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LAÇO ROSADO: PROJETO VOLUNTÁRIO DEVOLVE AUTOESTIMA APÓS MASTECTOMIA

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O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que o Brasil deve registrar 73.610 novos casos de câncer de mama em 2025. Apesar da alta incidência, há sinais de esperança, já que o levantamento aponta tendência de redução na mortalidade entre mulheres de 40 a 49 anos, resultado do acesso mais amplo ao diagnóstico precoce e dos avanços nos tratamentos.

Embora o Rio Grande do Norte não esteja entre as regiões com maior taxa de incidência de casos e mortalidade, concentradas no Sul e Sudeste do país, o cenário é de alerta. O desafio local ainda é garantir o cuidado integral, inclusive após o tratamento, quando as mulheres entram em processo de remissão e recomeço.

É nesse contexto que surgem iniciativas como o Laço Rosado, projeto idealizado pela enfermeira oncologista, dermopigmentadora e esteta potiguar Aline Costa, que oferece micropigmentação areolar gratuita a mulheres mastectomizadas. Mais do que um gesto estético, o projeto busca reconstruir a autoestima e devolver às pacientes o sentimento de pertencimento e feminilidade.

O Laço Rosado nasceu de uma história de amor, dor e propósito. Criado por Aline em homenagem à sua mãe, dona Ludeni, que morreu em decorrência do câncer de mama e não teve a oportunidade de reconstruir a aréola perdida durante o tratamento, o projeto transformou uma perda pessoal em uma missão de acolhimento, como explica a idealizadora do projeto.

“Movida por essa ausência e pelo desejo de transformar a dor em propósito, decidi fazer pelas outras mulheres o que não pude fazer por minha mãe, devolver-lhes o brilho no olhar, a autoconfiança e a sensação de se reconhecer novamente diante do espelho”, relata Aline.

Embora outubro seja o mês dedicado às ações de conscientização sobre a doença, o projeto atua durante todo o ano. “Aqui no consultório, é rosa o ano todo. Resgatamos não apenas a feminilidade, mas também o amor-próprio, a autoestima e a esperança. Mais do que estética, é sobre amor, cura e pertencimento. No Laço Rosado, cada reconstrução é feita com o mesmo carinho que uma filha teria ao cuidar da mãe. É um ato de recomeço, um símbolo de vida e de força”, afirma.

Uma das mulheres atendidas pela iniciativa é a gestora de projetos Fernanda Costa, de 40 anos, que sobreviveu duas vezes ao câncer de mama e encontrou no trabalho de Aline a chance de se sentir completa novamente.

“No meu segundo diagnóstico, fui surpreendida por uma mastectomia radical devido ao crescimento avançado do nódulo. Passei um ano sem a mama, até conseguir fazer a reconstrução.

Foi depois disso que encontrei a Aline, essa pessoa maravilhosa e humana. Eu jamais imaginei que o resultado ficaria tão perfeito. Ela me devolveu a autoestima. Que ela possa continuar com esse trabalho tão importante por muito, muito tempo. Gratidão é a palavra que me define”, emociona-se Fernanda.

Fernanda, 40 anos, passou pelo procedimento após o segundo diagnóstico – Foto: Reprodução

BASE LEGAL DO PROJETO
Além de atender voluntariamente mulheres potiguares, o projeto também inspirou um importante avanço na legislação brasileira. O Laço Rosado apoia-se na proposição da Lei Maria Ludeni, de autoria da deputada federal Natália Bonavides – PT/RN (Projeto de Lei nº 3.235/2024), que leva o nome da mãe de Aline, e prevê incluir a micropigmentação paramédica como serviço assistencial complementar do Sistema Único de Saúde (SUS) para mulheres em tratamento de câncer de mama.

A proposta reconhece a micropigmentação como parte da reconstrução integral após a mastectomia, não apenas física, mas simbólica, permitindo que mulheres que perderam a aréola possam realizar o procedimento pelo SUS.

“Essa legislação vai tornar visível o direito dessas mulheres de terem acesso a uma reconstrução que vai além da cirurgia. É sobre devolver identidade, dignidade e pertencimento”, explica Aline.

Ela também reforça o sentido maior do projeto: “Por cada mulher que eu atendo, sinto que abraço um pedacinho da história da minha mãe. E é nesse gesto, silencioso e cheio de afeto, que o Laço Rosado continua a pulsar” ressalta.

OUTUBRO ROSA
Outubro é o mês dedicado à prevenção do câncer de mama, com a campanha Outubro Rosa, instituída nacionalmente pela Lei nº 13.733/2018. Embora est


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