Por: Bosco Afonso
O ministro Alexandre Moraes definiu a prisão do ex-deputado Roberto Jefferson por conta de suas agressões nas redes sociais, quase sempre em defesa do presidente da República, Jair Messias Bolsonaro (sem partido), ou, no mínimo, defendendo as mesmas bandeiras do líder do Clã dos Bolsonaros.
Mas essa não é a primeira vez que o ex-deputado Roberto Jefferson vai preso por conta de envolvimento com um presidente da República. Da primeira vez de sua prisão, o ex-deputado esteve envolvido explicitamente com o partido do presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, o Partido dos Trabalhadores (PT). E esse envolvimento foi muito mais grave do ponto de vista moral. Bob Jeff, agora como se apresenta no twitter, foi o delator do escândalo do Mensalão que passou pela Casa Civil do governo Lula onde se encontrava Zé Dirceu, envolveu a cúpula do Partido dos Trabalhadores (PT) e quase comprometeu a reeleição do presidente Lula, quando explicitou o Mensalão.
Nesse episódio do Mensalão, o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), de Roberto Jefferson, fazia parte da base de sustentação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Congresso Nacional. Hoje, pouca gente lembra. Mas foi o próprio Roberto Jefferson que fez delação de um esquema armado pelo PT para angariar recursos ilícitos e alimentar parte de sua base parlamentar. E em suas entrevistas à Época, o cardeal do PTB fazia alertas constantes a Zé Dirceu, embora a princípio isentasse o presidente Lula. Mas foi o Mensalão que tirou de cena Zé Dirceu – que era a máquina cerebral do PT e que estava sendo preparado para ser o sucessor de Lula – e Zé Genuíno, uma das reservas morais do Partido dos Trabalhadores. Tudo fruto da delação de Roberto Jefferson, em 2005.
Por duas vezes, a ferina língua de Roberto Jefferson o levou ao xilindró. E, nas duas vezes, por fazer parte dos governos Lula e, agora, de Bolsonaro.