. “O que interessa à sociedade não é esse diz-me-diz, mas saber se o Estado vai avançar ou recuar nas políticas públicas”, afirmou.

Enquanto Walter Alves não se posiciona oficialmente após diálogo com a governadora Fátima Bezerra, Mineiro defende que o campo governista mantenha o foco na consolidação do projeto para 2026 e trate o restante como parte do ruído típico de um ano pré-eleitoral.


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