
No coração da Cidade Alta, no Palácio Potengi, a Pinacoteca do Estado segue de portas abertas para receber escolas públicas e privadas na exposição “Feito Potiguar: Identidade e Memória das Artes Visuais do RN”. A mostra, em cartaz até 30 de novembro, oferece visitas guiadas com mediadores que conduzem alunos e professores por uma trajetória de descobertas sobre a história e a diversidade das artes visuais produzidas no Rio Grande do Norte. Desde a abertura, em 26 de setembro, mais de 3 mil visitantes já passaram pela exposição, que se tornou um importante espaço de valorização cultural e educativa para a cidade.
Fruto de uma parceria entre o Sebrae/RN (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Rio Grande do Norte) e o Conselho Estadual de Cultura, a exposição reúne obras inéditas de 51 artistas potiguares, incluindo pinturas, esculturas e tapeçarias que abrangem mais de um século de criação. “Temos uma equipe de mediação que acompanha as visitas, sejam agendadas ou espontâneas, e promove encontros sensíveis com as obras, estimulando o olhar, a escuta e a troca de experiências. As mediações são pensadas para todos os públicos e incluem jogos lúdicos, podendo ser adaptadas para grupos escolares, universitários e outros, com o objetivo de incrementar a vivência da potência criativa que brota do nosso território”, explica Karen Álvares, coordenadora do setor educativo da exposição.
A mostra está organizada em quatro núcleos temáticos que permitem ao visitante compreender a riqueza e a diversidade da produção artística potiguar. O primeiro módulo, “Poética Fundante”, retrata paisagens do litoral ao sertão, registrando casarios históricos, trabalhadores do campo e da pesca, além de figuras populares, apresentando uma visão poética e detalhada do cotidiano do Rio Grande do Norte. O segundo núcleo, “Cascudo, as Tradições e o Folclore”, celebra festas populares, ritos de fé, devoção e misticismo que permeiam o dia a dia da população, conectando o público com o patrimônio cultural imaterial do estado. O terceiro, “Natureza Viva”, evidencia a exuberância da flora e fauna locais, com destaque para o caju, símbolo maior do RN, mostrando como a natureza potiguar inspira artistas de diferentes gerações. Por fim, o módulo “Feito Feminino” presta um tributo às mulheres que romperam barreiras e deixaram marcas no cenário das artes visuais, evidenciando a contribuição feminina para a identidade artística do Estado.
Entre as obras que mais chamam a atenção do público, o curador Manoel Onofre cita o “Galo Branco”, de Antônio Soares, e sua releitura colorida feita pela artesã Dona Neném; uma tapeçaria inédita de Dorian Gray, com quatro metros de extensão; e obras de Joaquim Fabrício resgatadas com auxílio da inteligência artificial. Segundo Onofre, Fabrício é uma figura essencial na história da arte potiguar, tendo estudado na Academia Imperial de Belas Artes, no Rio de Janeiro, com financiamento de D. Pedro II, e sua obra contribuiu de forma significativa para a formação visual do Estado.
“É um momento oportuno para tornar acessível ao público a produção artística potiguar e permitir que novas gerações conheçam e se apropriem desse legado. Cada núcleo é uma janela para diferentes facetas do nosso imaginário. A exuberância da flora local, com o caju como protagonista, e a exaltação da figura feminina na construção da arte potiguar completam este panorama, tecendo um fio condutor que une passado e presente, tradição e inovação”, observa Onofre.
Para o diretor superintendente do Sebrae-RN, Zeca Melo, a exposição reflete os princípios do Feito Potiguar ao resgatar a autoestima e o orgulho local. “A valorização da arte potiguar é mais uma forma de reconhecer e apreciar o que é intrinsecamente nosso. Por isso, surgiu a ideia de criar uma exposição que traduz a poética visual do projeto, mostrando as obras de quem, de fato, construiu o percurso das artes no Rio Grande do Norte”, afirma.
O acesso à exposição é gratuito, seguindo o horário de funcionamento do Palácio Potengi: de terça a sexta-feira, das 8h às 16h, e aos sábados e domingos, das 9h às 16h. Além disso, a venda de artigos para presente da marca Feito Potiguar, incluindo camisas, bonés, canecas, cadernos e ecobags, reverte parte da renda para a Casa Durval Paiva, reforçando o caráter social do projeto e integrando arte e responsabilidade comunitária.
A iniciativa representa também uma oportunidade de aproximar o público escolar da arte potiguar. A visita guiada com mediadores permite que os alunos não apenas observem as obras, mas interajam com elas por meio de atividades lúdicas e discussões guiadas, estimulando o aprendizado e a reflexão crítica, de acordo com a coordenadora do setor educativo da exposição, Karen Álvares.
“Essas mediações incentivam o olhar sensível e ajudam a formar uma nova geração que compreenda o valor da arte local e a importância de sua preservação”, finaliza.
Para agendamento de visitas escolares, o contato é pelo telefone (84) 99127-2625.