
Com a proximidade das festas de fim de ano e o consequente aumento da demanda por transfusões, o Hemonorte intensifica as estratégias para conscientizar acerca da baixa nos estoques de sangue. Nas últimas semanas, segundo a direção do Hemocentro, a redução no número de doações atingiu praticamente todos os tipos sanguíneos, com destaque para os fatores O positivo, O negativo e A positivo, que são os mais utilizados no atendimento hospitalar. A queda ocorre em um período historicamente crítico, quando viagens, festividades e a intensificação de acidentes tendem a aumentar a necessidade de bolsas de sangue nas redes pública e privada.
A instituição reforça que a reposição é urgente para evitar prejuízos em cirurgias eletivas, atendimentos de emergência e procedimentos de alta complexidade, todos dependentes de um estoque seguro e regular. Embora a oscilação no fluxo de doadores seja comum em determinados meses do ano, o cenário atual exige atenção redobrada, sobretudo porque os hospitais continuam operando em plena capacidade.
A Diretora de Apoio Técnico do Hemonorte, Miriam Mafra, lembra que a doação é um gesto simples, porém capaz de gerar grande impacto. “Doar sangue é um gesto simples, rápido e que pode salvar até quatro vidas. Ela lembra que pessoas saudáveis, entre 16 e 69 anos, que pesem acima de 50 kg e estejam bem alimentadas podem doar, desde que atendam aos critérios de saúde e intervalo entre doações”.
Miriam reforça que a disponibilidade de sangue depende exclusivamente da colaboração da população e que há diversos pontos de coleta para facilitar o acesso. Ela destaca que, além da sede do Hemonorte, no Barro Vermelho, zona leste de Natal, também é possível doar no Espaço Hemonorte do Partage Norte Shopping, zona norte da cidade. “A gente incentiva que a população procure o posto mais próximo e contribua para manter o atendimento hospitalar funcionando plenamente. A solidariedade dos doadores é fundamental para que possamos continuar salvando vidas”.
Exemplo de Solidariedade
Entre os exemplos que inspiram novos doadores está a história do porteiro Flávio Celestino, de 55 anos, reconhecido como o doador mais antigo do Hemonorte. Ele já realizou 258 doações de sangue ao longo de 34 anos, sendo o maior doador do Rio Grande do Norte e também entre as nove capitais do Nordeste. Sua trajetória começou de forma inesperada, motivada por um pedido divulgado em um programa de rádio.
“Comecei a doar sangue através de uma emissora de rádio aqui do Rio Grande do Norte, muito conhecida na época, a rádio Cabugi, no programa do Duarte Júnior. Ele anunciou na rádio que precisava de um doador de sangue para uma família que tava precisando para um parente e eu fui doar, fui doar a primeira vez e o senhor Jesus Cristo me deu o dom de eu doar até quando eu puder”, recorda. “Hoje eu tenho 55 anos de idade e posso doar até os 65 anos. Enquanto tiver saúde eu vou doar, porque eu sei que todo dia tem um paciente no hospital precisando de uma doação de sangue”, ressalta.
Além das doações regulares de sangue, Flávio também contribui como doador de plaquetas. Ele explica que mantém uma rotina anual intensa para ajudar quem precisa. “Todo ano eu faço 12 doações de plaquetas e seis de plasma. Cada mês eu posso fazer uma doação de plaqueta e a cada dois meses uma doação de massa e plasma. Junto com as plaquetas. Às vezes são até 16 doações no ano, entre bolsas de sangue e plaquetas”, conta.
Pré-requisitos e restrições
Pessoas entre 16 e 69 anos, com peso mínimo de 50 kg e em boas condições de saúde, podem doar sangue, desde que apresentem um documento oficial com foto. Menores de 18 anos precisam de autorização dos responsáveis legais, e a primeira doação deve ser feita até os 60 anos. É importante que o doador esteja alimentado, tenha dormido ao menos seis horas nas últimas 24 horas e esteja hidratado. Também é recomendado evitar alimentos gordurosos nas horas anteriores e não consumir bebidas alcoólicas nas 12 horas antes da coleta.
Algumas situações exigem espera temporária, como febre ou gripe, que requerem um intervalo de sete dias após o desaparecimento dos sintomas. Pessoas que fizeram tatuagem ou maquiagem definitiva devem aguardar pelo menos seis meses. Já o prazo após vacinas varia conforme o tipo recebido, assim como ocorre em cirurgias ou procedimentos odontológicos, avaliados caso a caso.
Certas doenças impedem a doação de forma definitiva, como HIV e hepatites B e C. O uso de alguns medicamentos também pode restringir temporariamente a coleta, informação que é avaliada durante a triagem clínica.