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ROGÉRIO APOSTA NUM SEGUNDO TURNO ENTRE PAULINHO E CARLOS EDUARDO

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Licenciado do cargo de Senador para se dedicar ao PL nas eleições municipais, Rogério Marinho, presidente estadual da sigla no Estado e secretário nacional do partido, acredita no crescimento expressivo em 2024 com foco em 2026.

Em entrevista exclusiva ao Diário do RN, avalia o posicionamento do PL em Natal para o pleito e analisa cada uma das candidaturas postas na capital. Para ele, o segundo turno deverá ser entre Paulinho Freire (UB) e Carlos Eduardo (PSD), candidato que “se arrependeu do voto em Bolsonaro”.

Ele disse, ainda, que o PL não vai se posicionar em São Gonçalo do Amarante. Além disso, explica o compromisso que firmou com o senador Styvenson para 2026.
Veja entrevista completa:

Diário do RN – Quais são os objetivos em relação as majoritárias? A majoritária nos municípios?
Rogério Marinho – Nós temos uma licença de quatro meses, não só, por mais importante que seja, trabalhar o PL do Rio Grande do Norte, mas também trabalhar a organização do PL no país. E acho é a Secretaria Geral do PL é um desafio muito grande porque o PL tem mais de 2.100 candidatos a prefeito, que é mais de quatro vezes o que ocorreu na eleição anterior e quase 60 mil candidatos a vereador e como nós chegamos num momento em que a maior parte dos arranjos locais já havia sido estabelecido, nós temos uma tarefa de evitar possíveis esgarçamentos de relacionamento nos estados. Naturalmente, pelo tamanho do partido há uma necessidade de se fazer composições, algumas concessões, ações que visem as eleições subsequentes de 2026. Então, isso tem sido um trabalho muito grande aqui no Estado e em outros estados na federação.

Diário do RN – No Estado, como é que ficou essa situação do sargento Gonçalves, General Girão e Coronel Azevedo?
Rogério Marinho – Olha, até agradeço a pergunta para a gente deixar claro aqui qual é a forma como o partido, apesar de todas as nossas diferenças, eu reconheço que o partido que tem uma organização e uma identidade e uma nitidez programática ideológica hoje muito forte é o Partido dos Trabalhadores. Acontece que eles têm mais de 50 anos de uma cultura que foi implementada e que ao longo do tempo foi se consolidando. A visão que eles têm da sociedade, da economia, nós divergimos, mas eu acredito que a maneira como eles se comportaram enquanto partido os resultados aconteceram. É pela quinta vez que o PT governa o país. São cinco eleições presidenciais. Então, o que nós estamos colocando em prática no Partido Liberal é justamente dar uma nitidez do ponto de vista programático, do ponto de vista ideológico a um partido político que representa a direita e o conservadorismo no país. E como qualquer mudança de cultura, esse é um processo gradativo. Se nós fizermos uma ruptura repentina nós corremos o risco de desarrumar o partido. Então, houve uma diretriz de caráter nacional, de que detentores de mandatos eletivos em cada município dos seus respectivos estados não poderão se posicionar publicamente contra candidaturas em que o PL esteja representado na composição majoritária, como vice-prefeito ou prefeito e nós replicamos essa diretriz aqui no estado Rio Grande do Norte, que ocorreu no Brasil inteiro para termos uma certa unidade do ponto de vista dessa condição necessária de homogeneização, de posicionamento programático. O caso aqui do Rio Grande do Norte, o grande questionamento que se coloca é que alguns nomes de mandatos aqui no estado advogam o posicionamento diferente aqui em Natal e Parnamirim. No caso de Parnamirim, a diretriz é muito clara. Se algum detentor do mandato se posicionar, após a convenção partidária, no sentido contrário, é evidente que o partido vai se posicionar também no sentido de dar o tom que nós imaginamos que é o adequado do ponto de vista partidário, inclusive submetendo essa pessoa à comissão de ética. No caso de Natal, não há essa vinculação, porque nós não temos candidatura majoritária aqui. Nós temos uma aliança e uma indicação partidária. E aí, muito claramente, por é que nós nos posicionamos a favor do Paulinho Freire em Natal? Porque nós estamos aqui estabelecendo um compromisso, um relacionamento que tem que levar em consideração 2026 e o projeto do partido é um projeto que precisa ser contemplado pelo conjunto daqueles que compõem o partido, nós não temos aqui um projeto pessoal. Nosso projeto é termos uma candidatura ao governo do estado, ou do PL ou de um partido aliado, e termos uma candidatura ao Senado da República. Nós entendemos que é necessário termos o maior número possível de representantes por todo o Brasil para reequilibrarmos o jogo democrático. Então, todos os filiados estão sendo instados a ingressarem no nosso projeto, que é um projeto coletivos de todos nós, respeitando as posições individuais. Ninguém é obrigado a votar em ninguém, mas se o partido tem alguém à majoritária, nós esperamos que essa pessoa que não quer votar, pelo menos não faça campanha.

