Por Emily Avelino
No pior dos tons, o potiguar Ministro das Comunicações, desliza mais uma vez.
Logo no momento em que o país ultrapassa mais de meio milhão de vidas perdidas para o vírus que já temos vacinas, Fábio Faria erra feio ao insinuar e reduzir a dor de um país inteiro ao egoísmo esdrúxulo de que algum brasileiro, fora o presidente e seus aliados, torce pela disseminação do coronavírus.
Por meio de suas redes sociais, o ministro do governo sem alma escreveu: “Em breve vcs verão políticos, artistas e jornalistas ‘lamentando’ o número de 500 mil mortos”.
E eu me pergunto: quem não lamenta?
Para completar, ele tenta amenizar a ineficiência do governo Bolsonaro citando números, nos quais o país não cumpriu nem mesmo a obrigação básica, garantir direito à vida, se tivesse desgarrado do negacionismo, e focado na responsabilidade que é da União, adquirir vacinas:
“Nunca os verão comemorar os 86 milhões de doses aplicadas ou os 18 milhões de curados, porque o tom é sempre o do ‘quanto pior, melhor’. Infelizmente, eles torcem pelo vírus.”, declarou o Fábio Faria.
Parafraseando Chico, não será por menos que muitos pedirão para afastar o cálice de sangue.
O “cale-se” ordenado pelos governos autoritários não funciona quando as populações tomam consciência e reconhecem seus potenciais reivindicatórios.
Milhares de brasileiros estão nas ruas hoje em manifestações contra o descaso com o povo.
Quem tem alma, deixando atravessar o peito pelas mais de 500 mil vidas perdidas, entenderá que não será por menos que os artistas dirão que o café e a poesia desceram mais amargos neste fatídico sábado, 19 de junho de 2021.
Entenderá que não será por menos que os políticos e brasileiros conscientes de seus direitos e deveres cobram responsáveis pela ausência de políticas públicas suficientes para, ao menos, não ridicularizar o que se perdeu em nosso Brasil, que hoje, lancinante, ressoa que há sim o que lamentar, ministro.