Nenhum dos mais de seis mil adolescentes – idades entre 12 e 14 anos – que participam da edição 2021 dos Jogos Escolares Brasileiros (JEBs) era nascido na última vez que o evento foi realizado. A competição, voltada àqueles que ainda engatinham como atletas, ficou sem ocorrer por 17 anos. Nesta quinta-feira (28), os JEBs foram retomados e as primeiras disputas foram da ginástica. O evento buscam recuperar o status de principal celeiro de talentos do esporte brasileiro. O palco é sugestivo: a cidade do Rio de Janeiro e suas instalações olímpicas.
“O esporte de alto rendimento de fato é a grande vitrine. Mas para que o topo da pirâmide seja forte é preciso fazer como as dez principais potências olímpicas do mundo: investir na base escolar e universitária”, defende o ex-árbitro de futebol Antônio Hora Filho, presidente da Confederação Brasileira do Desporto Escolar (CBDE).
Antônio Hora Filho enxerga a edição de 2021 como um recomeço duplo, tanto para os atletas que ficaram mais de um ano sem poder participar de competições por conta da pandemia, quanto para o próprio evento em si, que passou por um grande hiato desde 2004.
“Todo fato histórico possui várias interpretações. A interpretação da CBDE é de que durante esse período o esporte escolar brasileiro não foi priorizado”, analisou.
Até o dia 5 de novembro, o JEBs reunirá atletas de 17 modalidades, sendo 15 que estiveram no programa dos Jogos Olímpicos de Tóquio (as exceções são o futsal e o xadrez). Pela primeira vez na história, haverá disputa de provas paralímpicas, no caso, no atletismo. Os 26 estados, além do Distrito Federal, estarão representados com delegações do mesmo tamanho.
O espelho das Olimpíadas se faz presente de mais formas. As Arenas Cariocas 1, 2 e 3, o Velódromo, o Complexo Aquático Maria Lenk, o Centro Olímpico de Tênis, a Arena da Juventude e a Arena Olímpica do Rio (conhecida atualmente como Jeunesse Arena) foram usadas na Olimpíada Rio 2016 e servirão de palco para diversas modalidades no JEBs.
Toda esta estrutura será avaliada de perto pelo presidente da Federação Internacional do Desporto Escolar (ISF), o francês Laurent Petrynka, que veio até o Rio para acompanhar a competição. O interesse por tudo o que acontecer nas arenas é maior devido ao fato de a cidade ser sede dos Jogos Mundiais Escolares sub-15 em 2023.
“Estamos aqui para dar o primeiro passo nesta parceria com a CBDE. Minha sensação imediata é de satisfação por perceber que aqui temos as melhores condições para sediar um evento esportivo. São instalações olímpicas e este é um símbolo muito forte. O que sentimos aqui é que o Brasil é um país de esporte, de muita hospitalidade, mas que também passa a mensagem da educação pelo esporte”, disse Petrynka.
O fato de o evento ter ficado tanto tempo sem ser realizado traz um frescor tanto para os jovens quanto para seus técnicos. A sensação é de fazer parte da história. Muitos deles miram nos ídolos que hoje são adultos, como as recém-campeãs olímpicas Ana Marcela Cunha (maratona aquática) e Rebeca Andrade (ginástica artística), que inclusive são embaixadoras da competição. Estar no JEBS pode ser um pequeno primeiro passo até lá.
Agência Brasil