LOUCOS POR COXINHA: A TRAJETÓRIA INSPIRADORA DE UMA EMPRESA POTIGUAR

O que nasceu em um carrinho no coração do bairro do Alecrim, em Natal (RN), se transformou em uma história de sucesso do empreendedorismo potiguar, com 125 operações espalhadas por 12 estados brasileiros e uma base sólida que une indústria, franquia e varejo. Por trás desse sucesso, está a visão de um empreendedor que apostou em um dos salgados mais amados do Brasil: a coxinha.
Uma ideia na bagagem e um sonho na cabeça
A semente da Loucos por Coxinha (LPC) foi plantada anos atrás, durante uma viagem do fundador, Pablo Farias, a São Paulo. Na capital paulista, ele observou a febre de modismos gastronômicos — açaí, bolo no pote, batata no cone — e enxergou uma oportunidade: por que não vender coxinha no cone?
De volta a Natal, compartilhou a ideia com seu sócio na época, Vitor Azevedo, e juntos decidiram começar no bairro do Alecrim. “O Alecrim é o coração de Natal, a nossa 25 de março, de onde veio com a inspiração, então seria o melhor lugar para começar como ambulante, com um produto acessível. ”, lembra Pablo.
Foi ali, no vaivém das ruas movimentadas do maior bairro comercial da capital que os jovens empresários começaram a conquistar o público com uma postura inovadora para o comércio de rua da época. “Começamos já disruptivos, já no Alecrim. Farda padronizada, avental, o layout do carrinho, o padrão de higienização, luvas, toucas… algo que não era visto ambulantes fazerem, mas isso nos destacou e até hoje prezamos por isso. A presença da nossa marca tem que ser de destaque, principalmente pela qualidade e segurança do alimento”.
“Ninguém acreditava na coxinha”
No início, não faltaram obstáculos. “Ninguém acreditava na coxinha”, relembra Pablo. “Muitos shoppings chegaram a dizer que nunca entraríamos em shopping com coxinha, era algo que gerava muito preconceito há 11 anos. Enfrentar esse obstáculo foi desafiador, mas tínhamos ao nosso lado o mais importante, o público”.
E não demorou para a coxinha no cone cair no gosto do público e, então, a marca foi se firmando e expandindo o alcance na capital.
De empreendedor desavisado a empresário visionário

As etapas da evolução da empresa não estavam no papel desde o começo. Foram acontecendo.
Pablo costuma dizer que “o empreendedor é um otimista desavisado. Tudo é um risco, mas acreditávamos muito nesse propósito”.
Ele mesmo foi com o sócio para as ruas e passou perrengue com o primeiro carrinho. “No primeiro dia, o óleo quente derreteu a borracha e derramou tudo. Tivemos que devolver o dinheiro de todo mundo”, relembra sobre os percalços do início do negócio.
Um momento importante nessa história foi a chegada do primeiro quiosque no maior shopping da cidade. “O Midway foi um dos primeiros shoppings que abriram os braços pra gente. A partir daqui a expansão tomou outro ritmo”, conta emocionado.
O primeiro quiosque parecia simples, mas o esforço para colocá-lo de pé foi gigantesco — noites sem dormir, testes de estrutura, ajustes no formato. “Parecia que o quiosque ia pegar fogo de tanta fumaça”, brinca Pablo. Assim, ele conta que cada quiosque aberto, cada fila formada, cada elogio recebido ajudava a impulsionar o negócio para o próximo nível.
Nesse mês de julho, o primeiro quiosque completou 10 anos em funcionamento. O franqueado Emanuel Rosado, o “Leleu”, mantém duas lojas e cerca de 40 empregados. “Temos pessoas que estão por todo esse tempo com a marca. Isso não tem preço. Assim como saber que já atendemos mais de 1 milhão de pessoas ao longo desse tempo. Eu, que sou Analista de Sistemas de formação, hoje empreendo na Loucos por Coxinha e em outras marcas também. Por isso, eu posso dizer que o quiosque mudou minha vida e da minha família”.
Indústria, franquia e varejo
Hoje, a Loucos por Coxinha é um ecossistema de geração de emprego e transformação social. São mais de 1.300 pessoas trabalhando em diferentes regiões do país, sendo mais de 180 colaboradores diretos através da indústria de 60 mil metros quadrados localizada em Macaíba, e outros empregos indiretos nas 125 franquias.
O portfólio da marca também cresceu: além das tradicionais coxinhas, quibes e churros, em gramatura de 15g vendidas no varejo, as franquias também oferecem kits completos. A empresa atua em três frentes: indústria, franquia e varejo — uma base sólida que sustenta o crescimento contínuo.
Até janeiro deste ano, a companhia faturou R$ 85,3 milhões, igualando-se ao valor total alcançado no ano passado; o que impulsiona a previsão de alcançar R$ 100 milhões até dezembro de 2025.
O plano é encerrar o ano com 150 lojas, reforçando a presença no Sul e Sudeste do país, especialmente São Paulo, onde tudo começou como inspiração. E mesmo com a expansão, o sócio fundador faz questão de reafirmar que a empresa segue fiel à sua origem. “Somos genuinamente potiguares. Temos orgulho disso”, afirma Pablo.