
Para o deputado federal Fernando Mineiro (PT), o barulho em torno do vice-governador Walter Alves (MDB) diz menos sobre decisões concretas e mais sobre interesses em jogo na disputa de 2026. Ao comentar as declarações do deputado federal João Maia, que apontou combinado entre Walter e o prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra (UB), Mineiro atribuiu a movimentação a um cálculo político pessoal e a uma tentativa de tensionar o campo governista.
“O que eu estou dizendo é que João Maia, por ele ter lado, está buscando também desestabilizar a campanha de Cadu e de Fátima. E até pelo que eu sei, ele não fala em nome do Walter”, afirmou o parlamentar, ao rebater a leitura de que a fala de João Maia representaria uma posição oficial do vice-governador. Maia garantiu que Walter deverá apoiar a candidatura de Allyson ao Governo do RN e indicar o candidato a vice-governador.
A declaração de Mineiro em meio a semanas de especulação política no Rio Grande do Norte, marcada por dúvidas sobre se Walter Alves assumirá o Governo do Estado e por narrativas de que haveria uma “bomba fiscal” deixada pela atual gestão, aponta que esse enredo não se sustenta.
O deputado federal reforçou que o PT mantém intacto o plano traçado para 2026, com a pré-candidatura de Cadu Xavier ao Governo do Estado e da governadora Fátima Bezerra ao Senado.
Segundo ele, não há razão objetiva para rever essa estratégia.
“Eu falei, e repito isso, eu acho que Cadu é a demonstração clara e cabal de que não tem uma bomba fiscal, não tem um presente de grego. Muito pelo contrário: tem um Estado que tem as dificuldades naturais, históricas, mas muito governável”, destacou.
Mineiro argumenta que a própria existência de disputa política pelo Executivo estadual desmonta a tese de ingovernabilidade. “Se fosse um Estado inviável, ninguém estaria brigando para governar”, resumiu.
Na avaliação do parlamentar, o silêncio de Walter Alves após as declarações de João Maia não pode ser interpretado automaticamente como concordância. Mineiro lembrou que o vice-governador ainda não apresentou uma posição oficial e que a única manifestação concreta recente foi a de que irá consultar o MDB antes de decidir se assume o Governo ou se disputará um mandato de deputado estadual.
Para ele, a cultura política do Estado sempre foi marcada por diálogos múltiplos e negociações amplas, especialmente dentro do MDB. “Isso faz parte do jogo político. Não dá para transformar cada frase em ruptura”, disse.
Mineiro foi incisivo ao criticar o uso de falas isoladas para alimentar narrativas de crise. Segundo ele, há uma tentativa clara de deslocar o debate do projeto político para o terreno da intriga.
“Tem muita gente querendo enfraquecer o governo e enfraquecer a candidatura de Cadu e de Fátima. E esse tipo de especulação ajuda exatamente a isso”, avaliou.
Ao comentar especificamente o papel de João Maia, Mineiro voltou a frisar que o deputado fala a partir de seus próprios interesses no tabuleiro eleitoral. “Ele tem lado, tem projeto e está se movimentando a partir disso”, disse, sem entrar em conjecturas sobre acordos de bastidores.
Para o deputado do PT, o risco maior do atual debate é desviar a atenção da discussão central: o futuro do Rio Grande do Norte. “O que interessa à sociedade não é esse diz-me-diz, mas saber se o Estado vai avançar ou recuar nas políticas públicas”, afirmou.
Enquanto Walter Alves não se posiciona oficialmente após diálogo com a governadora Fátima Bezerra, Mineiro defende que o campo governista mantenha o foco na consolidação do projeto para 2026 e trate o restante como parte do ruído típico de um ano pré-eleitoral.