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NATAL ADOTA NOVO MÉTODO PARA COMBATER O MOSQUITO DA DENGUE

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O Rio Grande do Norte registrou, entre janeiro e setembro de 2025, 3. 197 novos casos de dengue; 878 de chikungunya; e 120 de zyka, de acordo com o mais recente Boletim Epidemiológico da Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap), divulgado 2 de outubro deste ano.

Para conter o avanço dos casos de arboviroses, sobretudo na capital potiguar, Natal passa a contar, a partir desta quinta-feira, 16 de outubro, com um novo método de combate ao Aedes aegypti – uma biofábrica do Método Wolbachia, financiada pelo Ministério da Saúde, será inaugurada no bairro Felipe Camarão, e iniciará a liberação dos primeiros “Wolbitos” na cidade, que são “mosquitos aliados” e servem para controlar a transmissão das doenças através do inseto transmissor.

A Wolbachia impede que o mosquito transmita vírus como os da dengue, zika e chikungunya, oferecendo uma forma segura e sustentável de controle. O microrganismo, presente naturalmente em várias espécies de insetos, não representa risco à saúde ou ao meio ambiente.

Ao se reproduzirem, os mosquitos com Wolbachia passam o microrganismo para as gerações seguintes, reduzindo a propagação das doenças.

O método será implantado pelo World Mosquito Program (WMP), da Fiocruz, em parceria com a Prefeitura de Natal e o Governo do Estado. A biofábrica, localizada no bairro Felipe Camarão, possui 400 metros quadrados e abriga salas de triagem, larvas, tubos, lavagem e estoque. No local, equipes técnicas serão responsáveis por todas as etapas da produção, desde a eclosão dos ovos até a soltura dos mosquitos.

De acordo com a gestora de implementação do Método Wolbachia no WMP-Fiocruz, Ana Carolina Rabelo, as liberações ocorrerão de forma planejada e gradual, cobrindo grande parte da cidade.

“As liberações dos Wolbitos em Natal devem acontecer ao longo de cerca de 20 semanas, em 33 bairros da capital. É importante que a população conheça e entenda essa tecnologia, que vem para reforçar o combate à dengue, zika e chikungunya”, destaca.

Segundo ela, os resultados do método costumam ser observados cerca de dois anos após o término das liberações. O objetivo é alcançar uma alta taxa de mosquitos com Wolbachia no ambiente, o que garante o efeito duradouro do controle.

Para o secretário municipal de Saúde, Geraldo Pinho, a chegada do projeto representa um marco para o sistema de vigilância em saúde de Natal. “O Método Wolbachia contribui para aliviar a pressão sobre o sistema de saúde e para a melhoria da qualidade de vida da população”, afirma.

Ele reforça, contudo, que as ações tradicionais continuarão. “O município seguirá com visitas porta a porta, bloqueios de criadouros, mobilizações sociais e outras ações”, pontua.

A escolha de Natal para receber o Método Wolbachia foi feita pelo Ministério da Saúde, com base em critérios técnicos. Entre eles, estão a população superior a 100 mil habitantes, a alta incidência de arboviroses, o histórico de casos nos últimos dez anos, além de fatores climáticos e logísticos, como a presença de aeroporto.

Bairros contemplados na capital e engajamento com a comunidade

Método será aplicado em 33 bairros, nas quatro regiões de Natal – Foto: Reprodução

O método será aplicado em 33 bairros da capital potiguar, entre eles Alecrim, Areia Preta, Barro Vermelho, Bom Pastor, Candelária, Capim Macio, Cidade Alta, Cidade da Esperança, Dix-Sept Rosado, Felipe Camarão, Guarapes, Igapó, Lagoa Azul, Lagoa Nova, Lagoa Seca, Mãe Luíza, Nossa Senhora da Apresentação, Nazaré, Neópolis, Nova Descoberta, Pajuçara, Pitimbu, Planalto, Ponta Negra, Potengi, Praia do Meio, Quintas, Redinha, Ribeira, Rocas, Salinas, Santos Reis e Tirol.

Antes da liberação dos mosquitos, o WMP Brasil desenvolveu um amplo trabalho de engajamento comunitário e comunicação. A equipe realizou ações em escolas, associações e espaços públicos para apresentar a tecnologia e garantir o apoio da população. Em Natal, foram mais de 1.850 atividades, alcançando mais de 540 mil pessoas.

Resultados positivos em outras cidades do Brasil e do Mundo

Programa está presente em 15 países e com resultados consistentes – Foto: Reprodução

O World Mosquito Program é uma iniciativa internacional sem fins lucrativos que atua desde 2011 para proteger comunidades de doenças transmitidas por mosquitos. O primeiro local de aplicação foi no norte da Austrália. Hoje, o programa está presente em 15 países e tem apresentado resultados consistentes.

No Brasil, o método começou a ser utilizado em 2012, com o apoio da Fiocruz. Niterói, no Rio de Janeiro, foi o primeiro município a ter todo o território coberto pelo projeto. Em 2024, registrou-se uma redução de 89% no número de casos de dengue em comparação ao período de 2007 a 2016.

O resultado é expressivo, especialmente considerando que, no mesmo ano, o Brasil enfrentou a maior epidemia de dengue de sua história, com 6,6 milhões de casos e 6.200 mortes. Enquanto o país registrou uma média de 3.157 casos por 100 mil habitantes, e o estado do Rio de Janeiro, 1.884, Niterói contabilizou apenas 374.


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