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NO DIA DO PROFESSOR, UMA HISTÓRIA DE AMOR PELA MISSÃO DE EDUCAR CRIANÇAS

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Ela chega ao trabalho sorrindo e com muita disposição às sete horas da manhã de uma segunda-feira. Mais do que isso, essa é uma das marcas registradas da pedagoga Greice Barros. Neste dia dos professores, o Diário do RN faz uma homenagem a todos os profissionais que assumem o importante desafio de ensinar, contando muito mais do que uma trajetória profissional: uma história de amor.

Formada em Ciências Biológicas, a professora Greice tinha uma certeza: ela trabalharia em laboratório e dedicaria sua carreira à rotina automatizada dos equipamentos. “É o que eu sei fazer bem”, dizia. “Nunca havia pensado em dar aula. Apesar da minha faculdade ser bacharelado e licenciatura, eu nunca quis ir para a área do ensinar; eu queria realmente trabalhar em laboratório”, conta.

Recém-formada, ela começou a trabalhar em uma usina de açúcar e álcool. Estava tudo conforme o planejado. “Um belo dia, chega uma turma de alunos para conhecer o laboratório”, relembra a professora. E o que era para ser um dia de trabalho um pouco diferente, virou rotina – e brilho nos olhos.

“Eu pensei: ‘olha, que legal, são crianças. Será que é isso?’. Cheguei em casa e já fui falar para o meu marido ‘amor, acho que vou fazer Pedagogia’”. Ainda durante o período de graduação, Greice foi chamada para trabalhar na escola da empresa. “Me encantei. Quando coloquei meus pés na escola, eu disse: não volto mais para o laboratório”, relata.

As primeiras experiências foram com alunos de 8º e 9º anos, mas a Pedagogia podia surpreendê-la ainda mais. “Quando terminei Pedagogia, pensei: ‘vamos fazer um estágio na Educação Infantil e nos Anos Iniciais’. Aí não voltei mais. Eu disse: ‘é dos pequenos que eu gosto’”, conta. “Foi a profissão que me escolheu”, completa Greice.

Desde então, a professora trabalhou com crianças de diversas idades e, em 2024, ganhou novos desafios, cheios de emoção. “Este ano, tive a oportunidade de alfabetizar essas crianças; e é para o resto da vida, a leitura. E foi você quem ensinou o alfabeto, as primeiras sílabas, a construção da primeira frase. A leitura do primeiro texto é de arrepiar. Só quem vive, [sabe]. É tão bonito que, muitas vezes, a gente se pega chorando porque o aluno começou a ler”, diz.

O encantamento de Greice pelo ofício transborda mesmo. Pais e alunos deixam claro que é evidente o amor que ela tem pela educação. “Brincam comigo. Tem mães que dizem ‘meu Deus, eu queria essa disposição, queria estar rindo às 7 da manhã de uma segunda-feira’, porque eu venho trabalhar feliz. É muito bom trabalhar com o que você gosta. Apesar dos pesares que toda profissão tem, hoje, eu sou realizada”, revela.

“Já tive oportunidades de voltar para laboratório, mas eu quero ficar aqui. Isto aqui me conquista e me realiza. E o reconhecimento, que não precisa vir da empresa e nem dos pais, mas das crianças. Tem alunos aqui que fazem homenagens que é capaz de a gente morrer de emoção”, completa a pedagoga.

Apesar do amor, ela não nega as dificuldades de educar na era digital. “Os desafios são muitos. Hoje, com a tecnologia, as crianças ficam muito tempo com telas. Você pede [às famílias dos alunos] um brinquedo e vem um brinquedo eletrônico. [Também é um desafio] o não poder brincar nas ruas, não ter esse contato com vizinhos. Hoje, eles brincam on-line. Os meus alunos jogam um com o outro on-line. Na minha época, era todo mundo na rua correndo”, afirma Greice.

“Então, esse é um desafio muito grande que a gente tem hoje como educador. Hoje está tudo muito exposto, dado. Os meus alunos que não sabiam ler e escrever, apertavam o microfonezinho do Google e ele dava a resposta. Hoje, você pergunta e tem a resposta; antigamente, a gente ia para a biblioteca, abria a Barsa – a enciclopédia -, e ia olhar. Agora, tem a internet; tem o Chat GPT, que monta o trabalho para você”, completa.

“Não que eu seja contra [a tecnologia]. Jamais. Eu amo e ela me ajuda bastante, até para montar aulas. E é uma aula diferente da do nosso tempo. A nossa escola tem muitas ferramentas virtuais e eles amam. Então, a internet está aí para o bem; mas, se não souber usar, ela pode ser uma vilã.

E eu sinto dificuldade na parte do brincar”, pontua a professora.

Com tanto empenho, porém, os desafios viram motivação. “A cada novo ano, as turmas me motivam a dormir tarde e acordar cedo, dar o meu melhor todos os dias. Quando chego rindo às 7 da manhã, digo: não estou indo para o meu ambiente de trabalho, estou indo para o lugar que eu amo”. Para Greice, o amor é fundamental para a profissão.

“Para ser professor, tem que amar. Ser um ser de amor, emanar luz e amor para essas crianças. As nossas crianças precisam ser amadas. Eu sinto muito isso, que eles precisam de amor, carinho, de ‘ei, estou aqui com você. Você não está lendo agora, mas tem tempo, você vai conseguir’. Essa afirmação de que eles vão conseguir é o que faz com que eles consigam. Quando eles conseguem, eles dizem ‘bem que a senhora que falou’ e saem daqui radiantes”, revela.

Apesar de tanto carinho pelo que faz, de ensinar cada letra do alfabeto, quase faltam a Greice palavras para definir a grandiosidade do seu ofício. “Professor… é um herói sem capa. A gente, às vezes, é bailarino; às vezes, é coreógrafo; mãe; pai; babá; psicólogo. É amar a educação. Eu amo as minhas crianças e acho que é notório”, reflete.


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