Diário do RN – Mas o fato dele ter ido direto ao presidente nacional atropelou o PL local?
Rogério Marinho – Não, isso faz parte. O processo de discussão de contraditório existe dentro dos partidos é absolutamente normal, saudável, nós ficamos tranquilos. Tudo que nós fazemos aqui no Rio Grande do Norte não tenha dúvida a gente tem conversado com a direção nacional do partido, aliás além de conversar, nós temos decidido em conjunto, eu sou o secretário nacional do partido.

Diário do RN – Quando há resolução para que se respeite os candidatos do partido, dois detentores de mandato vão pedir autorização para trair os candidatos do partido.
Rogério Marinho – Olha, a consumação do processo só se dará, eventualmente se isso ocorrer, após as convenções. Então, eu estou aguardando as convenções confiando que o partido vai sair unido.

Diário do RN – Como o senhor se sente tendo pertencido ao PSB, um partido socialista, e agora o senhor participar de um partido de direita, enquanto PSB era um partido de esquerda, o senhor se sente confortável nessa migração?
Rogério Marinho – Bem confortável porque você que acompanha a política do nosso estado há algum tempo sabe que Wilma (de Faria) sempre foi adversária do PT. Aliás, em 1994, que foi mais ou menos o período que eu começo a fazer militância política, o nosso principal opositor aqui em Natal foi a atual governadora Fátima Bezerra. Isso se repetiu em 1998, 2002 e 2006. Então, na hora em que a governadora Wilma de Faria buscou um alinhamento com o PT na época e apoiou subsequentemente a candidatura de Fátima a prefeita de Natal em 2008, foi justamente o momento da nossa ruptura. E é bom lembrar que naquela época, em 2007 nós não tínhamos partidos de direita no Brasil. O PSDB, que fazia o contraponto ao PT, era centro esquerda e era oposição que estava posta naquele momento. Quando houve a mudança, com a redemocratização de 1985, havia um estigma na direita em função do regime militar. E houve uma pulverização de representação partidária. Nós chegamos até agora em 2018 com 37 partidos representados na Câmara Federal. A legislação que mudou a partir de 2017 está fazendo com que nós tenhamos novamente uma compressão de partidos no sentido de aglutinação e de maior nitidez e em 2022 baixou para 14 partidos. De 37 para 14. E nós esperamos que nós tenhamos em torno de 10 agremiações que disputarão o pleito de 2026 na federal com as fusões e em 2030 imagina-se, pelo que se ouve aí dos líderes partidários nacionais, que tenhamos no máximo sete partidos políticos, aí eu acho que vai ficar mais adequado ao conjunto de sentimentos e de posições em relação à economia e a sociedade que a gente tem hoje no mundo, direita, esquerda, centro direita, centro esquerda, dois ou três, partidos de centro e um partido gourmet.

Diário do RN – Pelo que o senhor disse, fazendo aquela relação da oposição de Wilma ao PT. Então, no caso de Rogério Marinho, a posição hoje se trata mais da oposição ao PT do que mesmo a questão ideológica?
Rogério Marinho – Não, o PT é um partido que tem uma massa muito nítida, eu até comecei falando sobre ele aqui e não de maneira depreciativa. Eu divirjo do PT, eu penso diferente do PT, mas eu acredito que o PT é o partido que representa um grupo importante, significativo da nossa sociedade, de pessoas que acreditam num estado hipertrofiado, um estado onde há necessariamente uma intervenção estatal pra resolução de problemas, um estado que leva em consideração a necessidade de aparelhamento da máquina, tanto pelos aliados como pelos partidários, principalmente na questão do movimento sindical, um partido que acredita que é necessário se ter um comportamento diferente em relação a maneira como se vê a família, como se vê a relação de educação das crianças, como se vê a questão da relação com o trato com a droga. Então, nós temos diferenças profundas que têm a ver com a questão ideológica. O PT representa isso de forma organizada, para mim ele é antítese do que eu acredito, o PT é o nosso contraponto, nós estamos exatamente do outro lado, por isso a nossa aversão natural a um partido que defende essas bandeiras que são legítimas e que representa uma parcela de expressão da sociedade.

