Durante essa semana, entre idas e vindas da bancada governista em relação à CPI da Covid, surgiu o tema privatização da CAERN, originado de deputados da oposição, a partir de documentos oficiais enviados pelo próprio Governo. O tema privatização da CAERN estava posto à mesa já com discurso da oposição contrário ao que seria interesse do Governo.
O assunto estava posto. Caberia ao Governo encontrar uma maneira de enfrenta-lo.
Mas, o Governo do Estado não tratou de forma adequada a questão da possibilidade ou não de privatização da CAERN. Um assunto que tem um componente diferente em relação à própria governadora Fátima Bezerra. Afinal, ela sempre foi defensora da CAERN como empresa estatal e sempre participou das lutas dos trabalhadores da empresa.
Enquanto repercutia o silêncio do Governo em relação ao tema, preferindo classificar o assunto como fake news, sem um desmentido oficial e de credibilidade, a possibilidade de privatização crescia mesmo sem existir na realidade. Poderia não ser de todo verdade, mas não era fake news. O assunto estava sendo tratado de forma oficial na Assembleia.
Havia a palavra de um deputado Estadual a respeito do assunto. A bancada governista não rebateu. O Governo também silenciou. Achou que o tema perderia interesse de forma natural. Avaliação equivocada, fruto da autossuficiência.
Naturalmente que um Governo não pode e nem deve ficar o dia inteiro rebatendo eventuais notícias infundadas. Porém, quando o tema é relevante como esse da privatização da CAERN e o autor é um deputado e o assunto foi discutido na Assembleia, é imperioso esclarecer os fatos.
Portanto, o erro do silêncio do Governo só foi corrigido quando o presidente da CAERN, Roberto Sérgio Linhares, já tarde da noite, usou suas redes sociais, quebrou o silêncio e disse, sem rodeios ou meias palavras, que a CAERN não será privatizada. É assim que se fala. É assim que se faz.
Afinal de contas, privatizar a CAERN seria sepultar uma história e destruir o discurso da governadora Fátima Bezerra, entusiasta do papel estratégico que a Companhia estatal presta ao RN, lastreada pelo fato de que, em sua gestão, a CAERN passou a ser superavitária e dar lucro.
O silêncio diante de um fato que não é verdadeiro, não é a melhor alternativa para um Governo que quer prezar pela verdade. Afinal, quando a verdade chega, a mentira some e perde sentido. Não se combate fake news com silêncio.
Avaliar o que deve ou não ser rebatido ou esclarecido, é tarefa que não pode ser feita com o fígado, mas com a razão no modo frozen.