Por: Bosco Afonso
É verdade que o juiz Sérgio Moro perdeu o bonde da história, quando deveria ter se candidatado à presidência da República, em 2018, no auge de sua popularidade com a Lava-Jato e prendendo as mais altas autoridades do país, megaempresários e servidores de alta patente.
Não saiu candidato quando deveria e errou mais ainda ao aceitar ser Ministro de Bolsonaro. Isso é fato.
Mas, “cavalo selado” não passa só uma vez. E Sérgio Moro poderá ter uma nova chance em 2022, viabilizando a terceira alternativa na escolha do candidato que irá para o segundo turno.
Se as pesquisas dos vários institutos não estiverem sendo direcionadas e os resultados apresentados estejam certos para o momento, o mito Jair Bolsonaro perderá já e já essa condição de mito. Mesmo havendo uma radicalização entre a esquerda e a direita, o candidato de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva está muito à frente do candidato de direita Jair Messias Bolsonaro. E prevalecendo essa distância dos números, certamente a terceira via de presidenciáveis poderá se viabilizar num inevitável segundo tur
Mas, quem será a terceira via? Ciro Gomes, João Dória, Eduardo Leite, Rodrigo Pacheco, Mandeta ou Sérgio Moro?
Na verdade, aos extremos interessa a radicalização. Quem for Lula de carteirinha e defender o indefensável do PT será eternamente Lula e defenderá até o imponderável. Quem for Bolsonaro por convicção e engajamento será Bolsonaro e defenderá os mais esdrúxulos dos posicionamentos diante do radicalismo estabelecido. Essa deverá ser a estratégia da esquerda e da direita para insuflar o eleitorado, até que surja alguém de bom senso e com a devida habilidade que venha mudar o procedimento.
O Brasil não merece esse radicalismo, não pode conviver nesse clima de amor e ódio, nem muito menos vivenciar o extremismo político que só a Lula e a Bolsonaro interessam. Se faz necessário uma outra alternativa, de consenso, com maturidade e que faça bem ao país, pois os dois modelos já foram experimentados e as suas consequências já são do conhecimento de todos os brasileiros.
Lula vai apostar que a população brasileira tenha esquecido os escândalos de corrupção no governo do PT. Bolsonaro, que faz com as mãos e desmancha com a língua, já definha perante a opinião pública, mas ainda acredita, apoiado em seu sectarismo, que medidas popularescas possam salvá-lo de uma iminente derrota.
Sérgio Moro começou a responder às inverdades de Lula a respeito das acusações da Lava-Jato. Lula se diz inocente das acusações. Moro respondeu à altura: “A Petrobras foi saqueada durante o governo do PT com bilhões de dólares em prejuízo. Transformar bandidos em heróis e atribuir culpa a quem combateu o crime é estratégia para se alterar a verdade e inverter valores. Não vão enganar o povo brasileiro”. Faltou dar os nomes aos bois.
Participando dos debates e esclarecendo todas as inverdades que lhe serão direcionadas pelos que hoje estão no poder e também por aqueles que ocuparam o poder por 13 anos e que saíram com algumas sentenças judiciais a cumprir, certamente que Sérgio Moro apresentará um programa de governo às necessidades do Brasil e, assim, dentro dessa premissa, disputará o pleito para presidente da República com amplas chances de ser um dos atores no segundo turno, principalmente se vier a contar com apoios de ex-lulistas, ex-bolsonaristas e lava-jatistas.
Se como juiz ele cometeu o maior dos crimes em sua profissão, que é a parcialidade, Deus nos livre da sua condição de presidente! Não deveríamos nem sequer cogitar tal possibilidade.