Deltan Dallagnol publicou vídeo nas redes sociais nesta quinta-feira (4) anunciando a decisão. O procurador já estava há 18 anos no órgão.
“Minha vontade é fazer mais, fazer melhor e fazer diferente diante do desmonte do combate à corrupção que está acontecendo”, afirmou o ex-procurador em seu perfil no Twitter nesta tarde.
Em vídeo no Youtube, Dallagnol não fala claramente sobre suas intenções eleitorais. Ele diz apenas ter “várias ideias” sobre como pode contribuir para o debate público. “Assim que essas ideias se concretizarem em planos e ações eu vou compartilhar com vocês [nas redes]”, afirma.
No mesmo vídeo, o ex-procurador diz que o momento atual o desafia a agir para desfazer “retrocessos”. “Nos últimos anos nós passamos a sofrer muitos retrocessos no combate à corrupção. Nós vemos notícias cada vez piores sobre processos anulados, leis desfiguradas e corruptos alcançando a impunidade. A sensação é de que o que nós fizemos está sendo desfeito”, afirmou. “Esse momento difícil nos desafia a fazer tudo o que está ao nosso alcance pelos meios democráticos para desfazer os retrocessos do combate à corrupção e restaurar a Justiça”, complementou.
Na mensagem, Dallagnol não cita diretamente o governo Jair Bolsonaro nem decisões judiciais recentes que anularam condenações impostas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), as quais o habilitaram a disputar as eleições presidenciais em 2022.
Rosto mais conhecido da força-tarefa, Dallagnol se notabilizou pela investigação do esquema de desvios envolvendo licitações da Petrobras, proprietários das maiores empreiteiras do país e pagamentos de propina políticos de partidos como PP, PT e MDB.
Em 2019, o site “The Intercept Brasil” publicou uma série de reportagens sobre mensagens de celular trocadas entre Dallagnol, Sérgio Moro e outros integrantes da Lava-jato, em que tratavam do desdobramento dos inquéritos e processos.
Na interpretação das defesas dos investigados e condenados pela Lava-Jato, os diálogos revelaram ilegalidades cometidas nas investigações e mostravam que Moro atuava de modo parcial nos julgamentos. A série, conhecida “Vaza-Jato”, motivou depois a operação Spoofing da Polícia Federal para investigar a invasão dos celulares. Tanto Moro quanto o então procurador negavam a autenticidade das mensagens e negavam também qualquer ilegalidade na condução dos inquéritos e ações.
Lava Jato
em setembro de 2020, após seis anos à frente da operação, Dellagnol já tinha se afastado da força-tarefa. Na época, ele afirmou que precisaria dedicar mais tempo à família,
Em fevereiro de 2021, a alava Jato deixou de existir, de acordo com o MPF e os procuradores passaram a integrar o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
Processos disciplinares
Em setembro de 2020, Deltan foi punido pelo Conselho Nacional do Ministério Público por postagens publicadas nas redes sociais contra a candidatura de Renan Calheiros (MDB) à presidência do Senado, em 2019.
Na oportunidade, o conselho entendeu que Deltan cometeu infração disciplinar por suposta tentativa de interferência na disputa.
A punição de censura, que atrasa a progressão de carreira dos procuradores. Confirmada pelo STF em março deste ano.