Diário do RN – O senhor acha que essa pauta de costumes vai ser predominante na eleição municipal ou seria pauta ideológica ou ainda a pauta presidencial, ou local?
Rogério Marinho – Eu acho que as questões não se dissociam porque você, como cidadão, naturalmente você se comporta de uma forma ou de outra. Então, se você tem uma atenção ou uma preocupação com a forma como você trata, por exemplo, a questão da família, isso se reflete da maneira como você administra na cidade. Mas eu acho que o grande tema, a grande pauta das eleições municipais, principalmente num estado como o nosso, formado por cidades que tem menos de 50 mil eleitores na sua esmagadora maioria, é a questão da zeladoria, ou seja, o trato com a cidade, de que maneira você vai cuidar dos assuntos eh relacionados ao dia a dia da cidade. Então, cada cidade, claro, tem a sua peculiaridade, tem a sua especificidade. Mas via de regra a população quer uma cidade em que a saúde funcione, uma cidade em que a educação seja de qualidade porque toda mãe quer que seu filho tenha uma oportunidade de buscar um aprimoramento e para isso ele tem que estar qualificado de maneira adequada, cidades bem tratadas, que o lixo seja recolhido de maneira adequada, que haja geração de emprego e renda, para que haja oportunidade para as pessoas. Então, em linhas gerais, as pessoas se voltam para a figura do administrador público de confiança.

Diário do RN – E dentro desse quadro aqui em Natal, por exemplo, qual é a sua avaliação dos candidatos postos, Carlos Eduardo, Rafael e Paulinho?
Rogério Marinho – Olha, para nós aqui eu tive uma discussão interna no partido de que nós precisávamos ser um candidato para ganhar a eleição, porque esse é o principal colégio eleitoral do Estado. São quase 600 mil eleitores num contingente de dois milhões e 26% do eleitorado está aqui. Então, a nossa convergência em torno da candidatura de Paulinho se dá primeiro por conhecer Paulinho há 50 anos quase, conheci com dez anos de idade na escola do Marista e por isso mesmo posso asseverar que é uma pessoa de fino trato, a pessoa que cumpre seus compromissos, é um cara sério, bem intencionado, gosta da cidade, vem de um segmento extremamente importante para nós, aliás, é o principal segmento de Natal, que é o setor do turismo, do entretenimento, de evento, que gera emprego e renda e oportunidade aqui. Segundo, dos quatro candidatos que você apresenta é o único que não está, entre aspas, contaminado por uma adesão ou por uma circunstância que o leve para um palanque oposto ao nosso. Então Carlos Eduardo deu uma entrevista recente dizendo que se arrependia de ter votado em Bolsonaro. Certamente, ele vai explicar aos eleitores dele que votam em Bolsonaro o porquê desse posicionamento dele. Rafael Motta talvez, dos três, é o que tem a pauta mais à esquerda na questão dos costumes, uma pessoa que publicamente defende esse posicionamento, é sua visão de mundo. E Natália, por razões óbvias, é do Partido dos Trabalhadores. Ela tem sido bastante atuante nesses movimentos que nós acreditamos que, por mais legítimo que sejam, são imposições de uma minoria em relação a grande maioria da população, principalmente a questão dos movimentos dos sem-terra, dos movimentos alternativos, das pautas identitárias, ela é muito atuante nesses segmentos. Então, das quatro candidaturas que estão postas, por uma questão de afinidade, Paulinho votou em Bolsonaro, esteve conosco na última eleição, tem o compromisso conosco para 2026, é uma pessoa que acreditamos que será um bom administrador e conhece bastante a cidade de Natal.

