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ASSÉDIO SEXUAL NA UFRN: SERVIDORA APOSENTADA DENUNCIA CRIME E TEM PROCESSO ARQUIVADO

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Motivada por uma campanha contra assédio sexual e pela repercussão do caso Daniel Dantas Lemos, a jornalista e servidora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte Helena Velcic Maziviero, de 31 anos, resolveu denunciar também o seu caso, dois anos depois do fato em que foi vítima de outro docente da instituição.

As consequências da relação com o abusador ainda a acompanham. Ela foi diagnosticada com depressão grave, chegou a tentar suicídio, foi afastada do trabalho e conseguiu ser aposentada por invalidez. Apesar disso, o processo administrativo contra o professor, que era chefe dela no Instituto Metrópole Digital, foi arquivado.

“A pior parte, para mim, foi ler o relatório da comissão, que saiu no dia do meu aniversário, em março. Naquele dia eu não dormi esperando meu acesso a esse relatório. Quando abri o arquivo e comecei a ler os argumentos absurdos e machistas usados pela comissão, eu literalmente surtei. E estou sendo muito sincera aqui. O sentimento de revolta e injustiça foi tamanho que eu não conseguia sequer ficar em pé. Só deitei no chão e comecei a chorar. Ali eu percebi que não teria justiça”, relata Helena, que diz procurar ressignificar a história.

“Desde então eu venho lidando da melhor forma possível. A terapia ajuda muito. Tenho transformado a indignação em luta. Mesmo que ele não seja punido (eu espero que seja!), talvez levar esse caso a público seja uma forma de fazer a universidade ficar mais atenta à falta de suas políticas para casos de assédio”.

O que Helena e a advogada buscam ainda é a suspensão do professor por 60 dias. De acordo com a acusação, a Lei 8.112, que rege o serviço público federal, não define com exatidão penalidade para esse tipo de infração, assim como o Código de Conduta para Servidores e Alunos da instituição não menciona o tema assédio sexual.

O assédio

A assistente administrativa conta que, no ano de 2018, tinha uma relação “de amizade e confiança” com o homem que era seu chefe e chegaram a ter um breve relacionamento, mas que depois de três meses decidiram manter a amizade.

Um dia, quando foi à sala dele para que assinasse alguns documentos, ele puxou a cadeira para perto e começou a passar as mãos nas pernas dela. Helena diz ter pedido a ele que parasse e por três vezes ele voltou a acariciá-la nas pernas e no rosto.

“Eu me senti muito desconfortável. Mas como tinha ele como amigo, acabei relevando. Mas depois desse evento nossa convivência passou a ficar muito conflituosa. Alertei o diretor de ensino do IMD para que ele fizesse uma intermediação de conflitos, mas meu assediador se negou.”

Àquela altura, a própria Helena tentou falar com o chefe, explicando que tinha se sentido assediada sexualmente, mas ele se negou ao diálogo. A servidora pediu, então, transferência de setor. “As coisas ali no IMD começaram a ficar realmente insustentáveis a ponto de me adoecer psicologicamente”, lembra.

Somente este ano resolveu denunciar formalmente o caso. A instituição alegou que a denúncia demorou muito tempo para ser feita; que uma vítima jamais procuraria o seu agressor – Helena tentou contato com ele por e-mail; que ela superdimensionou o fato e até que que a vítima omitiu que o professor era casado.

A vítima avalia que a comissão formada para apurar os fatos utilizou argumentos absolutamente arbitrários e machistas para inocentá-lo. Por isso, entrou com um recurso, que ficou parado no mesmo setor por dois meses, segundo ela. “Fiz então um vídeo denunciando a demora e (coincidência ou não) no dia seguinte a UFRN arquivou o processo, alegando que eu havia entrado com recurso fora do prazo (o que não é verdade e tenho como provar)”, reclama.

*Fonte: Saiba Mais Agência de Reportagem.


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