
O novo comando do PT no Rio Grande do Norte, agora liderado por duas mulheres, Samanda Alves e Isolda Dantas, assume a legenda com a missão de reorganizar o partido nas regiões, fortalecer os diretórios municipais e ampliar a presença da sigla nas lutas sociais e institucionais.
O objetivo é claro: chegar a 2026 com musculatura para eleger novamente Lula presidente, manter a hegemonia no Estado com Cadu Xavier como candidato ao Governo e ainda aumentar o número de cadeiras nas bancadas estadual e federal.
Sobre a definição pendente, as novas dirigentes do PT deixam claro que o diálogo com a senadora Zenaide Maia (PSD) continua aberto. Elas deixam claro que desejam sua presença na chapa de 2026 ao Senado, mas reforçam que a construção será coletiva e passa pela defesa do legado da governadora Fátima Bezerra (PT) e do projeto nacional liderado pelo presidente Lula. O Diário do RN conversou com as duas sobre a eleição que aconteceu no último domingo (06), em todo RN.
Diário do RN – Qual a avaliação da disputa interna e da vitória nas eleições do PT?
Samanda Alves – A nossa vitória vem em consonância com tudo o que já vínhamos construindo: diálogo, fortalecimento dos municípios, especialmente no interior do estado. Foi uma campanha muito pé no chão, de visitar cidades, procurar a militância de base. Um processo enriquecedor, que mostrou que o partido está vivo. Nem todo partido consegue tirar quase 7 mil filiados de casa para uma eleição interna em pleno domingo. A vitória é muito significativa, inclusive acima das nossas expectativas.
Isolda Dantas – A vitória foi gigante. Duas companheiras eleitas com mais de 55% da votação. Mossoró, minha base, nos deu mais de 219 votos de maioria, o que é muito importante. Para mim, é um orgulho imenso ser presidenta do PT, partido ao qual dediquei minha vida inteira. Sei do desafio, mas vamos enfrentá-lo junto com os diretórios, tanto do interior quanto da capital.
Diário do RN – Quais são as principais mudanças e propostas da nova gestão do PT estadual?
Samanda Alves – A principal mudança é no modelo de gestão. Eu estarei na presidência pelos dois primeiros anos, depois Isolda assume. Mas isso não significa distanciamento. Ao contrário, estaremos juntas o tempo todo. Teremos duas presidentas: uma no exercício formal do cargo e outra compartilhando tarefas pelo Estado, o que amplia a presença do PT nos territórios.
Isolda Dantas – A proposta central que apresentamos aos municípios foi estabelecer uma relação mais próxima entre o PT estadual e os diretórios municipais. Vamos reativar os polos do PT e criar vice-presidências que garantam essa conexão com os territórios. Isso já muda muito, torna o partido mais vivo nas cidades e mais articulado no Estado como um todo.
Diário do RN – Essa eleição marca a volta do grupo de Fátima ao comando do PT, que antes estava com o grupo de Mineiro.
Samanda Alves – Na verdade, o PT foi dirigido por muitos anos pela CNB, grupo ao qual a professora Fátima tem proximidade histórica. Nos últimos oito anos, a presidência esteve com Júnior Souto, da nossa corrente interna, mas construída em diálogo com a CNB. Agora, pela primeira vez, o grupo de Fátima chega à presidência estadual do partido por meio de uma eleição direta. É resultado de um processo democrático, com diálogo interno e muito trabalho de base.
Diário do RN – Como o PT pretende se fortalecer para as eleições de 2026?
Isolda Dantas – Nossa prioridade é eleger Lula novamente presidente da República. Aqui no RN, a candidatura de Cadu é firme e é nossa prioridade fazer Cadu ser conhecido em todo o Rio Grande do Norte e seguir defendendo o legado do nosso Governo, que foi sem dúvida nenhuma ao melhor governo que o RN já teve nos últimos tempos.
Vamos buscar a reeleição da nossa bancada e queremos ampliar a representação estadual e federal e fazer um processo de formação de nominatas dialogando com os polos, com os diretórios, e também com os partidos aliados — como o PV, o PCdoB, o PSB, o MDB. É tudo fruto de deliberação coletiva. Nada será imposto.
Diário do RN – Como está o diálogo com a senadora Zenaide Maia para formação de chapa com Fátima Bezerra?
Samanda Alves – Nós temos uma candidatura colocada de governador, de senadora, mas temos também espaços da segunda vaga para o Senado, assim como para vice-governador e suplentes. Para a segunda vaga, a gente tem um aceno natural com a senadora Zenaide, que já esteve conosco em outras eleições, que hoje faz parte da bancada do presidente Lula no Senado. Então, coerência nós temos em dialogar. É óbvio que ela pode vir ou não vir, mas nós estamos preparados para qualquer situação.
Isolda Dantas – Nosso diálogo com Zenaide sempre foi aberto e continua. Ela foi nossa porta-voz no período do golpe contra a presidenta Dilma, o que foi muito importante. Nós a elegemos senadora para representar o campo democrático. Desejamos, sim, que ela faça parte da nossa chapa majoritária em 2026. O diálogo está aberto e constante.
Samanda Alves: “Styvenson é arrogante, prepotente, machista e misógino”
Em outra entrevista, a nova dirigente do PT estadual, vereadora Samanda Alves, criticou duramente o senador Styvenson Valentim (PSDB) durante entrevista à 98 FM, nesta terça-feira (8). Ao comentar os ataques recorrentes do parlamentar à governadora Fátima Bezerra (PT), Samanda classificou o senador como “misógino, machista e arrogante”, apontando que sua atuação política é marcada por autoritarismo e desprezo pelas pautas das mulheres.
“Eu tenho muito cuidado em fazer uma oposição respeitosa. Ele é misógino, ele é machista, ele é arrogante, ele é prepotente, e a única questão que ele tem é que diz que traz recurso para o Rio Grande do Norte; e traz por causa do presidente Lula! Se tirar o presidente Lula da vida do senador Styvenson, ele vira apenas um senador arrogante, prepotente, machista e misógino”, reiterou a parlamentar. A fala de Samanda faz referência direta aos ataques recentes de Styvenson à gestão da governadora Fátima. A dirigente petista também resgatou episódios anteriores que, segundo ela, demonstram o perfil do parlamentar, como a declaração dada por ele em 2021, quando, ao comentar o caso de uma mulher agredida por um policial militar, disse não saber “o que a mulher tinha feito para merecer os tapas”.
Samanda também criticou o comportamento do senador em relação à própria família, citando a exposição pública da irmã em suas redes sociais. Para ela, esse tipo de postura será observado com mais atenção pela população nas eleições de 2026, especialmente pelas mulheres.