Diário do RN – Mas no cenário que está hoje, quem iria?
Rogério Marinho – Eu acho que hoje é Paulinho e Carlos. Mas a campanha só começou né? Tudo pode acontecer.

Diário do RN – Há possibilidade do ex-presidente Bolsonaro vir para a campanha municipal? Quando é que seria e para quais cidades?
Rogério Marinho – Bom, eu convidei já há um mês e pouco que ele viesse ao Rio Grande do Norte na época da eleição. Ele está sendo demandado pelo país inteiro. É interessante porque nesse momento ele está inelegível por dois processos; um deles pela questão da reunião com os embaixadores, outra, porque no dia 7 de setembro estava ao lado de um empresário em praça pública, motivos absolutamente, na minha opinião, irrelevantes. A justiça eleitoral, no caso de Bolsonaro, relativiza as situações, por isso mesmo, ele ainda está questionando essas decisões, está transitando em julgado, não houve ainda decisão terminativa, isso pode ser revertido, o que é possível. Mas o presidente, mesmo sendo atacado diariamente, onde ele vai tem sido acolhido entusiasticamente e tem sido demandado pelo Brasil inteiro. Então, nós convidamos o presidente, ele se comprometeu em nos apoiar, que vinha ao Estado e eu gostaria que ele fosse, caso ele concorde, acho que até o dia 10 desse mês de agosto a gente vai ter um posicionamento definitivo, dia 16 começa a campanha e eu gostaria que ele viesse aqui na região metropolitana e à Mossoró, que são as cidades mais importantes do Estado. Se ele vier, a ideia é que ele venha para esses dois polos.

Diário do RN – Sobre a região metropolitana, como é que fica a posição em São Gonçalo do Amarante, já que lá é o PT e um aliado do PT.
Rogério Marinho – Pois é, nós estamos entre a Cruz e a Caldeirinha. A situação de São Gonçalo, nós convidamos o sargento Gonçalves para ser candidato e ele declinou da candidatura. Nós convidamos a deputada Terezinha para ser candidata, ela alegou na época que haveria problemas do ponto de vista da legalidade da sua candidatura, uma vez que ela era viúva do ex-prefeito. E como metade do seu eleitorado foi de São Gonçalo, mais de 10 mil votos, nós conversamos com ela e entregamos a liderança do partido de São Gonçalo a ela, com o compromisso de que nós do PL não iríamos participar de chapa majoritária.

Diário do RN – O senhor está trabalhando candidatura a governador em 2026?
Rogério Marinho – Ainda tem 2024 pela frente. Eu estou pensando em 2026 como um projeto coletivo de que nós precisamos como partido político que tenha essa nitidez programático ideológica de voltar ao poder no país. E é uma responsabilidade inclusive do cargo que eu assumi como secretário geral do PL. Em 2026 nós vamos ter uma candidatura sim ao Governo do Estado em contraponto à governadora Fátima. Hoje nós temos uma afinidade e um trabalho de uma aliança com o senador Styvenson Valentim. Nós temos um compromisso entre nós, que se houver uma candidatura majoritária, um não será adversário do outro. Nós sairemos em posições diferentes. Há um outro compromisso com diversos atores da política, notadamente prefeitos, inclusive de outros partidos, que nós vamos aguardar o processo eleitoral, e independente do número de prefeitos que fizermos, que certamente será maior do que o que tínhamos, nós vamos trazer muita gente para o PL, acreditamos aí que vamos aumentar bem o nosso número de prefeitos, nos preparando para 2026.

Diário do RN – Surgiu hoje a denúncia superfaturamento da CODEVASF. Como o senhor enxerga isso, já que a Companhia era subordinada ao seu ministério?
Rogério Marinho – Olha, a CODEVASF é uma das empresas que estava dentro do espectro do Ministério, mas tem autonomia administrativa financeira e ela inclusive tinha uma indicação completamente diferente do ministro. Não fomos nós que indicamos o presidente. Aliás, o presidente é o mesmo. O presidente atual é o da época em que nós estávamos lá e era o mesmo de quando chegamos lá. Ele já era o presidente. Então, eu não posso falar a respeito porque eu não conheço os detalhes, não sei do que se trata. Mas de qualquer forma acredito que ele vai ter oportunidade de olhar relatório da CGU e se posicionar a respeito. Eu não conheço relatório.


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