
A presidente estadual do PT, vereadora Samanda Alves, afirmou que o partido trabalha com mais de um cenário para a disputa ao Senado em 2026, diante do afastamento da senadora Zenaide Maia (PSD) do campo governista. Em conversa com o Diário do RN, Samanda destacou que o “plano A” do partido é garantir a eleição de governadores aliados e devolver Fátima Bezerra ao Senado, mas confirmou que existe também um “plano B”, que passa por indicar um nome do PT ou de outro partido da base para compor a chapa majoritária.
“O nosso plano A é eleger Cadu Xavier governador, eleger uma senadora, devolver Fátima ao Senado, onde ela fez um excelente trabalho. Mas nós temos a nossa estratégia também para qualquer cenário possível, inclusive ter o nome do PT ou de um partido que compõe o nosso campo progressista aqui no Rio Grande do Norte para dar duas senadoras ao Estado”, disse.
Segundo a dirigente, o partido dialoga internamente e com os aliados que já confirmaram apoio ao projeto liderado pela pré-candidatura de Cadu ao Governo do Estado. Segundo ela, devem estar na aliança PT, PSB, PV, PC do B, PDT, REDE, MDB, PSOL e Cidadania. Samanda lembrou o exemplo da eleição de 2018, quando a estratégia do “segundo voto” foi decisiva para a vitória de Zenaide, ao citar a atuação do médico Alexandre Mota, que garantiu mais de 240 mil votos como segunda opção.
Apesar do histórico de parceria, Samanda evitou citar diretamente o nome de Zenaide ao analisar o atual cenário de rompimento da vice-líder do Governo Lula no Senado com o projeto do PT no RN. A senadora, pré-candidata à reeleição, deixou clara em 16 de agosto a manutenção de sua aliança com o prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra (UB), durante evento do PSD que reuniu cerca de 50 prefeitos e lideranças regionais. O gesto foi visto como um divisor de águas. De um lado, a direita, formada por Rogério Marinho, Styvenson Valentim e Álvaro Dias, não aceita Allyson ao lado de Zenaide. Do outro, a esquerda liderada por Fátima Bezerra e pelo PT também não admite a presença da senadora na mesma trincheira do prefeito mossoroense.
Para Samanda, Allyson representa o campo da direita e sua gestão “tem a cara da extrema direita” no Rio Grande do Norte. “O campo progressista é o campo que defende sem subterfúgio o Governo do presidente Lula. Essa eleição colocará de um lado a direita e a extrema direita, e do outro lado a esquerda e os partidos progressistas. A conjuntura não deixa brecha para quem se posiciona por conveniência”, afirmou.
A deputada acrescentou que, em sua avaliação, só existem dois lados em 2026: o bolsonarismo e seus aliados, de um lado, e o campo progressista ao lado de Lula, de outro. “Na política somos obrigadas a nos posicionar, e para as eleições de 2026 só existem duas possibilidades. Nós estaremos com o presidente Lula, que vai liderar o campo que derrotará a direita, a extrema e quem estiver compondo esse campo”.
O afastamento de Zenaide abre espaço para que o PT discuta nomes alternativos. O “plano B” mencionado por Samanda tende a recair sobre partidos já alinhados ao governo Lula no estado — como PCdoB, PV, PSB, PSOL e Rede — ou até mesmo uma indicação interna do próprio PT, repetindo a estratégia de 2018. A equação é considerada central pelo partido para consolidar a chapa de Fátima Bezerra e garantir a chamada “dobradinha do Senado” ao lado de Lula.