
Obras inéditas de mestres das artes visuais do Rio Grande do Norte, muitas nunca vistas pelo público, estarão reunidas a partir de 26 de setembro, às 18h na Pinacoteca do Estado (Palácio Potengi), na exposição “Feito Potiguar: Identidade e Memória das Artes Visuais do RN” – uma iniciativa do Sebrae-RN, em parceria com o Conselho Estadual de Cultura, para prestar tributo àqueles que ajudaram a construir o cenário artístico do estado desde o fim do século XIX.
Ao todo, a mostra vai reunir peças de 51 potiguares já falecidos, em sua maioria pinçadas do acervo da Pinacoteca. Além de homenagear os mestres in memoriam, a programação vai “revelar as diversas camadas que compõem o ser potiguar”, desde a representação da paisagem e do cotidiano até a exaltação da cultura popular, dos personagens que habitam a memória coletiva, da natureza exuberante e do legado feminino na arte.
Nomes como Erasmo Xavier, Moura Rabello, Newton Navarro, Dorian Gray, Xico Santeiro, Maria do Santíssimo, Leopoldo Nelson, Zaíra Caldas, e tantos outros, compõem a seleção da exposição.
Na ocasião, também serão homenageados dois grandes nomes que partiram recentemente – Célia Albuquerque e Vatenor, o “pintor dos cajus”.
Para Manoel Onofre, responsável pela curadoria, a exposição do Feito Potiguar vem em um momento que se torna urgente resgatar e tornar acessível ao público a obra de artistas potiguares que, com suas diferentes linguagens e perspectivas, contribuíram significativamente para a formação da identidade visual do Rio Grande do Norte. “É fundamental tornar acessível ao público esse legado, permitindo que novas gerações conheçam e se apropriem da arte potiguar”, observa.
“Cada núcleo é uma janela para diferentes facetas do nosso imaginário. A exuberância da flora local, com o caju como protagonista, e a exaltação da figura feminina na construção da arte potiguar completam este panorama, tecendo um fio condutor que une passado e presente, tradição e inovação”, complementa Onofre.
O diretor superintendente do Sebrae-RN, Zeca Melo, considera que a exposição ecoa os princípios do Feito Potiguar ao resgatar a autoestima e orgulho potiguar. “A valorização da arte potiguar é mais uma forma de reconhecer e apreciar o que é intrinsecamente nosso. Por esse motivo, surgiu a ideia de fazer uma exposição que traduz a poética visual do projeto; e isso não poderia começar de outra forma que não com uma exibição das obras de quem, de fato, construiu o percurso das artes no RN”, finaliza.
Obras potiguares inéditas
A exposição será dividida em quatro módulos temáticos, com obras que datam do fim do século XIX em diante e representam a singularidade do RN. São elas:
- “Poética Fundante”, com paisagens que vão do litoral ao sertão, registros dos casarios históricos, dos trabalhadores do campo e da pesca, e das figuras populares;
- “Cascudo, as Tradições e o Folclore”, com obras que celebram as festas populares e os ritos de fé, devoção e misticismo que permeiam o cotidiano do povo potiguar;
- “Natureza Viva”, que tem como fio condutor a exuberância da flora e fauna potiguar, com destaque para o caju, símbolo maior do RN;
- “Feito Feminino”, núcleo que faz um tributo às mulheres potiguares que ousaram romper barreiras e construir um caminho significativo no cenário das artes visuais.
Dentre as obras que podem surpreender o público, o curador Manoel Onofre destaca o “Galo Branco”, de Antônio Soares e a sua releitura colorida feita pela artesã Dona Neném; uma tapeçaria de Dorian Gray nunca antes exposta, com 4 metros de extensão, e ainda obras de Joaquim Fabrício resgatada com apoio da Inteligência Artificial. O pintor é figura muito importante na história potiguar e estudou na Academia Imperial de Belas Artes, no RJ, com financiamento de D. Pedro II.
O acesso à exposição é gratuito, de acordo com o funcionamento do Palácio Potengi, onde está instalada a Pinacoteca do Estado: de terça a sexta-feira, das 8h às 16h, e sábados e domingos, das 9h às 16h.