Início » COMERCIANTES CHORAM LOJAS FECHADAS E QUEDA DE ATÉ 80% DAS VENDAS NO CENTRO

COMERCIANTES CHORAM LOJAS FECHADAS E QUEDA DE ATÉ 80% DAS VENDAS NO CENTRO

  • por
Compartilhe esse post

Lojistas lamentam redução de clientes e afirmam que descaso do Poder Público com infraestrutura local afasta consumidores

Foto: Carlos Azevedo

Num passado não muito distante, grandes lojas brigavam para ter a sua marca ativa em um ponto comercial no bairro Cidade Alta, em Natal. A região tinha intensa movimentação de pessoas com o funcionamento de lojas dos mais variados segmentos, escritórios e bancos. Mas hoje, o cenário é bem diferente. Passando por vias importantes como a Avenida Rio Branco, Rua Princesa Isabel e João Pessoa são muitos estabelecimentos fechados. Grandes marcas, como C&A e Renner, deixaram a região.

Nas calçadas, nenhum tumulto. Pelas lojas, sobra espaço para andar e falta para guardar o estoque, que se acumula cada vez mais. A transformação gradativa do que já foi um grande centro comercial é registrada ao longo de décadas, mas se intensificou recentemente.

De acordo com um levantamento divulgado pela Fecomércio RN em julho desse ano, 57,89% dos empresários do Centro relataram que houve uma queda no faturamento de suas empresas nos últimos 12 meses. 55,56% dos lojistas também reclamaram do desperdício de itens em estoque.

Supervisor da loja de calçados Di Santinni há cinco anos, Victor Rochnakian descreve as perdas do estabelecimento que está presente no bairro há mais de 20 anos. O número de clientes, que já vinha caindo, despencou desde o fim das medidas restritivas de aglomeração implantadas por causa da pandemia. O lucro mensal da empresa caiu em 50%, reduzindo de 300 para 150 mil reais: “Quando a gente voltou da pandemia, o movimento já estava bem abaixo do que era uns anos atrás. Tem horas que a gente tem que esperar as pessoas passarem para abordar elas na calçada, ou seja, a gente nem espera elas entrarem. Antes isso não era necessário”.

Com menos clientes e diminuição do lucro, a consequência são os cortes de funcionários. Na loja supervisionada por Victor, o número de contratados caiu de 16 para 12. “Quando a conta vem, o dano é grande para todo mundo. Para eles (os vendedores) fica até mais complicado porque eles também dependem das vendas para lucrar. Infelizmente, o nosso corte de funcionários aconteceu assim que a gente voltou da pandemia”.

Em outro ponto tradicional da Cidade Alta, a loja de roupas Avohai, instalada há 25 anos no bairro, a proprietária Eveline Santos conta que já atendeu uma média de 150 pessoas por dia, e atualmente, esse número é de, no máximo, 30 pessoas: “O movimento de pessoas cai cada vez mais. Graças a Deus, temos um nome forte na praça e ainda conseguimos trazer os clientes. Porém, se a gente não estivesse injetando recursos próprios, as contas estariam atrasadas”.

Para Eveline, a pandemia não é um fator que explique a queda atual do comércio no centro da cidade, já que o isolamento social também atingiu outros pontos comerciais que hoje estão em condições melhores, como o Alecrim. A proprietária da loja relata que clientes da loja reclamam das condições de infraestrutura da região, e isso afasta muitos: “Para a gente, o sentimento é de descaso, não existe outra palavra. Aqui, a gente precisa de estacionamentos e de uma infraestrutura melhor para recepcionar os clientes, e isso são os próprios clientes que dizem. Um dia desses, uma menina, que sempre vai a shoppings, veio visitar a loja, dizendo que não visitava a Cidade Alta há muito tempo, e teve muita dificuldade de estacionar”.

A proprietária da loja Avohai também aponta a retirada de prédios e locais de serviço público como outro fator para o enfraquecimento comercial na região: “Porque tiraram as secretarias e órgãos públicos que atraiam público para aqui? Eles desvalorizaram ainda mais o bairro. Quando as pessoas estavam aqui no centro, tínhamos a propaganda do “boca a boca” e eles acabavam almoçando ou comprando algo por aqui, ou seja, tudo era resolvido por aqui. Agora, elas foram para outros pontos da cidade”.


Compartilhe esse post

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *