Início » PRIMEIRA VACINADA NO RN RELEMBRA MOMENTOS MARCANTES DA PANDEMIA

PRIMEIRA VACINADA NO RN RELEMBRA MOMENTOS MARCANTES DA PANDEMIA

  • por
Compartilhe esse post

Era manhã de uma terça-feira, 19 de janeiro, quando Maria das Graças Pereira de Oliveira se tornou a primeira moradora do RN vacinada contra a Covid-19. “Foi um momento de muita felicidade, a gente da enfermagem, vinha numa situação muito difícil, eu não acreditava que a vacina ia chegar tão logo. Ser a primeira vacinada para mim, foi uma homenagem a todos os meus colegas e todas as lutas que nós tivemos”.

Mulher, negra, técnica de enfermagem do Hospital Giselda Trigueiro, na época com 57 anos, ela foi escolhida como a primeira a ser vacinada por ser também uma das servidoras mais antigas do hospital e ainda pelas comorbidades – diabetes e hipertensão, que a deixavam mais vulnerável em caso de infecção pelo coronavírus. A repercussão entre seus familiares foi de bastante comemoração, pois sua família no Ceará, se preocupava com os riscos à saúde da funcionária que na época morava apenas com a filha.

A vacina trouxe esperança, mas a servidora tem bem guardadas as lembranças do medo, do esgotamento físico e mental do primeiro ano de pandemia. Um dos momentos mais marcantes foi quando 5 óbitos foram registrados na unidade em um mesmo dia. Obedecendo a um rigoroso protocolo sanitário, os corpos foram rapidamente “empacotados” e entregues para as famílias para o sepultamento imediato. “Foi um período muito ruim que nós passamos, antes da vacina, a gente não tinha esperança. De vez em quando ainda tem óbitos, mas é totalmente diferente. Os números de óbitos diminuíram muito. Vacina é vida! Eu acredito que a vacina é vida, ela é a esperança de tudo”.

Ainda em 2021, 30 dias após tomar a primeira dose da vacina contra a Covid, Maria das Graças teve a doença, mas apresentou apenas sintomas leves “Senti apenas dores de cabeça e sintomas parecido com uma sinusite. Uma pediatra achou minha voz estranha e sugeriu fazer o teste que deu mesmo positivo”. Recuperada, seguiu todo o calendário de reforços e está com o esquema vacinal em dia. Ela vibra com os resultados do avanço da vacinação no país, experiência que ela mesma segue vivenciando como técnica de enfermagem, vendo a redução drástica dos casos graves e consequentemente, dos óbitos.

DOIS ANOS DEPOIS
Desde a primeira vacinada até a tarde desta quarta-feira (18), no RN, 2.976.019 pessoas tomaram a primeira dose ou a dose única contra a Covid-19, segundo dados da plataforma RN Mais Vacina. Com a ampliação dos grupos e aumento do esquema vacinal com novas doses de reforço, mais de 8.376.009 doses foram aplicadas. “No início, muita gente tinha dúvidas da eficácia da vacina. Por isso, foi fundamental organizar uma campanha forte para que as pessoas se sentissem seguras”. Passado àquele primeiro momento, a Coordenadora de Vigilância em Saúde da Sesap, Kelly Lima, relata os desafios enfrentados até hoje. Apesar da visão bastante positiva, ainda há obstáculos. “O primeiro grande desafio em 2021 foi a insuficiência de doses, tínhamos um quantitativo populacional que esperava por essas vacinas e elas não chegaram em tempo oportuno e em grandes quantidades que a gente conseguisse vacinar todos os grupos prioritários, por exemplo, ou toda a população. Foi necessário um escalonamento de grupos para que a gente conseguisse alcançar o nosso objetivo que era a ampla vacinação aqui no Estado”.

Além da escassez de doses, a coordenadora também relaciona o atraso no Censo Demográfico do IBGE à dificuldade em um maior alcance das vacinas. “O último censo tinha sido em 2010, recebíamos doses com base numa estimativa que anualmente era feita e essa estimativa por muitas vezes se mostrou falha. Hoje, com o novo censo acontecendo, a gente observa que Extremoz foi um dos municípios que mais cresceu em termos populacionais, Natal, a capital, teve essa diminuição. Então, essa estimativa não era condizente com a realidade e isso fragilizou um pouco o processo”.

Em 2023, uma das maiores dificuldades, que se arrasta desde o segundo semestre do ano passado, são as doses infantis insuficientes. “Nunca chegaram doses suficientes para que a gente conseguisse ampliar a vacinação infantil. Felizmente, o Ministério da Saúde retomou o diálogo com os estados e já sinalizou um envio de doses para que possamos conseguir vacinar mais crianças”. Para Kelly Maia, também é preciso uma mobilização maior para conseguir imunizar esse público. “O maior desafio é sensibilizar pais e responsáveis, em especial para o grupo de crianças de 6 meses até 2 anos de idade. Esse grupo ainda é o de menor adesão à vacinação”.


Compartilhe esse post

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *