
Uma reunião da bancada federal do Rio Grande do Norte, realizada em Brasília para tratar de demandas do Consórcio Intermunicipal de Saneamento (Conisa), terminou em embate entre os deputados Fernando Mineiro (PT) e Sargento Gonçalves (PL). A discussão e troca de acusações ocorreu após divergências sobre o corte de recursos da emenda de bancada destinada à Estrada da Produção, que ligará São Tomé a Cerro Corá, no interior do Estado.
Durante o encontro, o debate esquentou quando Mineiro relacionou o corte orçamentário à rejeição, pela maioria da Câmara, de propostas para taxar grandes fortunas, bancos e casas de apostas online, as bets.
“O que temos aqui é um problema de orçamento, porque a maioria não está querendo votar a taxação das grandes fortunas, das bets. É esse o debate central. Nós temos um problema orçamentário no Brasil. Recentemente foi rejeitada a questão das bets, que daria 20 bilhões, por isso a conta não fecha”, disse Mineiro.
Gonçalves rebateu: “Tá faltando com a verdade, viu, Mineiro. Está faltando com a verdade. O governo arrecada três trilhões de reais e vem dizer que a culpa é de quem corta emenda de bancada”. Os dois seguiram com o debate:
Mineiro: “Se quiser debater, eu debato”; Gonçalves: “Sem mentira, aqui não vou aceitar”; Mineiro: “Nem eu, sem fake news, sem fake news”; Gonçalves: “Uma hora esperando para chegar aqui e você mentindo”; Mineiro: “Cheguei para desfazer a sua mentira. Quem faz política em cima de mentira é você. Conhecido no Estado e no Brasil”; Gonçalves: “Vocês que são conhecidos”; Mineiro: “Fique na sua, que você é mentiroso”.
O bate-boca foi registrado em vídeo publicado nas redes sociais. O momento de tensão desviou o foco da reunião, que tinha como objetivo discutir apoio parlamentar às demandas do Conisa, formado por sete municípios da Serra de Santana.
Após o episódio, Mineiro enviou um vídeo ao Diário do RN explicando o contexto da discussão.
Segundo ele, o confronto com o deputado bolsonarista foi “um episódio paralelo” e ocorreu porque Gonçalves teria tentado atribuir ao presidente Lula a responsabilidade pelo corte das emendas. De acordo com Mineiro, o contingenciamento partiu do governo federal, mas a decisão sobre onde aplicar o corte coube à própria bancada do Rio Grande do Norte e foi tomada, segundo ele, “sem reunião formal”, apenas por meio de conversas em um grupo de WhatsApp.
“O corte foi do governo federal, mas a decisão sobre onde cortar foi da bancada, sem ter reunião.
Foi uma decisão via grupo de WhatsApp. Eu fui contra cortar todo o recurso da estrada São Tomé–Cerro Corá e defendi preservar os recursos da saúde, fazendo cortes proporcionais em outras áreas. Mas a maioria decidiu diferente”, relatou o petista.
Mineiro afirmou ainda que o corte atingiu cerca de R$ 15 milhões da obra, restando pouco mais de R$ 7,8 milhões para a execução da estrada, considerada estratégica para integrar as regiões do Potengi e do Seridó. “Eu fico danado quando a política se mistura com fake news e manipulações.
A verdade é essa: houve um corte do governo federal, e a bancada decidiu que esse corte seria sobre a estrada”, afirmou.
“Não podemos admitir que a população seja prejudicada por decisões de A, B ou C. Vou insistir para que a bancada volte a destinar recursos para essa obra essencial ao desenvolvimento do interior potiguar. Então é isso, combater fake news e dizer a verdade sobre os fatos”, concluiu.
Gonçalves acusa Mineiro de distorcer fatos: “mau-caratismo”
O deputado federal Sargento Gonçalves (PL) reagiu, em vídeo publicado pela 98 FM, às declarações do também deputado Fernando Mineiro (PT) sobre o episódio ocorrido durante reunião da bancada federal do Rio Grande do Norte com prefeitos da região da Serra de Santana.
Sargento Gonçalves criticou a postura de Mineiro e disse que o petista distorceu os fatos.
“O deputado Mineiro, como de fato são os políticos do PT, são mau caráter, sabe? De fato, era uma reunião privada, com sete prefeitos representantes de cidades da Serra de Santana e parte da bancada. Não era nada público. E, infelizmente, ele divulgou o vídeo, querendo lacrar nas redes sociais”, afirmou.
O parlamentar do PL argumenta que o assunto principal da reunião era o apoio à região, mas a discussão sobre a estrada foi introduzida de forma paralela. Ele confirma que houve debate sobre o corte de R$ 12 milhões nas emendas da bancada, mas nega que tenha mentido sobre a origem do problema. “Ele interveio colocando culpa na bancada, dizendo que o corte era culpa da bancada. Mas a verdade é que o corte é consequência de contingenciamento federal”, disse.
Sargento Gonçalves afirmou que sua fala teve como objetivo defender o trabalho coletivo dos parlamentares do Rio Grande do Norte. “Eu saí em defesa da bancada, porque sei o quanto nós temos trabalhado para honrar os compromissos com o Estado. São três ou quatro obras em execução, entre elas a Estrada da Produção. É injusto querer jogar responsabilidade política onde não existe”, completou.